António Zambujo: Personalidade musical "Do Avesso"
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António Zambujo: Personalidade musical “Do Avesso”

Felizmente para nós todos, há aqueles que, por talento, por mérito e por trabalho, nos vão demonstrando que o mundo não avança a preto e branco, mas a muitas cores, múltiplos tons e diferentes culturas musicais.

António Zambujo ganhou lugar destacado na música portuguesa recusando-se sempre – por instinto, por crença e por necessidade artística – a ficar confinado a um estilo, a uma escola ou a um género.

Na sua cadência própria, vai desenhando um património amplo e próprio que, como o novo disco “Do Avesso” nos mostra, vem reafirmar em pleno o grande artista que é e que se estende muito para lá da sua voz inconfundível.

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Revista Amar: António, obrigado por esta conversa, dirigida à nossa comunidade que está a viver no Canadá e que, com certeza, conhece bem o teu trabalho.
Começo por perguntar se conheces alguma coisa do Canadá. Se já estiveste lá a atuar?
António Zambujo: Conheço alguma coisa do Canadá, conheço alguma coisa da comunidade portuguesa no Canadá até porque foi ao Canadá a minha primeira viagem para fora de Portugal para cantar. Na altura foi a convite da Casa do Alentejo de Toronto e de um clube, que era o Clube Oriental, se não me engano, em Montreal; e então foi essa a minha primeira viagem. Desde aí já regressei – ao Clube Oriental não, mas à Casa do Alentejo já regressei umas quantas vezes e tenho lá uma série de bons amigos.

RA: Foste lá apresentar este teu último trabalho, o “Do Avesso”?
AZ: Ainda não, ainda não. Contamos ir no início do próximo ano fazer a digressão ali para aqueles lados da América do Norte mas, por enquanto, temos estado a fazer as apresentações todas aqui na Europa. Começamos por França, Luxemburgo, Espanha, Portugal e vamos estar assim até ao final do ano.

RA: Depois da homenagem que fizeste ao Chico Buarque, este novo trabalho foi uma opção ou surgiu pelas tuas influências normais?
AZ: Sabes, os discos vão surgindo um bocadinho em função das músicas que nós escutamos e dos concertos que vamos dando, e que vamos assistindo. E é um bocadinho em função disso que depois surgem as ideias para gravar. Neste caso nós optamos por fazer este disco assim desta forma. Convidei o Nuno Rafael e o Filipe Melo para integrarem a banda porque achei que eles poderiam acrescentar um tipo de sonoridade que eu imaginava nos discos (nos tais discos que me influenciaram) e felizmente correu e continua a correr tudo bem.

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RA: E optaste, também, pela participação de uma Orquestra Sinfónica.
AZ: Já tínhamos feito alguns concertos ao vivo com orquestra, nunca tínhamos gravado em estúdio. Sim foi a primeira experiência, em estúdio, com a Orquestra Sinfónica e foi uma experiência muito boa, gostei muito.

RA: E cantar em espanhol? É para continuar?
AZ: É, sim! Eu gosto muito! Eu gosto das línguas latinas, gosto de cantar em português, espanhol, italiano, francês. E o espanhol é uma coisa que é muito natural em mim porque eu, como nasci em Beja, vivia muito perto da fronteira com Espanha, e então tínhamos muito acesso e tínhamos muito contacto com a cultura, principalmente dali da região do sul de Espanha e isso permitia que eu aprendesse a falar espanhol.

RA: Deixaste um pouco o fado de férias, desta vez?
AZ: Os géneros musicais continuam sempre presentes e são sempre influências. Eu acho que a música que eu faço é uma música muito própria. Acaba sempre por ser com influências de vários géneros, entre eles o fado, a música tradicional da minha região. Eu acho que é uma música com um cunho pessoal e que tem uma identidade muito própria.

RA: Tem uma imagem anglo-saxónica.
AZ: Muito! Por causa do jazz, por causa do Tom Waits, por causa da Nina Simone… De todos esses cantores todos que eu admiro bastante.

RA: Há menos Alentejo neste álbum?
AZ: Há, há. Apesar de haver uma música original que nós fizemos que é um tributo, que eu fiz também com o João Monge que é um alentejano, de Ficalho. Fizemos uma música que acaba por ser um bocadinho um tributo ao Alentejo e a música que o Miguel fez, que se chama “Catavento da Sé”, também é muito baseado na minha infância no Alentejo. Ou seja, as coisas podem não estar muito evidentes mas estarão sempre presentes.

RA: É possível fazer, novamente, 28 Coliseus?
AZ: Antes de fazê-los achava impossível, agora já acho que… não sei! O importante é que o público continue a assistir aos nossos concertos, seja nos coliseus seja onde for e que no final saiam satisfeitos e fiquem com vontade de ver mais os nossos concertos.

RA: António, uma última mensagem para a nossa comunidade portuguesa.
AZ: Um abraço para eles. Eu sei que a Casa do Alentejo em Toronto tem tentado que eu regresse lá e tem sido difícil por questões de agenda, mas espero que um dia possa lá regressar. Um beijo e um abraço muito forte para toda a gente.

Paulo Perdiz

MDC Media Group

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