À Conversa com Anabela
Fotos: Website Oficial Anabela, Susana Neves, José Pinto Ribeiro – Direitos Reservados
Começou a cantar com apenas 8 anos e a participar em festivais infantis. No entanto, Anabela Braz Pires, mais conhecida pelo seu primeiro nome, Anabela, tornou-se conhecida do grande público por ter representado Portugal no Festival Eurovisão da Canção, em 1993, pelos seus trabalhos como cantora a solo e também pelas mais variadas peças que protagonizou no teatro musical, colaborando com o encenador Filipe La Féria, ao ponto de muitos a verem como a “menina do La Féria”.
A par com a música e com o teatro, Anabela é também uma das vozes portuguesas mais solicitadas para fazer as dobragens das músicas de filmes de animação para a versão portuguesa, contando-se, entre outros, filmes como A Pequena Sereia (voz de Ariel nas canções), Mulan (voz de Mulan nas canções), e Entrelaçados (voz de Rapunzel nas canções), todos da Disney. Também interpretou as vozes nas canções de Kayley em A Espada Mágica e Miriam em O Príncipe Do Egipto.
Esta cantora e atriz, que comemorou em setembro passado o seu 40º aniversário, soma mais de 30 anos de carreira, vários álbuns editados e dois importantes prémios da música portuguesa.
Sem medos ou tabus, a cantora acredita que os 40 anos vão ser “uma nova fase mais madura, com mais certezas do que quero fazer, com mais serenidade e confiança!”
A atravessar uma fase emocional muito feliz, Anabela tem como objetivo a curto prazo ser mãe.
Ainda fresco na memória, o lançamento do álbum “Casa Alegre”, em 2015, um trabalho discográfico que “fala de muitas emoções”. Sem revelar muito, Anabela diz que no horizonte de 2017 tem para já um musical.
Esta, uma resumida introdução da cantora, da atriz que vai estar em Toronto, Canadá, para dois espetáculos nos dias 11 e 12 de novembro no restaurante “Lisbon by night”, onde irá cantar fados bem conhecidos, sobretudo da saudosa Amália e algumas canções suas.
Esta, a mulher que gentilmente aceitou falar à Revista Amar e que foi escolhida para ser a capa da edição de novembro.
Revista Amar – Ainda sorri quando as pessoas a recordam como a jovem cantora que representou Portugal na Eurovisão, em 1993, com o tema A cidade (até ser dia)?
Anabela – Claro que sim! Foi através do festival da canção da RTP que me tornei muito conhecida do grande público aos 16 anos, com a canção “A cidade (até ser dia)” e esse momento traz-me muito boas recordações.
RA – Numa recente entrevista à revista Nova Gente, a Anabela afirmou que já não faz parte dos seus sonhos voltar a participar no Festival RTP da Canção, não excluindo, contudo, o desejo de voltar à Eurovisão. Quer explicar?
Anabela – O sonho de participar no festival da canção já foi realizado aos 16 anos! Voltar a concorrer já não é um sonho nem um desejo. O festival deu-me a grande oportunidade de me tornar conhecida e de afirmar o meu valor para poder construir uma carreira musical. E foi isso que aconteceu! Se me convidassem para representar o meu país na Eurovisão, aí seria diferente. Era uma honra! Entrar em competição nacional é que não me faz sentido.
RA – Mas há quem diga que a Eurovisão já não é o que era antes …
Anabela – O Festival da Eurovisão mudou muito essencialmente porque temos muitos mais meios técnicos e visuais ao nosso alcance e porque a música que se faz hoje em dia e do mainstream tem outras roupagens musicais. Na altura em que fui à Eurovisão, em 1993, havia uma orquestra, o que era maravilhoso e nunca na vida pensei que pudessem substituir a orquestra pelos Backintrack ou gravações instrumentais. Acho que a Eurovisão deveria manter a orquestra e juntar os Backintrack. Compreendo que os tempos são outros, que a música tem muitas influências e que se recorre cada vez mais à tecnologia audiovisual para os espetáculos se tornarem cada vez mais apelativos. Mas estamos a falar de um festival de canções, que agora é mais um festival de imagem, beleza, coreografias, músicas que fiquem no ouvido e de países que apostam realmente nos seus representantes.
É verdade que estou a atravessar uma fase emocional muito feliz pois casei há cerca de ano e meio com o Vítor, um homem que me tem feito muito feliz. Sermos pais é o nosso maior
objetivo a curto prazo.
RA – Na entrevista, falou ainda da fase de grande felicidade pelo seu casamento e do objetivo de ser mãe. Esse é um imperativo de curto prazo?
Anabela – É verdade que estou a atravessar uma fase emocional muito feliz pois casei há cerca de ano e meio com o Vítor, um homem que me tem feito muito feliz. Sermos pais é o nosso maior objetivo a curto prazo.
RA – Muitas mulheres temem o momento em que chegam aos 40 anos. Isso é algo que a “atormenta” ou prefere encarar com naturalidade o processo diário de envelhecimento?
