Eva Fernandes
As origens estão bem enraizadas em Portugal, mais concretamente em Rio Frio, Arcos de Valdevez, mas Eva Fernandes já nasceu em Oshawa, Ontário, Canadá. Tem agora 25 anos, vividos sempre muito perto da cultura portuguesa, graças à ligação forte dos seus pais e avós a um dos clubes, dinamizados por portugueses, da cidade que a viu nascer, mas também muito graças às visitas que foi fazendo ao longo da vida a Portugal. As tradições portuguesas cedo lhe entraram nas veias e a fazem vibrar quando ouve a música do Rancho Folclórico onde dança desde pequenina. De tal modo, que agora está a aprender um dos instrumentos mais tradicionais do Minho, a concertina. Nada de especial para quem tem uma história de vida bem rica em exemplos de superação pessoal.
Licenciada em Psicologia, Eva Fernandes especializou-se em epidemiologia, ou seja, dedica-se ao estudo e a análise da distribuição, padrões e determinantes das condições de saúde e doença numa população definida. As áreas de investigação a que se tem dedicado, revestem-se de uma enorme importância quando se fala de problemas de dependências e comportamentos relacionados com suicídios – o consumo de substâncias, com especial incidência nos opiáceos.
Desde sempre se dedicou à prática desportiva, na escola e fora dela. Foi nadadora de competição, mas ultimamente tem-se dedicado à corrida, tendo começado por correr 5 km, 10 km, e recentemente cumpriu o compromisso consigo própria de correr uma meia-maratona. Para além disso, completou um triatlo super-sprint, e um passeio de bicicleta de 50 km. As caminhadas e as corridas fazem parte da sua vida diária e, muitas vezes funcionam como um escape, uma forma de se relacionar com os outros ou, simplesmente, como uma oportunidade para dedicar uma parte do dia a si própria. Eva Fernandes gosta de ler, de cozinhar, dançar o folclore tradicional português e espera este ano correr uma maratona.
Quando cruza a meta sente orgulho de si própria e fica com a certeza de que pode fazer tudo o que quiser. Seja em ambiente de competição, seja por puro prazer, o que mais interessa é que, quer as caminhadas, quer as corridas, quer a dança folclórica ajudam a desanuviar uma cabeça cheia de perguntas em busca de respostas, que podem ajudar a evitar situações extremas.
Eva, a irmã mais velha, e a dança da vida. Sempre lado a lado!
Cresci com uma irmã mais velha. Ela é dois anos mais velha do que eu, por isso seguia-a muito quando era criança. Cresci perto do Centro Cultural do Norte de Portugal, que fica em Oshawa. Foi lá que os meus pais se conheceram, eram parceiros de dança e continuaram a dançar à medida que a sua relação florescia. Casaram-se, tiveram a minha irmã, primeiro e afastaram-se um pouco das atividades comunitárias quando eu entrei em cena. De qualquer modo, eu e a minha irmã começámos muito novas a dançar no rancho. Assim que conseguimos andar e mexer-nos sozinhas, começámos a dançar e ainda hoje dançamos. Mesmo depois de termos ido para a escola durante alguns anos, conseguimos sempre voltar aos treinos de dança e participar. Há muitas outras coisas que fiz quando era miúda, mas a dança foi definitivamente uma grande parte da minha vida. Era algo que fazia todos os fins-de-semana, sempre que havia um ensaio de dança, uma festa no clube português a que íamos. Dançando ou não, era realmente muito importante estar imersa na nossa cultura, na nossa comunidade. E foi aí que fiz muitos dos meus amigos que continuaram a ser até hoje. Adoro a música. Comecei recentemente a aprender concertina, por isso é uma nova paixão minha. Gostei sempre muito da música folclórica, é algo um pouco diferente. Não se ouve isso todos os dias, mas acho que a dança requer um conjunto de capacidades específicas. É preciso ter coordenação. Por vezes é difícil para as pessoas conseguirem fazer os passos. E sinto-me muito afortunada por ter começado tão nova e graças a isso aprender novas danças é relativamente fácil para mim. Obviamente, há algumas coisas em que é preciso praticar para se ser bom, mas acho que é bom para o meu cérebro manter-se ativo e aprender novas competências. Mas não é algo em que tenha de pensar ou concentrar-me. Posso dançar sem pensar e simplesmente abraçar a música e o movimento sem pensar muito mais. Estive em Portugal este ano, a visitar a família e de férias, e íamos todos os domingos a uma espécie de baile que se faz nas ruas, onde as pessoas se juntam para tocar concertina e dançar em círculo. À medida que nos aproximamos, sentimos aquele entusiasmo e aquela energia de poder participar em algo que é tão amado e partilhado com a comunidade que até a cidade ajudou a construir uma espécie de cobertura para que, se chover, as pessoas possam continuar a dançar. Ao ouvir a música, é possível encontrar pessoas que amam a cultura tanto quanto nós, quando ouvimos uma concertina a tocar ou ouvimos o bater do tambor, sabemos que são pessoas empenhadas em praticar e manter essa cultura.
