John Nobrega
Entrevistas

John Nobrega

revista amar - john nobrega

 

Filho dos madeirenses, José Clemente De Nóbrega e Maria Isabel De Nóbrega, naturais do Caniço, Madeira, mas imigrados no Canadá desde o início dos anos 60. John Nobrega viveu sempre rodeado pela família, a irmã Laurinda, tios e tias, primos que, desde cedo, deixaram a Ilha da Madeira procurando uma vida melhor em terras canadianas. É em Toronto que ainda vive com a sua esposa Melissa.

O seu talento artístico evidenciou-se desde cedo e mais tarde entrou no Ontario College of Art and Design, onde se graduou com distinção.

Tem dezenas de murais, assinados por si, espalhados pela cidade de Toronto, para além de ter no curriculum várias exposições. John Nobrega é o autor do mural que pode ser apreciado na Camões Square, bem como de todos os que decoram o The Axis Club e o Revival Event & Venue.

Atualmente, a sua arte também se mostra no Park Hyatt Hotel, em Yorkville.

Revista Amar: Gostava de começar por perguntar, quem é o John Nobrega?
John Nobrega: Sou filho de emigrantes madeirenses e os meus pais, se não me engano, chegaram ao Canadá em 1963. Sou artista e “produto” do meio em que cresci, mas a minha família foi a minha maior influência e se não fosse filho de emigrantes, o meu trabalho seria provavelmente muito diferente. Tenho uma irmã, Laurinda e ela e eu já nascemos cá, ela em 1964 e eu em 1974. Sou casado – a minha esposa chama-se Melissa – e estamos juntos há quase 20 anos, mas casados há 12.

RA: Porque diz que a sua família foi a sua maior influência?
JN: Porque o facto dos meus pais terem sido criados numa época mais conservadora, com uma cultura tradicional e eu aqui, numa cultura mais aberta foi bom para mim, porque influenciou e moldou o meu trabalho. Quem vê as minhas peças, entendem o que quero dizer… pois vão dizer “é um pouco antiquado e tradicional, mas também tem uma certa ousadia”. Ou seja, tem a influência de ambas as culturas.

RA: A sua irmã também tem essa “veia artística”?
JN: A minha irmã é muito inteligente e brilhante, mas é contabilista. Contudo, tenho muitos primos de segundo grau que são criativos e estão nas artes… atores/atrizes, músicos, etc.

RA: E como foi ser criado numa casa com 3 famílias?
JN: A minha irmã conta que por eu ser o mais novo da casa fui tratado como se fosse um “pequeno adulto” por causa do ambiente de festa que havia à minha volta… eu diverti-me muito com os meus primos mais velhos a ouvir os discos dos Beatles.

RA: Quando fala sobre a sua infância com os seus amigos canadianos, encontra diferenças como foram criados?
JN: Sim… a minha família não saía! Nós íamos para a casa dos familiares, de uns para os outros. Não havia aquela coisa de ir para clubes ou festas… a festa era a família! E não tinha fim… durante uns 10 anos.

RA: O que se lembra dessa época?
JN: Lembro que quando era miúdo, durante anos e anos, os sábados à noite eram de festa… o sábado era para irmos para casa dos primos. Jogava-se cartas até às 2 da manhã, as crianças andavam à vontade. Quem é que dizia “crianças, está na hora de dormir” quando estavam a jogar à bisca? (risos) Era, às vezes, até às 3 da manhã… às vezes penso na correlação beber-conduzir (risos), porque as pessoas depois conduziam para casa (riso). Estes foram, pelo menos, os primeiros 10/15 anos da minha vida. Não me lembro muito de como foram esses anos na escola, mas lembro-me de todos os meus primos e dos Natais e Passagens de Ano que eram as festas grandes. A nossa vida social era com os primos e com os familiares.

RA: E não iam aos clubes comunitários?
JN: Os clubes começaram um pouco mais tarde. Os meus pais foram membros fundadores da Casa da Madeira e também estiveram envolvidos com o Parque da Madeira. O meu pai era quem estava mais envolvido, porque ele era um homem que sabia fazer tudo e a minha mãe, era a pessoa que mantinha tudo a “andar” e todos felizes.

