Celina da Silva
É francesa, porque nasceu em Fontainebleau, França, é canadiana porque aqui vive e trabalha desde os 5 anos de idade e adquiriu a cidadania do país que a acolheu a si, aos pais e à irmã, mas é portuguesa que se sente, de alma e coração. Celina da Silva não sabe explicar o porquê, mas apenas sabe que sempre se sentiu imigrante e, talvez por isso, tenha na sua atividade profissional uma atenção especial para com os que vêm de fora e precisam de apoio na sua integração. Filha de pais esforçados, trabalhadores, dos que trabalhavam no duro, sem, no entanto, nunca se queixarem. Pais que sempre procuraram o melhor para as filhas e que se transformaram num exemplo de resiliência, de força, para que nunca se baixem os braços, mesmo quando algo corre menos bem. Hoje, Celina da Silva sabe quanto aprendeu com eles e como lhe tem valido essa aprendizagem sem livros, feita das vivências diárias em família, para saber que nem tudo é fácil nesta vida e que é preciso lutar por objetivos, com coragem e determinação.
Era ainda adolescente quando um problema de saúde a obrigou a conviver com o ambiente hospitalar e com uma enfermeira em particular, que acabou por, sem saber, moldar a vida de Celina. O cuidado, a forma humanista como foi tratada fez nascer a vocação e Celina da Silva transformou-se, ela própria, numa enfermeira, que queria muito exercer a profissão daquela forma próxima, envolta em afeto. Depois de ser enfermeira, a vida de estudo não parou até hoje. A sede de saber mais, de apurar técnicas, de procurar respostas para dúvidas, levou-a a prosseguir os estudos até completar o seu Doutoramento (PHD) na Universidade de Toronto. É atualmente Professora Associada da Universidade de York e nessa condição, entre muitas outras tarefas, partilha o seu saber com os outros, participando em palestras ou conferências um pouco por todo o mundo.
Celina da Silva é casada, tem um filho já casado (foi mãe muito nova), e reconhece na sua família (a nuclear e a mais alargada) os grandes pilares que sustentam toda a sua evolução profissional. Sem querer transformar o seu desejo numa qualquer forma de pressão, afirma que ser avó, é “tudo o que está no fundo da minha alma”, mas se não for está tudo bem, “espero pelo melhor, seja o que for”.
As memórias de infância em Toronto e a permanente ligação a Portugal
A Celina chegou ao Canadá muito pequenina, tinha uns cinco anos. Vamos voltar um bocadinho ao tempo da sua infância – quais são as memórias mais fortes que tem desse período da sua vida?
As minhas memórias de quando era criança… sei que tinha a sensação de que os meus pais eram imigrantes. E, não sei porquê, desde muito cedo. Quando eu tinha quatro anos, houve uma discussão sobre ir para outro país e eu senti que não estava realmente na minha terra natal. E não estávamos, porque os meus pais emigraram de Portugal para França. Foi lá que eu nasci e a minha irmã também. Mas só me lembro de ter os meus pais por perto e o meu avô, que foi uma presença muito forte na minha educação, durante esses anos. E isso é tudo o que me lembro. Quando viemos para cá no início dos anos 70, tal como muitas outras famílias, instalámo-nos na zona oeste de Toronto e lembro-me de ter frequentado um programa de inglês como segunda língua, na escola primária em que andava. Em casa nós falávamos português. Mais tarde, frequentei umas aulas de português depois da escola primária, até ao grau quatro. Mas a verdade é que nunca me senti muito à vontade para falar a língua portuguesa. E então, ainda hoje, só falo português em casa, com os meus pais. Por isso, é evidente que precisei de alguma ajuda para fazer a transição para esta cultura canadiana, mas acho que foi sempre difícil para mim, porque sentia que não estava realmente no meu país, que para mim era Portugal. Por qualquer razão, sempre senti uma ligação muito grande a Portugal e não conseguia perceber porquê, até porque eu sabia que éramos imigrantes, que andávamos de um país para o outro. E isto, de certa forma, moldou muito do que sou hoje. Penso que é uma lente, uma espécie de lente, que me faz olhar de maneira especial para os estudantes internacionais ou quando falo com outros imigrantes, como profissional de cuidados de saúde, em torno de muitas das questões que se levantam quando têm de se adaptar à cultura e ultrapassar algumas das barreiras que podem encontrar, como, por exemplo, questões de literacia de saúde ou de encontrar o seu médico neste país e de ser capaz de comunicar com os professores nos sistemas escolares. Isso deve ser muito assustador, penso eu.
