Jorge & Isabel Rosado
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Jorge & Isabel Rosado

revista amar - Jorge e Isabel Rosado - palhaços d'opital
Créditos © Isidro Dias

 

Hoje por eles, amanhã por nós! Hoje fazemos pelos nossos avós, pelos nossos pais, amanhã seremos nós! “Tudo o que somos, tudo o que temos, enquanto sociedade, devemos aos que nos antecederam. Que o nosso legado seja respeitado por todos! Respeito pelo ser humano, sem qualquer distinção! E rir sempre foi e será um bom remédio!”

 

Jorge e Isabel Rosado, casados há 17 anos e pais de Lara, são co-fundadores da organização Palhaços d´Ópital que nasceu em 12 de fevereiro 2013.

Professores de Ensino Básico EVT (formados em anos diferentes na Escola Superior da Educação de Coimbra e como Professores de Educação Visual e Tecnológica), conheceram-se numa reunião dum ano letivo e no mesmo ano trabalharam em conjunto como par pedagógico.

Com o apoio da família fundaram a Palhaços d´Ópital, uma organização inovadora e pioneira na Europa, desenhada e focada nos adultos/seniores, com o objetivo inicial de levar a Arte e o trabalho dos Doutores Palhaços a adulto, com foco nos idosos nos hospitais.

De 2013 a março de 2016, Jorge e Isabel eram os únicos que integravam a equipa artística da Palhaços d´Ópital, sendo Jorge, o Doutor Risotto e a Isabel, a Enfermeita Belita. A partir de março 2016, a equipa artística cresce com Susana Gonçalves, a Doutora Donizete. Hoje, tem uma equipa artística com 4 Doutores Palhaço: Risotto, Donizete, Bem-Haja e Milla Nezza.

Isabel Rosado deixou de integrar a “equipa médica” da Palhaços d´Ópital em 2017 para se dedicar ao trabalho administrativo e assumiu a presidência da organização em janeiro de 2020.

A Palhaços d´Ópital tem padrinho e embaixador, o consagrado ator Ruy de Carvalho e o comediante multi-facetado Nilton, respetivamente. Contam também com o apoio de individualidades como André Sardet, Sofia Cerveira, Joana Cruz, Rodrigo Gomes, Sónia Santos, Carlão, entre outros.

Com a pandemia, tiveram que se “reinventar” e criaram o d’Opital TV, um canal de YouTube, que fizeram chegar gratuitamente a todos os hospitais públicos, privados e a todas as instituições que trabalham com os mais velhos em Portugal, tendo já produzido 79 conteúdos/vídeos com adaptação de contos tradicionais portugueses. Destaca-se ainda o Hino aos Idoso e as desgarradas, entre muitas outras atividades.

Embaixadores de afeto, Jorge e Isabel Rosa estiveram à conversa com a Revista Amar, no mês dedicado à família no Canadá.

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Créditos © Isidro Dias

 

Revista Amar: Quando se fala da Palhaços d’Opital, muitos não têm noção quem está por detrás dos “doutores”. Então, quem são o Jorge e a Isabel Rosado?
Jorge Rosado: Sou apenas um palhaço sonhador, dedicado, focado e feliz! Tenho 52 anos, nasci em Moçambique, tenho 3 filhas maravilhosas, sou diretor artístico e co-founder da Palhaços d’Opital e vivo no mundo!
Isabel Rosado: A Isabel é uma sonhadora que sempre acreditou que podia mudar o mundo. Adora cantar e dançar, viajar e conhecer sítios, culturas e pessoas diferentes, gosta de cozinhar e de experimentar comidas e sabores novos. Não acredita na diferença, ou seja, todos somos diferentes uns dos outros. Cada um de nós é único.
É uma mãe muito orgulhosa da sua linda adolescentes de 14 anos.

RA: E como, e onde, se conheceram?
Jorge: Conheci a Isabel na escola enquanto professor. Estávamos numa reunião e ela entrou e achei-a logo muito bonita e com sorriso mágico! Estamos casados há 17 anos. É uma pessoa cheia de paciência para aturar o facto de viver num mundo utópico (risos)
Isabel: Conhecemos-nos numa reunião no início de um ano letivo. Éramos os dois professores de Educação Visual e Tecnológica e nesse ano tivemos 2 turmas em que trabalhávamos como par pedagógico.