RA: Então, os seus primeiros anos foram dentro da comunidade…
JN: … sim. Nos primeiros 15 anos da minha vida não sai da comunidade, só para ir para a escola onde convivia com pessoas que não eram portuguesas, de resto a minha vida social era muito restrita e pequena.

RA: Acha que isso foi bom?
JN: Por um lado sim, porque foi nessa altura que comecei a ficar bom a desenhar e que a minha habilidade começou a ser notada através das bandas desenhadas e outras coisas que fazia para os meus primos. Eles, a minha família, foram o meu primeiro público. Não era um público cultural, que ia a museus ou percebia alguma coisa de arte, mas perceberam que eu tinha talento e que achavam porreiro.

RA: E para os seus pais?
JN: Para eles também foi bom, porque enquanto eu estava a fazer os meus desenhos, eles não tinham que estar “em cima de mim a dar-me lições da vida”… Para eles era do género “enquanto estiveres a fazer as tuas coisas e não te metas em problemas por causa disso (risos), continua”. Hoje, olhando para aquela altura e falando sobre isso com alguns colegas, vejo que foi a situação ideal para mim, pois tive apoio sem muita supervisão…

 

 

RA: … e naquela altura era normal haver uma certa liberdade.
JN: Certo. Os pais (portugueses) daquela geração não eram tão vigilantes como são agora. Não sei se o posso dizer, mas na época, estavam a acontecer coisas pesadas entre a juventude portuguesa. Foi uma altura em que a juventude abandonava os estudos assim que tinha idade para trabalhar. E o resultado foi que muitos indivíduos da minha geração se meteram em problemas… bebiam demais, metiam-se nos jogos e festas pesadas. Alguns dos meus primos passaram por isso também e por isso, quando os meus pais notaram o meu interesse em desenhar, ficaram mais descansados pois estava dentro de casa! Para eles era “pelo menos não anda metido com gangues, não anda na rua até às 4 da manhã a fazer sabe lá Deus o quê e está no quarto a desenhar!”. Penso que, até a um certo ponto, eles estavam contentes por isso. Ao contrário de muitos, que se meteram em problemas, eu era um “nerdy kid” que se interessava por Arte, que por um lado era estranho, contudo mantinha-me afastado de problemas, o que por outro lado levou ao apoio de continuar a fazer o que fazia e porque era bom no que fazia e depois… logo se via onde ia dar.

RA: Sobre o facto de que o seu talento foi visível desde menino, na sua biografia diz que “os meus pais e a minha irmã apoiaram-me muito, mas também me deixaram em paz para que a minha imaginação pudesse crescer de uma forma única e pessoal”. O que quer dizer com “apoiaram-me muito, mas também me deixaram em paz?”
JN: Quero dizer que eles apesar de me apoiarem, não supervisionavam o que eu estava a fazer… basicamente eu podia ter os meus interesses, sem sugestões ou censura desde que estivesse em casa. Eles sabiam que eu estava a desenvolver um talento e que era bom. Para eles era “és bom, continua”. Eu nunca tive a preocupação do que eles poderiam achar dos meus desenhos e nesse aspeto tive muita independência artística, o que é bom porque ter pais que estão sempre a supervisionar os filhos pode influenciá-los e torná-los autoconscientes desde muito cedo. Os meus pais gostavam do que eu desenhava, mas eu desenhava para mim sem a preocupação do que os outros pudessem pensar e isso é muito importante, especialmente para uma criança.

RA: Alguma vez teve dúvidas se deveria seguir com Arte?
JN: Sim, mas tive sorte quando fui para o liceu (High School), porque tive uma professora de Arte que era muito boa e que me apoiou muito na altura em que tive dúvidas se havia de seguir com Arte na universidade. E foi ela que me disse que não só era o melhor aluno que ela tinha tido nos últimos anos como também me disse que eu tinha que ir o mais rapidamente para a universidade.

RA: E como foram esses anos no liceu?
JN: Eu ganhei muitos prémios no liceu pelos meus trabalhos e inclusive saltei o primeiro ano da escola de Arte, com uma bolsa de estudo e recebi os meus primeiros 12 créditos de graça. Cheguei à universidade e mostrei os meus quadros e os livros que tinha feito na adolescência e os professores basicamente disseram que eu ia para o segundo ano.

