À conversa com Carlos Costa
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À conversa com Carlos Costa

“O meu objetivo era oferecer a melhor qualidade de som que existia com base no orçamento de cada cliente e isso ainda é a minha prioridade. Esse era o meu sonho e a minha paixão que se mantem até hoje.”

 

Em janeiro fomos falar com um dos grandes responsáveis pelos sucessos de eventos realizados um pouco por toda a área metropolitana de Toronto.
Este jovem nascido no norte de Portugal, mais concretamente no concelho de Vila do Conde, imigrou para o Canadá ainda em criança com os pais e com 20 anos regista a ACS Productions Sound & Lighting Inc, empresa produtora de alguns dos maiores eventos que se realizam na área metropolitana de Toronto, incluindo a Semana de Portugal, entre outros.
Este mês estivemos à conversa com o empreendedor Carlos Costa.

Revista Amar: Carlos, fale-nos um pouco de si?
Carlos Costa: Nasci em Bagunte que fica no concelho de Vila do Conde, em casa, a 5 de agosto de 1977. Fui viver com os meus avós muito novo para Modivas, na freguesia de Mindelo. Vim, contradiado, para o Canadá com os meus pais com apenas 8 anos. Sou casado com uma mulher linda, a Jannette. Já não vou a Portugal há aproximadamente 20 anos, mas prometi à Jannette que íamos lá este ano. Ela nasceu cá, mas os pais são açorianos, da Ilha da Terceira, e prometi que íamos aos Açores e ao continente.

R. A.: E há quantos anos está neste ramo?
C. C.: Eu comecei em 1996 com a minha namorada, hoje minha esposa Jannette. Registámos a companhia ACS Productions Sound & Lighting Inc. em 1997. A partir dali começámos a trabalhar com o Mark Radu da PA Plus, na altura era a melhor companhia de som do Canadá e em Toronto tinha quase todos os contratos da cidade. O Mark Radu teve muita influência como faço o meu trabalho e a amizade que se formou na altura mantem-se até hoje, para além de que ainda trabalha connosco. Entre nós nunca houve competição, pelo contrário, houve sempre muito respeito.

R. A.: Foi algo que sempre ambicionou ou foi uma oportunidade que surgiu na altura certa?
C. C.: Foi uma oportunidade na altura certa. Eu trabalhava em bares como DJ e no Limelight, aquele que foi considerado o primeiro “One Million Dollar Nightclub” de Toronto. O proprietário Zisi Konstantinou e o gerente Orin Bristol iam abrir mais um bar e como eu já não queria trabalhar mais como DJ, eles ofereceram-me trabalho como gerente do Limelight, que eu aceite. Entretanto também fui gerente do System Soundbar, onde então fiz a minha primeira instalação de som.

R. A.: Quando regista a sua empresa em 1997, quais eram as perspetivas?
C. C.: É assim, queria ganhar dinheiro e o que começou como um passatempo, desenvolveu-se e cresceu nos últimos 21 anos numa empresa lucrativa. Agora em vez de expandir a ACS, o crescimento passa por comprar outras empresas porque é mais fácil e mais rápido e não só, essas empresas já têm mercado e clientes. O meu objetivo era oferecer a melhor qualidade de som que existia com base no orçamento de cada cliente e isso ainda é a minha prioridade. Esse era o meu sonho e a minha paixão que se mantem até hoje.

R. A.: Qual era a finalidade da ACS Productions Sound & Lighting?
C. C.: Quando criámos a ACS a finalidade era instalação de som. Eu queria “dar” isso à nossa comunidade e a oportunidade nunca surgiu quando era mais novo. Ao fim de mais ou menos 4 anos, percebi que só fazer som era muito limitador e não permitia o crescimento da empresa. Entretanto comecei a introduzir as luzes, porém para isso precisava das estruturas próprias de alumínio para poder fixar as luzes. A seguir deparei-me com a necessidade de introduzir vídeo, então vieram os leds em 2002, quando ainda nem se fala nisso. Estriei os leds na comunidade portuguesa no fim de semana das comemorações do Dia de Portugal.

R. A.: Um outro ponto forte da ACS é o modelo de cada palco. São todos criados pelo Carlos?
C. C.: Por norma sou eu que desenho os palcos, o que me trás obstáculos e outros desafios, que é deparar-me com o facto de não existirem à venda, entre outras coisas, as tais estruturas de alumínio que eu preciso para a montagem e, nessa altura, começo a criar as nossas estruturas personlizadas. Estamos sempre a desenvolver novos produtos, novas estruturas, etc. consoante a necessidade.

R. A.: Do que precisa para ultrapassar esses obstáculos?
C. C.: Preciso de um lápiz, um papel e uma régua… (risos) depois de ter em papel o que preciso envio para uma fábrica para me fazer a peça ou peças, depois de concluída é enviada para um ou mais enginheiros. Por norma os enginheiros mandam fazer alterações de melhoramento e só depois destes passarem o Certificado de Segurança das peças é que começamos a produção das mesmas. Metade do nosso material metálico foi criado por nós.

R. A.: Alguma vez tiveram problemas com essas estruturas?
C. C.: Nunca. Por isso é que tudo que temos é certificado, porque a segurança do meu staff e de todos sem exeção é uma prioridade absoluta.