Acho que, à medida que fui crescendo, o facto de ter essa identidade cultural distinguiu-me e tornou-me única entre os meus colegas. E eu perguntava sempre às pessoas quando as conhecia: “Como é o teu passado cultural? Falas mais alguma língua? E, muitas vezes, as pessoas não conheciam a sua cultura ou não estavam ligadas à origem dos seus pais, porque tinham vivido no Canadá durante muito tempo. Já no caso da minha família, sempre houve uma ligação ao local de onde os meus pais eram e isso facilitou muito a imersão na minha cultura, porque era tão fortemente portuguesa. Mas foi sempre interessante fazer amizade com as pessoas, aprender sobre as suas culturas, e elas sempre aceitaram muito bem a minha. E à medida que fui crescendo, fiz boas amizades com algumas pessoas de outras culturas e pudemos partilhar as nossas experiências e partilhar o nosso amor pela nossa cultura e sermos capazes de nos abraçarmos na cultura uns dos outros também.
Os meus pais contribuíram imenso para tudo isto, obviamente. Quando tinham mais controlo sobre as nossas vidas, faziam os nossos horários – íamos à escola, fazíamos as nossas atividades extracurriculares, os trabalhos de casa, e também arranjavam tempo para incorporar a cultura portuguesa nas nossas vidas. Garantiam que falávamos português em casa, certificavam-se de que íamos a eventos portugueses ao fim de semana, estar com a família que só falava português. Claro que também garantiam que nos integrávamos na cultura canadiana, mas mantendo sempre a portuguesa, o que não foi muito difícil. Na verdade, andei na escola com muitos portugueses, italianos, pessoas que também abraçavam a sua cultura e participavam em eventos culturais na sua comunidade. Lembro-me que, enquanto crescia, havia algumas pessoas que gozavam com os portugueses, não tanto como com os meus pais quando vieram para o Canadá, mas ainda assim um pouco. Mas acho que equilibrar as duas culturas foi muito fácil para nós, uma vez que a nossa família tinha como prioridade ajudar a incorporar a cultura portuguesa na nossa essência, como canadianos. O meu pai nasceu no Canadá, por isso não foi muito difícil incorporar os desportos e outras atividades consideradas mais canadianas, ao mesmo tempo que, aos fins-de-semana, vivíamos uma vida portuguesa na escola portuguesa, passávamos tempo com os meus avós e participávamos em eventos culturais portugueses..
Os avós e a emoção que não se consegue conter
Os meus avós fizeram parte do desenvolvimento da construção do salão e foram alguns dos membros fundadores do nosso clube. Eu sinto-me mais portuguesa, especialmente nesta comunidade que todos os nossos avós ajudaram a construir. Aprendi português lá, andei na escola portuguesa quando era criança. Por isso, acho que há tantas memórias ligadas à aprendizagem do português e à existência de um espaço português que me ajuda a sentir-me muito portuguesa, onde todos falam português, todos se envolvem na cultura, comem comida portuguesa. O nosso Centro Cultural do Norte de Portugal é um sítio muito bom para toda a gente se juntar, quer seja num ensaio de dança, uma festa, ou apenas um sítio onde as pessoas que se juntam para jogar às cartas ou conviver. Sempre foi um sítio onde me sinto muito descansada e relaxada. E agora estou entre outras pessoas que gostam da nossa cultura e que querem ver o clube continuar, que são muito apaixonadas por manter a cultura viva neste espaço partilhado. Muito graças aos meus avós.