RA: … isso foi fantástico!
JN: Foi e a bolsa foi de 3 mil e 500 dólares. Na altura não pensei no dinheiro, mas que agora aprecio e que hoje equivale, aproximadamente, a 12 mil dólares! Ou seja, comecei bem e percebi que pertencia ali, porque as pessoas (professores) que entendiam de Arte acreditavam no meu trabalho e reconheceram-no.

RA: Considera que foi um prodígio?
JN: Sim, de certa forma.

RA: E encontrou muitos alunos ou colegas portugueses na universidade?
JN: Quando entrei na Ontario College of Art eu era o único com um sobrenome português e mais tarde da minha graduação. De uma certa forma “não estava muito ciente, mas estava ciente” que havia uma diferença de classe social.

RA: Em que ano graduou da Ontario College of Art?
JN: Em 1997.

 

 

RA: Quando graduou, sabia que tipo de pintor queria ser?
JN: Sim, queria ser um pintor clássico com uma abordagem moderna e contemporânea, sem ser totalmente tradicional.

RA: Com que materiais e tipos de tinta prefere trabalhar?
JN: Os meus trabalhos são sempre com tintas de óleo, mas para trabalhos comerciais uso tinta acrílica ou com base de água. A Camões Square tive que fazer com tinta de óleo para exteriores, pois tinha que ser resistente ao tempo, ao desgaste das pessoas passarem por cima, etc.

RA: E quando é que teve a sua primeira exposição?
JN: 3 meses depois de ter graduado! Basicamente, fui recrutado na sala da exposição da graduação, onde todos os trabalhos dos graduados estavam em exposição. Alguém teve a ideia para uma Galeria e procurava artistas… e fui escolhido por ter muitos trabalhos feitos. Como pode ver, a ética de trabalho portuguesa já estava materializada em mim… O meu pai era porteiro e a minha mãe trabalhou nas limpezas e eram muito trabalhadores e isso passou para mim. Mas voltando às exposições, a bem dizer, assim que sai da universidade tive 3 ou 4 exposições. Estabeleci-me como artista muito rápido e tive muito apoio, incluindo de um amigo meu canadiano, que é músico e muito conhecido no Canadá, mas que viveu durante 10 anos em Portugal.

RA: E esse amigo foi importante porquê?
JN: Porque, para além de adorar Portugal e de me dizer que se pudesse era lá que ele gostava de viver na reforma, ele também me disse que eu fazia parte da Cultura Portuguesa! Existem grandes pintores portugueses que eu desconhecia porque quando ia a Portugal os meus pais não me levavam a museus e aqui estavam muito ocupados com o trabalho…

RA: … e na época a ilha (Madeira) também não tinha o que tem hoje, derivado ao facto de estar muito afastada do continente…
JN: … exatamente, também havia essa divisão cultural.

RA: Teve mentores que o ajudaram, depois dessas exposições?
JN: De certa maneira, toda a gente tem mentores. Tive sorte de ter alguns que não eram portugueses e que me ajudaram ao longo do meu percurso. Um outro grande passo foi quando, finalmente, uma boa Galeria canadiana, a Edward Day Gallery, que
estava localizada na Queen St. perto da Shaw St. – já não existe -, ao lado do antigo Museum of Canadian Art, me deu um espaço. Foi na Edward Day Gallery que apresentei “Salon do Paris”, a exposição dos macacos… eram 10 ou 12 quadros. A exposição teve uma boa crítica (review) no National Post, que levou à venda de todos os quadros.

RA: De onde veio a inspiração para essa exposição?
JN: Começou por uma brincadeira. Eu tinha ido mais a minha namorada – hoje esposa – ver uma exposição de um artista que não vou nomear e não achei que era boa e ao sair da exposição disse-lhe que “a brincar, eu consigo pintar um monte de macacos vestidos como francês, de fato e chapéu e seriam melhores que aqueles”, mas foi na brincadeira ao qual ela responde “então, porque não o fazes?” – ela é assim, sempre a meter-se comigo (risos) “estás sempre a dizer que fazes, então faz”… e fiz.