R. A.: A ACS está a onde e que tipo de trabalhos é que fazem?
C. C.: Estamos mais virados para concertos, salões de eventos como o Universal Eventspace Pétrus 82 Lobby Bar-Hotel X da Peter & Paul´s do prestigado empresário Peter Eliopoulos, Paramount Eventspace, The Manor, Harbourfront Center, etc..

R. A.: A ACS está estruturada de maneira a ser autossuficiente para qualquer evento?
C. C.: Sim. Digo isto com muito orgulho, no Canadá somos os únicos neste ramo que não precisam de sub contratar outras empresas para fazer um espetáculo, só precisamos de mão-de-obra que infelizmente não é fácil de encontrar, porque um bom técnico e honesto é uma raridade.

R. A.: Quantos empregados tem efetivos?
C. C.: A ACS tem 10 empregados, que merecem ser referenciados… Danny Gama, Gabriel Avila, Elektra Prepos, José Gouveia, Caleb Reyes, Chris Johnson, Caglar Icer, Victor Rivera, Christa Miller e Demo Lintzeris. Na parte da Backline são 3 – Jay Koenderman, Eric Blearley e Kim Trollope.

R. A.: Infelizmente em 2018 não tivemos as comemorações da Semana do Dia de Portugal, mas como é de conhecimento geral a ACS tinha, e teve durante muitos anos, a responsabilidade dos 3 dias de espetáculos. Se o fim de semana de festividades voltar, estaria disponível?
C. C.: Tenho muito orgulho de fazer o Dia de Portugal, mais do que possam pensar, porém o que faço ou deixo de fazer não é para “aparecer na fotografia” porque não estou interessado nisso, o que me interessa é saber que a minha comunidade teve ou tem a melhor qualidade que há. Espero não ofender ninguém com o que vou disser, mas facto é que também nunca tive grande apoio da nossa comunidade e dos jornais comunitários que bastavam por o nome da companhia como sendo a produtora… fora o Jorge Neves da CIRV e a Revista Amar mais ninguém fez referência ao nosso trabalho, que foi gabado por todos que estiveram presentes, o que leva que muitas pessoas nem saberem que nós somos.

R. A.: O fim-de-semana do Portugal Week 2017 foi considerado, por quem esteve presente, como o melhor de sempre, concorda?
C. C.: Claro que concordo e eu digo-lhe porquê… porque eu disse na altura que ia ser o meu último ano e tinha tomado essa decisão baseada na falta de apoio da nossa comunidade, que não sabe dar valor ao que tem. Nós tínhamos no Earlscourt Park milhões de dolares de material, e as pessoas só apareceram à noite para os concertos, durante o dia não houve apoio a quem pagou para lá ter uma tenda ou anúncio. Na hora de pagar a comunidade não apoia, mas tem esse dever.

R. A.: Está a referir-se às Feiras Novas, em setembro de 2017, que também foi produzido pela ACS?
C. C.: A esse e a outros eventos… mas neste em concreto, eu nem estava cá, estava fora do país em trabalho, quando me telefonaram a contar que a aderência estava fraca e que as pessoas estavam fora do recinto “agarradas” à rede a assistir ao espetáculo, porque acharam que o bilhete por pessoa de $30.00 pelos 2 dias era caro, mas esquecem-se que os artistas que vieram de Portugal tiveram que ser pagos, tal como as viagens e a estadia. Os patrocínios já não chegam para cobrir as despesas todas. Se a comunidade não ajudar e apoiar, mais tarde ou mais cedo os eventos como os conhecemos vão acabar.

R. A.: O que falta à nossa comunidade? E o que gostava de ver daqui a 10 anos?
C. C.: Falta união, porque há muito conflito. Nós deveríamos-nos apoiar mais uns aos outros. A ACS cresceu à custa do seu trabalho sem o apoio da nossa comunidade e se alguém tem dúvidas é só pensarem quando é que ouviram falar da ACS. Há 1, 2 ou talvez há 3 anos? Nós já existimos há 21 anos… e digo isto sem mágoa nenhuma, porém é um facto. Posso dizer que tenho orgulho por tudo que conquistei. O apoio veio da comunidade grega, mas muito apoio mesmo. Quanto ao que eu gostava de ver daqui a 10 anos, era que a nossa comunidade fosse unida.

R. A.: Qual é o moto da sua vida profissional?
C. C.: Desde que comecei a minha vida profissional que esta frase me diz muito, que é “nunca se deve tirar vantagem da pessoa que nos deu uma oportunidade, mas deve-se tirar vantagem da oportunidade que nos foi dada”, e eu partilho esta frase com muitas pessoas. É assim que uma pessoa honesta tem que viver a vida. Eu sou honesto, claro que tenho defeitos e não sou nenhum anjo, mas honesto sou. Nunca me esqueci que foi o Gabor Szepesi que me deu a oportunidade, a ajuda financeira que precisava para começar a minha empresa quando eu sou tinha 19 anos.

R. A.: Gostaria de deixar uma mensagem?
C. C.: Sim. Quero agradecer às pessoas que têm apoiado a ACS e a mim, mas especialmente a quem acreditou em mim e que me deu uma oportunidade… a minha esposa,Jannette Brasil Costa, Orin Bristol, Gabor Szepesi, Manuel DaCosta, César Bráz, Peter Eliopoulos, Zisi Konstantinou e Mark Radu… a nível de espetáculos ao ar livre, a José Maria Eustáquio.

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