RA: Foi aquilo que se chama “amor à primeira vista”?
Jorge: Sim foi. Aquele sorriso bloqueou o meu cérebro. Depois do meu cérebro “flipar”, re-iniciar o sistema operativo é algo complexo, lento e confuso (risos)
Isabel: Foi! À primeira, à segunda, à terceira …

RA: E como foi o vosso namoro? Olhando para a vossa profissão, deve ter sido com muitos sorrisos…
Jorge: Foi uma aventura intensa e cheia de lutas, batalhas e conquistas que ganhou forma na Lara Rosado. A Lara é uma menina maravilhosa, com coração enorme, doce e muito bonita.
Isabel: É (não considero que o casamento acabe com o namoro). Um namoro com muita poesia (o Jorge escreve muito bem), muitos desenhos (ele também desenha muito bem), muita complicidade e muitas surpresas. Foi um acreditar que merecemos ser felizes e lutar pelo amor da nossa vida.

RA: Num casamento, por norma, quando se pensa dar aquele “passo à frente”, ter filhos, há sempre dúvidas se é a altura certa… tiveram essas dúvidas?
Jorge: Não tive dúvidas e foi um passo incrível na minha vida como pessoa. A Isabel é um pilar vital na minha vida pessoal e profissional. É uma mulher com muito bom gosto, muito trabalhadora e organizada, cozinha muito bem e tem coração muito generoso.
Isabel: Eu sempre sonhei ser mãe! Desde sempre! Além disso, quando casámos eu tinha 29 anos. Já me considerava preparada para ser mãe.

RA: Ambos estudaram na Escola Superior da Educação de Coimbra. Em que se formaram?
Jorge: Sim, estudamos. Em anos diferentes, mas no mesmo curso: Professores Ensino Básico EVT.
Isabel: No ano em que o Jorge se formou, entrei eu.

RA: No dia 12 de fevereiro, marca o 8° aniversário da Palhaços d’Opital. Quem teve a ideia deste projeto e porquê?
Jorge: Eu e a Isabel somos os co-founders desta organização que em 2013 foi inovadora na Europa e está a mudar o mundo! Temos uma equipa muito dedicada e trabalhadora, focada, empreendedora e com coração nobre e belo.
Eu sou um apaixonado pela arte do Doutor Palhaço. 92% das organizações mundiais trabalham com e para as crianças. Decidimos ser inovadores levando este trabalho mágico e notável para os adultos em ambiente hospitalar.
Isabel: O Jorge já há alguns anos que tinha o sonho de ser doutor palhaço. Eu dizia-lhe para começar um projeto dele. Devido a um conjunto de circunstâncias eu acabei por me envolver bastante em todo o processo de criação do projeto. Eu não tinha experiência na área, mas ele tinha muita. Conhecia muito bem o que se fazia nos vários projetos mundiais. A ideia foi-se desenvolvendo com as opiniões e pontos de vista dos dois. A nossa missão é Alegria, Humor e Afetos em ambiente hospitalar, com foco nos séniores. Ele é mais do Humor, eu sou mais dos Afetos.

RA: E quais eram os objetivos?
Jorge: A ideia inicial era levar a Arte e o trabalho dos Doutores Palhaço a adultos e com foco nos Idosos aos hospitais. Neste momento é uma organização muito mais complexa e organizada que está a mudar o mundo na forma como devemos Humanizar o ambiente hospitalar e ser um agente que contribua ativamente para a Valorização e Dignificação de todos e em especial dos IDOSOS!
Isabel: O meu objetivo pessoal era que ele realizasse o seu sonho. Mas a vida por vezes troca-nos as voltas e eu acabei por me apaixonar por esta arte tão bonita, a arte do Doutor Palhaço! E o facto de trabalharmos muito com os mais velhos foi um fator muito decisivo. Já tinha perdido a minha mãe e tive uma infância bastante ligada aos meus avós. Sempre adorei ouvir os mais velhos contar as suas histórias, sempre me fascinou a sua sabedoria. E os afetos a mim dizem-me muito. Não acredito numa sociedade que não cuida e respeita todos os seus cidadãos.