Anabela – Eu já cheguei aos 40 e não doeu nada!! Lol… mas claro que há tendência para fazermos um balanço da nossa vida, do que fizemos, do que ainda queremos fazer. É como se eu sentisse que já percorri metade do caminho que vou fazer… é claro que nunca sabemos, mas há esse sentimento… Acho que os 40 anos vão ser uma nova fase mais madura, com mais certezas do que quero fazer, com mais serenidade e confiança! Assim desejo e encaro este processo de envelhecimento!
RA – Com tantas participações no teatro musical ainda se vê como a “menina do La Féria”.
Anabela – Não sei!! É assim que muitas pessoas me veem. Trabalhei muitos anos com o Filipe La Féria, fiz 9 musicais com ele. E comecei muito jovem a protagonizar musicais encenados por ele! Acho que ambos sentimos que há uma enorme ligação entre os dois… para sempre!
RA – A Anabela já fez saber ao encenador que gostaria de regressar aos musicais, com quem trabalha há 22 anos. Como explica esta ligação profissional?
Anabela – O último espetáculo que fiz no Teatro Politeama terminou em maio deste ano e chamava-se “A República das bananas”. Não era um musical, era uma Revista à Portuguesa, cheia de glamour onde eu só cantava e dançava. Eu tenho saudades de fazer teatro musical onde represento, danço e canto!! Mas acho que isso vai acontecer em breve!! A nossa ligação tem já muitos anos e tem sido uma ligação muito forte. Trabalho com o Filipe há 22 anos, e é natural que haja uma grande cumplicidade. Já nos conhecemos bastante bem o que facilita todo o trabalho. Há uma enorme admiração e respeito mútuos.
É muito gratificante quando oiço algumas pessoas mais jovens que eu, dizerem que cresceram a ouvir a minha voz nesses filmes e que as fiz sonhar muito!!
RA – A par com a música e com o teatro, Anabela é também uma das vozes portuguesas mais solicitadas para fazer as dobragens das músicas de filmes de animação para a versão portuguesa. Sente-se bem neste papel?
Anabela – Adoro fazer dobragens de músicas de animação. Dá-me um enorme prazer! Já cantei para filmes da Disney, da Warner e estes filmes têm sempre músicas fabulosas. Essa é outra minha faceta que me enche de orgulho!! É muito gratificante quando oiço algumas pessoas mais jovens que eu, dizerem que cresceram a ouvir a minha voz nesses filmes e que as fiz sonhar muito!!
RA – Em 2015, lançou o álbum “Casa Alegre”, ano em que comemorava 30 anos de carreira. Um álbum de regresso à sua matriz, com temas originais, onde visita o fado e outros estilos musicais. Quem sai vencedor desta dicotomia amor/felicidade-tristeza/saudade?
Anabela – Não sei se há propriamente vencedores, porque o álbum fala de muitas emoções e sobretudo dessas duas dicotomias, tal como a nossa vida está recheada de histórias de amor e felicidade, de tristeza e solidão, de saudade e vazio. Contudo o álbum “Casa Alegre” é mais positivo, é definitivamente mais ALEGRE!
RA – Que projetos tem para 2017?
Anabela – Para já, um musical, mas ainda não posso falar sobre o que vai ser!
RA – Olhando para trás, há alguma coisa que a tenha feito arrepender-se?
Anabela – Não.
RA – Por certo, deve estar atenta ao estado social e económico que se vive em Portugal. Que leitura faz do contexto atual do país e se acredita que o país pode ir para a frente com a denominada “geringonça” política?
Anabela – Estamos a tentar sair de uma crise grave que deixou graves sequelas na sociedade. Mais pobreza, mais desemprego, emprego mais precário e uma classe média com menos poder de compra, entre outras coisas. Temos vivido tempos de austeridade e sem esperança no futuro. Mas acredito que esta situação não vai durar para sempre. Vai ser um processo de recuperação lento, mas quero acreditar que vamos conseguir recuperar economicamente e que o combate à corrupção seja forte para que possamos voltar a acreditar nos nossos políticos.
RA – Virando agulhas para este lado do Atlântico, em breve vamos ter a Anabela a cantar em Toronto, Canadá.
Anabela – Vai ser a minha estreia no Canadá e eu estou ansiosa. Toronto é uma cidade lindíssima pelo que vi nas fotos e pelo que me têm falado. Estou muito contente por ir atuar ao Canadá e levar um pouco de Portugal aos queridos Portugueses que estão em Toronto. Vão ser dois espetáculos no restaurante “Lisbon by night”.
RA – Muitos artistas de Portugal admitem sentir um calor e carinho diferentes quando visitam as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. E a Anabela, como se sente recebida na diáspora?
Anabela – Sempre fui muito bem recebida em todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. São um público muito generoso, atento e ávido de ouvir música portuguesa e é uma honra e emoção cada vez que sou convidada para cantar nas comunidades portuguesas.
RA – Quer deixar uma mensagem à comunidade portuguesa de Toronto, Canadá?
Anabela – Em primeiro lugar, quero convidá-los a assistirem aos meus espetáculos nos dias 11 e 12 de novembro no restaurante “Lisbon by night” onde irei cantar fados bem conhecidos, sobretudo da nossa saudosa Amália e algumas canções minhas. Em segundo lugar, dizer-vos que me sinto muito feliz por poder ir conhecer um pouco da lindíssima cidade de Toronto e cantar para muitos portugueses.
Redes Sociais - Comentários