Para além da questão da língua, que outras ligações a Portugal permanecem?
Olhe, gosto muito de ouvir o fado, gosto muito de comida portuguesa, do bacalhau e as batatas no Natal, essas tradições todas. Adoro. Quando nós viemos para aqui, para o Canadá, o meu pai continuava com certas tradições, ainda fazia a matança do porco e fazia o seu vinho. São memórias que tenho e que acabam por marcar a personalidade e também a forma como nós vivemos.
Eu vi há pouco uma fotografia sua numa festa comunitária no Santoinho aqui de Toronto. Tenta ter algum tipo de aproximação à comunidade através dessas festas ou é uma coisa muito rara?
Não é rara. Nestes últimos anos, depois da pandemia, eu parei de ir a certas festas portuguesas aqui na minha comunidade portuguesa e foram uns anos muito difíceis para mim, porque com a investigação, a escrever sempre para ter publicações em revistas científicas, foi difícil, mas antes da pandemia, sim ia às festas comunitárias.. O meu filho durante muitos anos dançava no Rancho Folclórico da Associação Cultural do Minho, e adorava! Ainda adora, mas ele, agora já está casado, e não tem disponibilidade. Mas eu gostava de voltar a participar mais nas atividades comunitárias. Quando vou a Portugal, adoro. Adoro estar com a família, ir ao Santoinho de lá, ir às festas tradicionais.
É engraçado como os olhos brilham quando fala dessas coisas, é sinal de que há uma ligação de alma. A Celina sente-se portuguesa?
Sim. E sou portuguesa e identifico-me como portuguesa. No meu trabalho, aqui na York, as pessoas sabem que eu sou portuguesa. Digo com muito orgulho que sou portuguesa. Foi com os portugueses que aprendi muito. Aprendi a ser resiliente.
O exemplo emocionante dos pais e a aposta na educação
Que tipo de trabalho tinham os seus pais quando chegaram ao Canadá?
O meu pai trabalhava no Roofing Industry e a minha mãe trabalhava como empregada doméstica, mas trabalhava muito. Ela foi muito bem-sucedida. Estão ambos muito confortáveis e bem-sucedidos. Mas acho que eles me ensinaram a ter uma ética de trabalho muito boa e a perceber o quão privilegiada eu era por ter todas estas oportunidades. E trabalharam arduamente para me apoiarem a mim e à minha irmã, ao longo da nossa vida, casando-nos, proporcionando-nos a ida para a universidade, eles estiveram sempre presentes. Por isso, acho que isso foi muito útil.
Mas eles incentivaram-vos a seguir com os estudos? Apostavam na educação?
Sem dúvida! Os meus pais sempre nos apoiaram e incentivaram para estudarmos. Eu acho que eles viam que a vida ia mudar muito e que nós precisávamos de mais educação para nos adaptarmos às exigências do mundo. E agora, como professora, eu sei bem como é importante ter os pais a apoiar as crianças e garantir que tenham condições para estudarem. Claro que eu sei que estudar não é para todas as pessoas, porque há muitas outras coisas que a gente pode fazer na vida, mas os meus pais sempre tinham esta coisa de querer que nós estudássemos.
Se calhar os seus pais não desejavam para as filhas a vida dura que tiveram na fase inicial. Será isso?