Sou uma pessoa muito emotiva, especialmente quando falo dos meus avós. Penso que especialmente por ter crescido a amar as minhas duas culturas, isso faz-me respeitar muito o que os meus avós fizeram pela minha família. (choro… “oh, meu Deus, vou recompor-me”). Eles passaram por uma viagem incrível ao deixarem Portugal e irem para França. Especialmente a minha avó, que vive agora connosco. Sei que foi uma viagem difícil. Estive a falar com os meus pais ontem à noite e eles disseram-me que o meu avô foi preso durante a viagem. Por isso, foi uma grande luta para eles saírem de Portugal. Tiveram de aprender francês e depois vieram para o Canadá onde tiveram que aprender inglês. Foi muito duro. Também para a minha mãe. Ela era muito nova, teve de aprender a crescer muito depressa para poder ajudar os meus avós a assimilarem a cultura canadiana. Acho que tiveram sorte, de certa forma, por se terem mudado para uma zona onde havia muita gente de Rio Frio, a sua terra natal. Houve pessoas que os receberam nas suas casas quando se mudaram para o Canadá e os alojavam lá, para que pudessem trabalhar melhor, para que não ficassem sem casa ou sem comunidade. E acho que é por isso que o Centro Português é tão importante para mim, porque foi uma espécie de sala de reuniões para tantos imigrantes no Canadá, que vieram todos de uma área semelhante. Quando o meu avô faleceu, a minha avó veio viver connosco para podermos viver ao lado dela. Ela ajudou a criar-nos a mim e à minha irmã, quando os meus pais estavam a trabalhar. Por isso, a viagem que os meus avós fizeram para virem para o Canadá para dar aos seus futuros filhos e netos uma vida melhor é algo que valorizo muito e que considero muito importante.
Ajudar a preservar a nossa cultura é uma obrigação
Para mim, é importante apoiar as nossas comunidades locais e apoiar a cultura portuguesa no Canadá. Sei que no Ontário temos muita sorte em ter quem ajude a manter a cultura portuguesa. Penso que continuar a apoiar as nossas comunidades portuguesas locais é uma forma de o fazer. Sei que há muitas bolsas de estudo que são atribuídas todos os anos a portugueses, e penso que isso ajuda a mostrar que não somos apenas pessoas que se reúnem em festas e comem. Também estamos interessados em ajudar a florescer a nossa comunidade em termos de dança e música, bem como em promover a educação dos jovens. Penso que retribuir à comunidade e fazer voluntariado de todas as formas possíveis é sempre uma ótima oportunidade para a ajudar a florescer. Não acho que a cultura esteja a morrer, mas com as pessoas a mudarem-se, a mergulharem noutras atividades que as afastam da sua comunidade, penso que é importante recordar as nossas raízes e recordar o que é importante para nós. E se ser português é uma dessas coisas, é ir às festas, aos eventos que são planeados por portugueses e ajudar a apoiar esses eventos sempre que possível.
