Esgotamento psicológico
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Esgotamento psicológico

Há certos temas que parece que ainda são tabus hoje em dia, quando já não há qualquer razão para o ser. Este talvez seja um deles. Quantas vezes já não estivemos mesmo à “beirinha” de um esgotamento? Quantas vezes não estivemos à beirinha de colocar a nossa vida em stand-by porque simplesmente não aguentávamos mais? O cansaço psicológico é algo que nos vai consumindo ao longo do tempo, como se fosse um autêntico conta-gotas, e quando atinge o seu limite e transborda, é melhor ter atenção porque sem querer podemos estar mais próximos do abismo do que imaginamos.

DR

Mas não, fraqueza não. A fraqueza é bastante fácil de ser colocada à prova e quando é, poucos são os que passam no teste. O esgotamento psicológico é, geralmente, fruto de uma personalidade vincada e de uma capacidade de resiliência excessiva. Normalmente, as pessoas que têm mais propensão a deparar-se com um esgotamento são aquelas que vivem “embrulhadas nos seus próprios problemas”. Aquelas que se recusam a desabafar com quem quer que seja, porque garantem sempre que está “tudo sob controlo” e “não vale a pena estar a incomodar-te com os meus problemas que não são nada ao lado dos teus”. Mas é que depois de um problema surge outro. E outro. E depois outro. E assim sucessivamente. Passamos oficialmente do efeito embrulho para o efeito bola de neve, porque na fase do embrulho, ainda há emenda. Se a pessoa decidir abrir-se na fase do “embrulho”, muito provavelmente resultará dali uma absolvição de um problema que por sua vez já não contribuirá para a tão famosa bola de neve. Eu sei em que é que estão a pensar, mas não. Vocês não foram fracos, vocês são fortes demais. E aposto que vocês, tal como eu, também priorizam as pessoas à vossa volta. E acreditem, esse muitas vezes também pode constituir um dos grandes entraves à superação do esgotamento porque às vezes é mesmo preciso colocarmo-nos no topo da hierarquia. Acima de tudo por nós, pelo nosso bem-estar e consequentemente pelo bem-estar daqueles que nos rodeiam, que são indiretamente afetados devido ao nosso estado de exaustão emocional.

Amenizando um pouco o debate, uma vez que não sou médica nem especialista na área, mas apenas uma pessoa hipersensível e extremamente perfecionista a quem ainda não foi diagnosticada OCD nem sei bem como, encarem estas linhas apenas como apenas um desabafo ou uma reflexão escrita por alguém que já passou pelo mesmo algumas vezes, e por isso, sabe como é. Não se massacrem. Se vos apetecer estar afastados do mundo durante uns dias, façam-no. Se for para vosso bem, façam-no. Redescubram-se. Tenham mais momentos introspetivos. Descansem. Valorizem devidamente as vossas qualidades e mentalizem-se que são especiais. Os grandes feitos começam com pequenos passos, por isso, não apressem as coisas. Deem tempo ao tempo. Porque com tempo tudo se consegue. Com tempo tudo se alcança. E sim, vocês são fortes. E são bem mais fortes do que aquilo que imaginam.

Carolina Ferreira

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