Eu acho que sim, mas eles não falavam muito disso. Eu sentia que a vida deles era dura, mas eles não se queixavam.
Notei que se emociona quando fala dos seus pais, sublinhando sempre a sua força e resiliência…
Sabe, eu para a minha vida e minha educação preciso ter resiliência porque não é fácil, muitas portas se fecham. Por outro lado, quando estamos em programas de mestrado ou do PHD, temos que aprender a gerir o nosso tempo e tudo isso eu aprendi vendo os meus pais a trabalhar no duro, dia após dia. Eles eram, nesse sentido, muito, muito inspiradores porque eu pensava – “bem, se eles trabalham tanto e vieram para este país sem falar a língua, tendo de se adaptar a uma nova cultura, quem sou eu para me queixar?”. Claro que eu própria tive de me adaptar à cultura canadiana. E também não foi fácil porque falávamos português e tínhamos um estilo de vida português em casa e depois estava a misturar-me e a aprender sobre a cultura aqui no Canadá, mas, dito isto, acho que é por isso que me emociono. Porque só consigo imaginar como teria sido difícil para eles não falarem a língua e terem de lidar com esses desafios, esses desafios sistémicos. É isso que me faz emocionar.
Uma cirurgia e uma enfermeira que acabaram por moldar uma vida
O que aconteceu numa estadia sua num hospital, que acabou por ser determinante para a sua escolha de vida profissional?
Na verdade, eu tinha 16 anos e removi o meu apêndice, fui operada e achei que a enfermeira que estava a cuidar de mim tinha uma abordagem muito humanista. Não era como as outras, que me pediam para andar, logo a seguir, para que eu não acabasse com um pulmão colapsado. E ela dedicou algum tempo a falar comigo. Eu era uma adolescente que estava a passar por alguns problemas pessoais e ela sentou-se comigo e deu-me esperança. E, basicamente, lembro-me de ela dizer – “sabes, não estás na escola agora, estás a faltar às aulas, sei que estás preocupada, mas faz o teu melhor para te pores em dia. Tu tens uma vida tão longa pela frente e eu tenho a sensação de que te vais sair bem”. Foi esse tipo de ligação que me fez pensar que gostaria de estar nessa intersecção com os doentes, e pensei, “bem, a enfermagem parece ser algo que me interessaria muito fazer, trabalhando com e para os outros”.
Esse momento foi então crucial para a Celina não só decidir o caminho que queria seguir, mas também que tipo de profissional queria ser, não é verdade?
Sim, acho que sim. Porque quer seja enfermeiro ou mesmo se for médico, em medicina não é só importante tomar decisões clínicas ou avaliar os seus doentes, é também estar presente e próximo deles. E, por vezes, nem sequer é preciso dizer nada, mas se não houver problema e pedirmos autorização para lhes segurar a mão e olharmos para além do rosto, para tentarmos compreender o que são, quais são os seus determinantes de vida, os determinantes sociais, se foram imigrantes, se há algo relacionado com a intersecção de questões socioeconómicas, de género e raça e tentar traçar um perfil do nosso doente e fazer-lhe perguntas abertas… tudo isso pode fazer toda a diferença.
Que caminho há ainda para fazer na medicina para que essa abordagem mais humanista seja mais prevalente?
Essa questão é muito complicada, mas o que eu acho é que como nós agora temos a Inteligência Artificial aplicada à medicina, que facilita o registo de informações clínicas, sobre os tratamentos e a evolução dos pacientes, acho que isso, no futuro, vai tirar muito trabalho “mecânico” aos enfermeiros e aos médicos evitando que sofram de “compassion fatigue”, uma expressão usada para descrever o impacto físico, emocional e psicológico de trabalhar nesta área do “cuidar dos outros”. Ou seja, há muitos trabalhos que faziam parte da rotina dos profissionais de saúde até há pouco e que agora vão ser assumidos pela IA, libertando tempo para um trabalho mais próximo dos doentes.