A importância do desporto
Quando era criança, diria que não era muito desportista. Pratiquei muitos desportos, mas não era o que se poderia imaginar como uma verdadeira atleta. Não era a vencedora de tudo, nem a líder, nem o primeiro lugar, nem nada, mas gostava muito de me manter ativa. Era algo que as pessoas faziam na minha escola. As pessoas da minha comunidade faziam-no. E eu pensei, bem, eu devia tentar também. A natação foi o primeiro desporto em que realmente me envolvi. E isso deveu-se principalmente ao facto de os meus pais me terem posto a mim e à minha irmã a ter aulas de natação numa idade muito, muito jovem, para garantir que nos tornaríamos melhores nadadoras do que eles próprios e os meus avós. Os meus avós não sabiam nadar. Para os meus pais não importava se éramos umas ótimas jogadoras de futebol ou umas ótimas corredoras, o importante era que soubéssemos nadar. Entretanto, no liceu, eu estava na equipa de natação e queria manter-me em forma quando não estava na água. Por isso, fiz cross country, basquetebol… Não era muito boa em todos eles, mas mantive-me bastante ativa durante a escola, pois metade do tempo passava sentada durante as aulas ou a ver televisão. Era bom sair e manter-me saudável. Mas foi só na universidade que comecei a correr e realmente encontrei a alegria de passar tempo ao ar livre sozinha. Correr durante horas a fio. Acho que passar tanto tempo a estudar, especialmente na licenciatura, onde se lê muito, se passa o tempo no sofá, atrás do iPad, a folhear artigos, acho que precisava muitas vezes de uma pausa. Por isso, fazia caminhadas. Vivia perto de um parque lindíssimo, pelo qual passeava e via as folhas mudarem ao longo das estações enquanto lá estava. E isso dava-me aquela pausa mental de que precisava. Foi importante sair e ver algo que não fosse um ecrã e ver como era a minha comunidade e ver que havia um rio bonito a correr pelo parque, o que me manteve calma num espaço onde havia muito caos com os estudos, com os exames, com a correção de trabalhos e trabalhos. Acho que me deu muita paz e tranquilidade poder passar esse tempo. E depois, ao andar por aí, pensei: “Bem, estou sempre a ver pessoas a correr, talvez devesse experimentar”. Agora gosto mesmo de correr. É tempo ao ar livre. É tempo passado longe dos meus ecrãs. Também me dá tempo para ouvir música nova. Dá-me tempo para ouvir audiolivros, o que me permite ler mais e manter-me ativa. Mas adoro uma boa caminhada. Mais recentemente, comecei a treinar para uma maratona, já fiz duas meias-maratonas este ano e inscrevi-me numa maratona no próximo ano, por isso tenho de começar a treinar para isso.
Os estudos e a vida profissional
trado no ano passado. Estou indecisa. Acabei de arranjar um novo emprego, por isso vou ver onde isto me leva e depois, dependendo de como for a minha vida profissional daqui a um ano ou dois, logo decido o que vou fazer. Adoro fazer investigação, e tive a oportunidade de fazer investigação como um trabalho e ser paga para fazer algo que adoro. Em criança, não tinha uma ideia do que queria fazer no futuro. Acho que, quando era miúda, andava a brincar com a escola. Não gostava assim tanto da escola. Era mais uma tarefa. Não gostava de fazer os trabalhos de casa. Mas, à medida que fui crescendo, valorizei tanto a educação e a aprendizagem que, quando cheguei ao liceu, queria realmente destacar-me e envolver-me muito na minha escola. E investia tempo na minha educação. Quando me candidatei à universidade no 12º ano, não tinha exatamente a certeza do que queria fazer. Por isso, procurei uma licenciatura geral que pudesse fazer e que me desse algumas opções de carreira, mas que fosse suficientemente abrangente. Foi então que escolhi Psicologia. Dava-me jeito. Era algo que me interessava definitivamente estudar. Mas só quando entrei para a universidade é que me apercebi que gostava mesmo de passar o meu tempo a estudar as pessoas, a observar a vida das pessoas e a ser, talvez a portuguesa bisbilhoteira que há em mim, que quer saber mais sobre os outros. E depois pensei, o que é que posso fazer agora? E analisei alguns cursos diferentes para fazer o meu mestrado. Quando cheguei à fase de candidatura, pensei: “Se calhar, vou continuar com a psicologia. Tem-me servido bem até agora. Aprendi muito e pensei, talvez possa continuar este caminho. E, ao fazê-lo, consegui aprofundar alguns tópicos diferentes que nunca tinha estudado antes. E, a partir daí, consegui arranjar um emprego, logo após a licenciatura, como epidemiologista, como investigadora. Descobri que adorava a escola à medida que envelhecia e pensei: se posso continuar a aprender ao longo da minha vida e ser paga para o fazer… senti que essa seria a melhor oportunidade que poderia ter. Assim, depois de concluir a minha licenciatura, trabalhei como epidemiologista júnior e depois como assistente de investigação durante o meu mestrado. E estava a trabalhar com o Governo do Canadá. Assim, através da nossa investigação, ajudámos a identificar algumas das preocupações sobre a crise dos opiáceos no Canadá e a aprofundar a utilização de substâncias químicas e as comunidades mais afetadas, as populações mais afetadas, e ajudámos a analisar os dados que nos são disponibilizados.