RA: É uma forma de motivar…
JN: … Sim. E voltando aos mentores, um amigo meu – que é um pintor abstrato bem-sucedido e com quem, à época, partilhava um estúdio onde trabalhávamos – quando viu um quadro dos macacos (que fiz tipo mascote para o estúdio) na parede disse “eu compro o quadro agora. Quanto queres por ele?”, pedi-lhe mil dólares e ele pagou. Uma semana depois, ligou-me a dizer que alguns colecionadores que viram o quadro lhe tinham oferecido 2 mil dólares pelo mesmo e ainda me aconselhou a fazer mais 10 (risos). Então desenvolvi a ideia que veio a ser a exposição “Salon do Paris”, que acabou por ser o veículo para me estabelecer como pintor em Toronto e penso que por muito tempo era reconhecido por este trabalho, mas também porque foi exposto em feiras de arte e, igualmente, porque 2 quadros mais antigos foram leiloados na Waddington´s Auctioneers & Appraisers, 1 quadro está no Anime Art Museum – que está associado à Kingston University e, portanto, alguns foram para coleções públicas.

RA: E quando é que pinta? Todos os dias ou só quando está inspirado?
JN: Praticamente todos os dias… e se não estou a pintar, estou a pensar sobre o que vou pintar. Hoje em dia há um grande trabalho de preparação por de trás de um quadro.

 

 

RA: Mas também já tem reconhecimento pelos seus murais. Quando é que foi a sua primeira experiência com a Street Art?
JN: Quando sai da universidade, através de um individuo que tinha uma companhia de pintar murais que me recrutou a seguir à minha exposição da graduação. Ele trabalhava mais para os EUA, mas os murais eram feitos aqui no estúdio dele. Na altura, acabado de me formar e sem perspetivas de emprego, decidi trabalhar para ele. Durante muito tempo fui apenas um dos pintores, mas comecei a progredir. Foi uma oportunidade para pintar todos dias e ainda ser remunerado por isso, todavia também serviu de instrução, porque acabou por ser o meu segundo curso de Arte.

RA: Como assim?
JN: Porque este emprego que parecia uma fábrica de quadros, permitia-me pintar todos dias, praticar todos os dias e ainda recebia por isso. Para os meus pais foi um alívio porque tinha um emprego para o qual tinha estudado.

RA: Ainda se lembra qual foi o seu primeiro mural?
JN: Foi uma serie de murais para uma cadeia de restaurante americana, O´Charleys. Nós pintámos aqui numa tela enorme e depois era enviado para os restaurantes e eles depois colavam às paredes.

RA: Os murais ou Street Art não era considerado arte nessa altura, pois não?
JN: Não era respeitado como é hoje em dia. Na altura quando se falavam de Street Art, a seguir perguntava-se o que era isso ou se era pintar sinais, mas agora a Street Art é grande e sei que na Europa está em voga, inclusive em Portugal, particularmente em Lisboa que tem murais com uma qualidade de trabalho tremenda. Os murais que vi são surpreendentes e todos muito bons… há por lá grandes talentos de Street Art. Hoje em dia, a Street Art tornou-se numa coisa “cool”, mas não o era quando eu comecei (risos). E o engraçado é que muitos dos artistas atuais passaram pela minha companhia – aprenderam e trabalharam comigo – e agora trabalham por conta própria.

RA: Culturalmente e até há relativamente poucos anos, desenhar ou pintar não era visto pelos pais portugueses como uma profissão. Quando é que os seus realizaram que ia ser artista e não advogado ou engenheiro?
JN: O meu futuro pós-universidade dava-lhes alguma ansiedade, mas a mim também porque naquela altura não havia nenhuma referência na comunidade portuguesa, alguém que vivesse a tempo inteiro como artista. Eles sabiam e entendiam que eu tinha que ir para Artes e nunca questionaram a minha escolha – não sei o que eles falavam entre eles (risos), mas a mim não disseram nada! Contudo, acho que eles ficaram mais descansados a partir do momento que comecei a trabalhar na tal companhia dos murais depois da universidade, porque fui remunerado pelo meu trabalho como pintor. Se bem que, para eles foi um mistério eu receber dinheiro por um trabalho que ninguém via, porque o meu trabalho ia para os EUA e só depois, quando comecei a fazer os murais no Zoo de Toronto e a fazer exposições é que eles realizaram – com surpresa – que de facto seria uma profissão e não uma coisa que eu estivesse a fazer para me divertir.