O caminho de vida profissional, nem sempre fácil, mas sempre marcado pela determinação
Como foi o seu percurso de estudos e formação para chegar ao que é hoje?
Estudei no St. Joseph College School, aqui em Toronto e depois… antigamente, nós podíamos ser enfermeiras em três anos e eu, como já tinha o meu marido, casei cedo, achei que esse era um programa mais prático para mim, porque iria completar o curso em três anos. Mas também sempre tinha a visão que ia continuar, sempre, o resto da minha vida, a estudar. E, então, eu fiz três anos no George Brown College e fiquei enfermeira, com o meu diploma. Depois tive o meu filho, quando fui mãe já era enfermeira, fui mãe muito nova, o que hoje agradeço muito. Trabalhei no Hospital das Crianças por cerca de 18 anos, em várias áreas, mas essencialmente em cardiologia pediátrica. E depois também trabalhei no Toronto Rehab porque naquele tempo, nos anos noventa, não havia empregos de full time. E então, depois daí decidi que tinha que aprender mais, porque o sistema de saúde estava a ficar muito complicado e eu tenho muitas questões e vontade de saber mais. E então continuei com o meu Degree na Ryerson, onde graduei “with honors”, e depois continuei com o meu mestrado na Universidade de Toronto, onde também graduei “with honors” e também fui estudante no Joint Center for Bioethics, porque eu, no Hospital das Crianças, via muitas situações que me levantavam questões éticas. Por exemplo, fazer um transplante numa criança, uma, duas vezes… eram questões que eu queria saber mais. Sobre os valores das famílias, o que valorizavam, se seria justo ou não… Depois fiz o meu doutoramento na University of Toronto.
As questões que punha a si própria na área da bioética, tiveram resposta?
Não. O que eu aprendi foram teorias éticas para avaliar essas situações de muitos pontos de vista, nomeadamente dos pais ou dos próprios pacientes. São situações que levantam dilemas éticos e não há uma explicação, não há uma razão e nunca há uma resposta certa. São situações muito complicadas, onde há equipas que se juntam e tomam o que consideram ser a melhor decisão, considerando a opinião do paciente e também da família. Nós, aqui, temos uma visão mais ocidentalizada destas questões, ou seja, há muitos países que sobrepõem a opinião da família, mas nós somos mais centrados no doente. Tentamos perceber o que é que o doente, a pessoa, o paciente quer e às vezes não alinha com o que a família quer.
Como Professora Associada da York University e Investigadora, qual é a área que está, neste momento, a trabalhar?
Nós candidatamo-nos a muitas bolsas, e a minha equipa e eu, sendo que eu sou a investigadora principal, já recebemos duas grandes bolsas de investigação por quatro anos para fazer jogos virtuais, que são de open access para enfermeiras internacionais. Porque as enfermeiras internacionais que vêm para aqui, seja de países como Nigéria ou Paquistão, diferentes países, não estão a ser bem-sucedidas no exame que elas têm de passar para exercer a profissão aqui. Eu sentia que não havia suficientes ferramentas pedagógicas que as ajudassem a serem bem-sucedidas no nosso país. Então criámos este tipo de formação virtual para quem tem dificuldades com o exame. Criamos cenários culturalmente relevantes onde elas, com os seus conhecimentos prévios na área de enfermagem, conseguem resolver situações no contexto canadiano.
Outra área da sua vida profissional, que também faz parte da sua vida, é a sua condição de palestrante. Essa é uma área de que gosta?