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Créditos: Direitos Reservados

 

RA: Pode-se afirmar que é um projeto pioneiro na Europa, certo?
Jorge: Foi a primeira organização que foi criada, na Europa, desenhada e focada nos adultos/seniores. 92% das organizações mundiais trabalha com e para as crianças (estudo apresentado em 2016, na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, no Encontro Internacional Clowning Around). Os restantes 8% trabalhavam com outras realidades como prematuros, prisões,…
Inovador também foi o estudo de Avaliação do Impacto do trabalho dos doutores palhaço chamada Bioriso, que realizámos com a parceria do IPO Coimbra e pela Faculdade de Medicina e pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra. Foi um estudo com análise de biomarcadores, através da saliva, cujos resultados oficiais serão divulgados em maio deste ano. Podemos adiantar que uma das hormonas estudada é o cortisol, conhecida como a hormona do stress. Houve uma redução desta hormona, depois da intervenção dos doutores palhaço.

RA: Como foi o arranque da Palhaços d’Opital? Tiveram apoios?
Jorge: O arranque foi duro, complexo e ao mesmo tempo encantador e marcante.
Começamos os 2 sozinhos. Iniciámos pelo registo da organização, cerca de 350€, assumimos todos os custos iniciais e durante anos foram suportados por nós: deslocações, formação, material, acessórios, etc.
Mais tarde a organização cresceu e neste momento tem orçamento anual de cerca de 150 mil euros e os investimentos são suportados por 58% Fundos Europeus, 17% empresas e restante por donativos de particulares, campanhas de angariação de fundos, campanhas de venda de merchandising, etc.
Isabel: No início éramos nós os dois! Fazíamos tudo: doutores palhaço, gestão de redes sociais, site, campanhas de angariação de fundos, comunicação …

RA: E começaram logo a tempo-inteiro?
Jorge: Durante 4 anos foi uma organização que assentou no voluntariado e há cerca de 3 é composta por profissionais.
Em 2020 foi possível organizar internamente a associação e profissionalizar toda a estrutura e departamentos. Profissionalizamos a estrutura interna, a gestão do site e redes sociais, etc.
Isabel: Íamos para o Hospital no dia em que não tínhamos atividade letiva nas escolas. As nossas escolas tinham em consideração o nosso voluntariado e perguntavam que dia da semana queríamos para ir aos hospitais. E todos os fins de semana desdobravamo-nos em apresentações e presenças em vários eventos para dar a conhecer o projeto e ir “angariando” apoios.

RA: Quem fazia parte da equipa?
Jorge: Inicialmente, de 2013 e até março de 2016 éramos apenas a Isabel e eu.
Em março 2016 entrou a Susana Gonçalves, Doutora Donizete, para a equipa artística.
Em 2021 somos 10+1. Temos equipa de 4 Doutores Palhaço profissionais a tempo inteiro.
Isabel: Em termos de doutores palhaço, começámos os dois, depois em 2016 a Susana começou a trabalhar connosco. Entretanto tivemos um estagiário e em 2019 começou a Beatriz e em 2020 a Marta.
Entretanto, em 2017 eu deixei de fazer parte da equipa de doutores palhaço e passei a estar no back office, cada vez mais com funções de representação da associação. Em janeiro de 2020, assumi a presidência e passei a estar a tempo inteiro na associação.

RA: E como é trabalhar juntos? (casal)
Jorge: Eu e a Isabel trabalhámos juntos, como Doutores Palhaço, durante cerca de 4 anos. Em janeiro de 2020 a Isabel assumiu a presidência da Palhaços d’Opital. Trabalhamos juntos há 8 anos nesta organização.
Isabel: É desafiante, principalmente nestes tempos em que a maior parte do tempo é passado em casa… Nem sempre é fácil desligar do trabalho assim. Mas já lá vão 8 anos e já aprendemos alguns truques, principalmente, a “desligar” em alguns momentos.

RA: Tiveram o apoio da família?
Jorge: Sim, tivemos. Sem a família não seria possível escalar tão rápido e sermos tão ativos e crescer da forma saudável que crescemos. Claro que deixar mais de vinte e cinco anos de carreira como professor, emprego seguro e interessante para nos dedicarmos a um projeto nosso é complexo, mas estávamos convictos da decisão!
Isabel: Tivemos. E de amigos! Mas acima de tudo apoiamo-nos um no outro, no nosso amor e no amor que temos ao próximo.

RA: O Jorge é o Doutor Risotto… qual é a “especialidade” deste doutor que nunca deixa o sorriso em casa?
Jorge: O Doutor Risotto é um conceituado Palermologista. É um sonhador nato, acha que o mundo é um espaço encantador e belo. Apaixona-se por tudo e acha que o mundo é cor-de-rosa. Tanto se apaixona por uma médica como por um enfermeiro. É distraído mas sabe, quase sempre, o que tem de fazer.