 

 

RA: Mas agora tem murais seus pela GTA…
JN: … Tenho. Fiz murais para o Toronto Zoo, Local 671, Camões Square, Park Hyatt, etc. e recentemente os murais do The Axis Club e da fachada exterior do Revival Event Venue.

RA: Onde foi buscar a inspiração para pintar os murais do Revival Event Venue?
JN: Por acaso foi o Jorge, o ex-diretor do antigo The Mod Club. Ele disse que “porque não fazer algo sobre a Garrison Creak? Que era o que existia aqui antigamente” e entregou-me um ficheiro com a pesquisa extensa que tinha feito sobre esta área – tenho que dizer que ele é um excelente pesquisador. Com a pesquisa e o formato do Revival, pensei que os murais deveriam ser sobre os trabalhadores da construção – na maioria portugueses e italianos – que viviam e trabalhavam nesta área e o que eles representavam na construção da cidade… falei com o Manuel DaCosta e ele concordou.

RA: E os murais do The Axis Club?
JN: Essa ideia foi do Manuel DaCosta. Ele sugeriu que cada secção representasse uma era musical. Assim sendo o primeiro mural é dos anos 60 e 70, o segundo dos anos 80, o terceiro é dos 90 e o quarto é a partir de 2000, mas com artistas jovens. É a preto e branco, porque não queríamos que a cor dominasse o espaço e porque com as luzes pode-se dar a cor que se quiser aos murais. No fundo quisemos criar um pano de fundo teatral que fosse bonito sem ser muito intrusivo… e foi uma das melhores experiências da minha vida!

RA: Pegando no que falou sobre os murais em Portugal… consegue-se ver num futuro próximo a fazer um mural por Lisboa?
JN: Claro que sim e aliás é uma ideia excelente. Se pudesse ter um projeto e ir lá executá-lo, eu ia… Seria fantástico! Uma das minhas coisas favoritas é poder pintar em cidades diferentes. É maravilhoso pintar no exterior, conhecer pessoas. Quando fizemos, eu e um colega, 5 ou 6 murais na Chinatown conhecemos muitas pessoas nas diferentes e das comunidades, mas ir a Lisboa seria realizar um sonho.

RA: Quem é para si o maior pintor de todos tempos?
JN: Para mim o espanhol Diego Velázquez é o maior pintor de todos tempos, que era neto de portugueses – os avós paternos eram portugueses.

RA: E qual é o seu quadro/pintura favorito(a) e porquê?
JN: “Las Meninas” de Diego Velázquez, por causa do mistério e do espaço… o interessante da pintura é que metade é espaço vazio como um quarto vazio.

RA: Ultimamente tem se dedicado mais aos murais, mas para quando uma nova exposição?
JN: Estou a trabalhar nisso e será brevemente, o problema é que neste momento muitas galerias estão fechadas. Eu tinha algumas agendadas que foram canceladas por causa da pandemia, porém o “negócio” dos murais expandiu durante esse período quando quase tudo parou. Contudo, tenho material pronto e já houve conversações para que seja apresentado na Peäch Gallery, mas quando estiver agendado haverá um comunicado.

RA: Que acha da evolução da nossa comunidade em relação às Artes?
JN: Tem havido uma evolução e uma mudança enorme. Hoje há mais confiança na comunidade criativa portuguesa e penso que o facto de Portugal “estar na Moda” já alguns anos para cá, também abriu portas. Lembro-me que quando dizia que era português havia aquele olhar no branco, não dizia nada às pessoas… Portugal para as pessoas era um nome e um país. Portanto, noto que há muito mais confiança entre os artistas portugueses e descendentes e, também Portugal ganhou uma identidade cultural que já tinha, mas que não era reconhecida pelas outras comunidades.

RA: Gostaria de o convidar a deixar uma mensagem?
JN: Gostaria de deixar uma mensagem aos jovens artistas. Não tentem ser “cool”! Sejam vocês próprios, porque o quer que seja que possam considerar porreiro hoje, pode não o ser daqui a 6 anos. Procurem a vossa “voz” dentro de vocês e não se preocupem com que se passa à vossa volta, inspirem-se em tudo e tentem encontrar coisas únicas, pois mais tarde será uma coisa única e pessoal.

 

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