Sim, gosto muito! Parte do meu trabalho é percorrer o mundo e apresentar o meu trabalho, a minha investigação, a nível global. E, tal como outros investigadores, estabelecer contactos. Uma área muito interessante para mim nas conferências, é perceber e ver como Portugal está a tomar a liderança dos investigadores em Lisboa para criar uma taxonomia de medidas para quaisquer intervenções comportamentais que sejam desenvolvidas. Digamos que se desenvolve algo para alguém que não é ativo e é resistente à medicação antidepressiva. Como é que se mede o seu sucesso? Bem, os investigadores portugueses e ingleses estão a assumir uma grande liderança no desenvolvimento de medidas, e isso é algo que o mundo precisa de medir, de forma igual, como se usássemos todos a mesma régua. E eu tenho muito orgulho em ser portuguesa, nesse sentido. Vou estar a liderar a conferência sobre educação, a realizar no próximo ano, na Universidade de Oxford. Estou ansiosa por isso, porque faço parte desse comité. Mas tem sido um privilégio estudar outros sistemas de saúde mundiais.
Celina da Silva – a profissional, a mulher e a mãe
No que diz respeito à relação entre a vida profissional e familiar – tem sido fácil conciliar tudo?
Sabe, eu percebi que aprendemos a gerir o nosso tempo e que temos de sacrificar algumas coisas. É muito difícil porque as pessoas, às vezes, vêem-nos e pensam que nós não nos importamos com isso. Quando temos de gerir a nossa vida clínica, ou o ensino, ou o trabalho, e depois a nossa vida familiar, temos sempre que contar com aquilo que, para mim, é essencial. Eu contei sempre com a minha família nuclear, que é o meu marido, o meu filho, a minha nora agora, os meus pais e a minha irmã e, claro, restante família. Mas, dito isto, acho que não é fácil. É muito difícil. E eu não estaria a ser muito autêntica se dissesse que era fácil. Foi muito difícil porque, como todos sabemos, não é fácil fazer malabarismos. Às vezes, dizia ao meu marido que me sentia como dois navios a navegar, um numa direção, o outro noutra. Mas é importante comunicar com a família para que todos estejam no mesmo modelo mental. Devo dizer que a minha vida tem sido uma batalha difícil. É como um rio sinuoso e não tem sido fácil. Mas o que posso dizer é que, sim, temos que saber gerir o nosso tempo. E, por vezes, é preciso tirar um pouco de tempo. E, por vezes, temos de fazer uma pausa, e ter consciência, como eu digo sempre, que o meu ritmo não é o teu ritmo.
Se um dia eu entrevistasse o seu filho, acha que ele se iria emocionar como a Celina se emocionou quando falou dos seus pais? Sente que pode ser para o seu filho um exemplo de vida, como os seus pais são para si?
Sim, acho que sim, porque ele provavelmente viu os pais a trabalhar tanto e não estou a dizer que é sempre positivo ser assim, há muitas coisas negativas que vêm com isso, mas em última análise, espero que ele perceba que ele também está aqui para ajudar os outros, seja qual for o seu papel. Também está cá para ajudar os outros. Portanto, é isso que eu gostaria que ele aceitasse e reconhecesse que, em última análise, ele é privilegiado e eu sou privilegiada por ser uma mulher portuguesa branca, diria que sou muito privilegiada, e ele também é, mas há pessoas muito menos privilegiadas do que nós. E vejo isso nos estudantes, na investigação e nas comunidades com que trabalho. E reconheço que eu tenho um saco de privilégios, apesar de ser imigrante. Sabe, eu que já pensava, ao ver os meus pais, que era difícil ser imigrante, quando ouço histórias de alunos e de certos colegas, sinto que a minha vida não se compara com a deles, olhando às suas lutas.
Tem algum sonho por realizar? Sei lá… ser avó…
Sim, acabou de o dizer. Tudo o que está no fundo da minha alma. Mas também não é o fim de tudo e não é tudo. Não me importo de não ser avó. Porque também acho que há tanto que podemos fazer e tanto que podemos contribuir para o mundo. Por isso, espero pelo melhor, seja o que for, acho que apenas quero um mundo pacífico, porque não o é agora. E acho que é difícil.
Entrevista: Madalena Balça | Fotos: Mike Neal / Família da Silva
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