Cresci a ser muito empática e a reconhecer que as pessoas não fazem necessariamente escolhas para se envolverem no consumo de substâncias. Penso que, especialmente na época em que vivemos, em que tudo é tão caro, as pessoas não têm dinheiro para ganhar a vida, viver numa casa própria ou alugada, ou mesmo ter bens suficientes em casa para viver uma vida plena, a vida que talvez desejassem, e que essas pessoas podem cair no consumo de substâncias não por escolha, mas muitas vezes por necessidade. Não sabemos o que eles passaram para chegar onde estão. Talvez estejam a um passo de conseguir alojamento ou de sair da rua, ou talvez tenham acabado de chegar lá devido a um problema de saúde mental ou a um problema familiar. Mesmo enquanto crescia, eu era muito compreensiva em relação às experiências das pessoas e não as julgava. E penso que isso se acentuou ainda mais com a minha educação, aprendendo psicologia, compreendendo melhor as pessoas, especialmente a sua saúde mental. Agora, ao estudar e trabalhar com investigadores que estudam a crise dos opiáceos, essa forma como cresci ajuda-me a ser melhor no meu trabalho, ao compreender que se trata de pessoas. Não se trata apenas de números que fazemos passar por estas simulações ou quando analisamos estes dados, trata-se de pessoas que são afetadas todos os dias por estas substâncias. São membros da família que choram a perda dos seus entes queridos ou dos seus colegas de trabalho, ou que são afetados todos os dias. Penso que se trata de assuntos sérios, mas que é importante que as pessoas os discutam e que tragam luz a algumas destas situações, especialmente com o estigma em torno do estudo do consumo de substâncias.
O Portugal de hoje e o futuro de Eva
Acho que Portugal mudou muito, ao longo dos anos, de certeza. Quando fiz o meu mestrado, estava a estudar a educação para a saúde sexual no Canadá e o seu impacto no consentimento sexual e na comunicação sexual. E pensei que esse era um tema bastante tabu para os portugueses. Por isso, foi interessante trazer isso para a minha família e mostrar-lhes aquilo em que estava a trabalhar. Só depois de aprofundar mais a investigação é que reparei que havia muita investigação portuguesa a sair de várias universidades em Portugal que estudavam temas semelhantes, ou apenas a saúde sexual em geral. Portanto, estava a definir este tema como sendo tabu para esta cultura e há imensas universidades portuguesas que estão muito à frente no estudo de alguns destes temas muito importantes. Aliás, no que respeita à investigação, há toneladas de investigação a sair de Portugal. E isso tem sido muito excitante no que diz respeito ao meu mundo académico. Mas acho que agora, em Portugal, há muito mais turismo do que quando era criança. Sei que, em criança, não prestamos atenção a muita coisa à nossa volta para além da nossa família ou do que estamos a fazer naquele momento, mas sei que muitas pessoas estão a viajar para Portugal. Todos os meus amigos já estiveram em Portugal ou têm nos seus planos, num futuro próximo, ir visitá-lo, uma vez que se tornou um ponto turístico nos últimos anos. O verão do ano passado deu-me a oportunidade de conhecer o Portugal que se mostra agora a quem o visita com a beleza do país e do povo. Mas acho que, ao mesmo tempo, também me fez reconectar com o que Portugal que sempre foi para mim quando era criança.
Quanto ao meu futuro… acho que é difícil dizer exatamente o que me reserva o futuro. Acho que vou continuar a aprender a tocar concertina, isso vai ser definitivamente algo que vou continuar a fazer, uma vez que os meus pais me compraram uma concertina quando estávamos em Portugal, por isso há dinheiro investido (risos). Vou correr a minha maratona, vou treinar para isso e depois quero continuar. Mas penso que, no futuro, a minha vida será semelhante ao que é agora: investir na minha comunidade, arranjar tempo para mim e para a minha família, para os meus amigos, continuar a esforçar-me e a desafiar-me. De formas diferentes, quer seja continuando com os mesmos hobbies, com trabalho que tenho agora ou mudando-os, penso que me manterei fiel aos meus valores e às coisas de que gosto e espero continuar a fazê-las no futuro.
Entrevista: Madalena Balça | Fotos: Mike Neal / Família Martins