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Créditos: Direitos Reservados
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RA: A Isabel é a Enfermeira Belita que está, há algum tempo, digamos que num “retiro administrativo”, pois assumiu a presidência da Palhaços d’Opital. Sente saudades da Enfermeira Belita?
Isabel: Tenho muitas saudades! Tenho recordações fantásticas, experiências marcantes que a Belita me proporcionou… Mas neste momento da organização posso dar um melhor contributo como presidente do que como doutora palhaço. Mas a Belita terá sempre um lugar muito especial no meu coração, como tem no de muitos que se cruzaram com ela nos corredores dos hospitais e que ainda vão falando disso. E ter começado com Belita deu-me conhecimento e experiência para conhecer muito bem o trabalho do doutor palhaço e isso ajuda-me no trabalho que faço hoje em dia, quer seja na comunicação dos trabalho que fazemos quer seja no respeito e admiração do trabalho da equipa artística. É muito bom quando nós, no nosso percurso, já fizemos um pouco de tudo na organização. Entendemos e valorizamos mais o trabalho de cada departamento.

RA: Quando apareceram pela 1ª vez no IPO, qual foi a reação da equipa médica, mas em especial a reação dos pacientes oncológicos?
Jorge: Adoramos trabalhar na área Oncológica. O IPO de Coimbra é uma instituição notável e com profissionais de saúde incríveis, dedicados, altruístas e altamente competentes.
A receção ao trabalho da Palhaços d’Opital foi incrível porque não só já tínhamos 4 anos de experiência em ambiente hospitalar, a equipa artística estava muito bem preparada, a administração e profissionais de saúde do IPO de Coimbra apreciam e valorizam o trabalho de humanização em contexto hospitalar.
Há também várias reuniões e conversas constantes de forma a otimizarmos o nosso trabalho com este contexto hospitalar tão específico.
Isabel: A primeira reação era de espanto. Depois vem a admiração por haver doutores palhaço cujo trabalho não é pensado para as crianças. E o que mais nos agradecem é o tempo que estamos a gastar com eles. Para as equipas médicas não é surpresa porque nós demoramos cerca de 4 meses a preparar o início dos trabalhos num novo hospital parceiro e quando chega o dia da primeira intervenção já toda a equipa do hospital tem conhecimento do nosso trabalho.

RA: E como foi a experiência para a vocês?
Jorge: Mas é sempre um privilégio e uma honra levar a nossa arte e trabalho aos utentes e profissionais de saúde do IPO de Coimbra. Somos sempre muito bem acolhidos, sentimo-nos profissionais desta instituição e recebemos imensas mensagens e testemunhos de gratidão da parte de todos elementos desta instituição.
Isabel: Intensa, emotiva, fantástica. A equipa de profissionais do IPO de Coimbra é fantástica, a administração também. Estava tudo muito bem organizado e correu lindamente. É um hospital pelo qual temos um carinho muito especial.

RA: Hoje, quem faz parte da “equipa médica” dos Palhaços d’Opital?
Jorge: Atualmente a equipa artística da Palhaços d’Opital é composta por 4 Doutores Palhaço: Risotto, Donizete, Bem-Haja e Milla Nezza.

RA: Os Palhaços d’Opital foram ganhando notoriedade e individualidades, como o ator Ruy de Carvalho ou o comediante Nilton, abraçaram o projeto. Era um “abraço” que faltava para a divulgação do vosso trabalho?
Jorge: Convidamos o Ruy de Carvalho e o Nilton, em primeiro lugar, por serem pessoas nobres, notáveis, humildes e bonitas que são. Também o fizemos por serem pessoas com bastante visibilidade e terem o poder de fazer chegar longe a nossa mensagem e missão. Mas esse pedido de divulgação, desde início, pretendemos que estivesse sempre associado a pessoas com o ADN e o perfil com o qual a Palhaços d’Opital se identifica.
Tanto o nosso padrinho, Ruy de Carvalho, como o nosso embaixador, Nilton, são figuras públicas e elementos muito próximos e impulsionadores do trabalho e da missão da nossa organização.

RA: E outros se juntaram, como por exemplo André Sardet, Sofia Cerveira, Joana Cruz, Rodrigo Gomes, Sónia Santos e até o Carlão. Falando em Carlão, vocês uniram-se e transformaram o mais recente sucesso “Assobia para o lado”, no vosso tema de Natal “É Natal em todo lado”. Como surgiu esta oportunidade? E quem escreveu a letra?
Jorge: Já em 2019 tínhamos lançado 4 versões de músicas de Natal conhecidas. Em 2020 tivemos a ideia de convidar o Carlão e pegar numa música alegre e atual e “transformá-la numa versão natalícia”.
O Carlão desde início se associou à iniciativa e disponibilizou a música da canção “Assobia para o lado”. A equipa da Palhaços d’Opital escreveu a letra e como apoio e produção da Academia de Música de Coimbra (Mafalda Umbelino e José Rebola) criamos este sucesso de Natal.
A música está disponível no nosso d’Opital TV, nas nossas redes sociais e nos televisores dos nossos Hospitais Parceiros. A SIC, a RTP, a RFM e a Renascença apoiaram na divulgação da música e da iniciativa.

RA: 2020 foi um ano de desafios em todos os sentidos por causa do Covid-19. Como é que a pandemia afetou o vosso trabalho?
Jorge: Tivemos que nos reinventar. Desenvolvemos conteúdos para o digital. Criámos o d’Opital TV, um canal de youtube. Produzimos 79 conteúdos/vídeos: adaptação de contos tradicionais portugueses, o Hino aos Idosos, a desgarrada, etc. E crescemos. Demos a conhecer o nosso canal a todos os hospitais públicos, privados e a todas as instituições que trabalham com os mais velhos em Portugal. Disponibilizamos gratuitamente os conteúdos que criámos. E temos tido um bom feedback por parte de instituições que os usam para criar momentos diferentes.

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RA: Qual foi ou é o maior desafio?
Jorge: O nosso maior desafio é mudar a sociedade de forma a que Valorizem e Dignifiquem a pessoa mais velha e que a humanização dos hospitais seja uma realidade nas agendas de todos os responsáveis em Portugal e no mundo!
O segundo maior desafio é o financeiro. É o que nos preocupa mais. Neste momento a associação tem 3 contratos de trabalho e 7 contratos de prestação de serviços. Já é um encargo considerável…

RA: Fala-se cada vez mais em dados que revelam que, derivado às restrições, há mais pacientes de cancro por diagnosticar ou diagnosticados tardiamente devido ao congestionamento do SNS com pacientes de Covid-19. A campanha da Sociedade de Oncologia Portuguesa “O Cancro não Espera em Casa” foi iniciada para reverter esses dados e factos. Vocês que estão diariamente nos IPO´s e que trabalham e convivem com pacientes oncológicos, como se sentem quando ouvem que há histórias que poderiam ter sido evitadas?
Jorge: Nós temos um bom serviço nacional de saúde, bons hospitais e excelentes profissionais de saúde. Esta pandemia trouxe várias reflexões a público e há várias entidades e pessoas mais capazes para analisar esta questão importante e complexa. A Palhaços d’Opital está focada no lado positivo, alegria, feliz e o lado saudável das pessoas. Trabalhamos todos os dias com autênticos heróis, profissionais e utentes. São pessoas incríveis que todos os dias lutam e superam enormes obstáculos. Temos o privilégio de poder levar o melhor de nós como artistas e pessoas a pessoas e profissionais que merecem o melhor do mundo!
Preferimos focar-nos e guardar nas memórias as gargalhadas, as partilhas e as vitórias de pessoas que todos dias superam obstáculos duros, dores, desilusões e vencem de uma forma heróica com enormes sorrisos no rosto.
Isabel: Nós escolhemos focar-nos no que nós podemos mudar. E o que nós podemos fazer é ajudá-los, por um lado, a lembrarem-se que, mesmo doentes, ainda há motivos para acreditar e para sorrir e, por outro, ajudá-los a esquecerem-se de onde estão e do que estão a sofrer. Nós criamos uma memória associada a um espaço, que é o hospital, mas que está ligada à alegria, ao humor, aos afetos. Um dos testemunhos mais bonitos que já nos deixaram nas nossas redes sociais foi uma filha de um utente do IPO Coimbra que nos contou que o irmão que ligou a perguntar se tinham mudado a medicação ao pai porque ele só dizia que tinha que voltar ao IPO para mostrar ao palhaço como é que se canta.

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Créditos © Isidro Dias

 

RA: A Palhaços d’Opital para além do trabalho presencial nos IPO´s e hospitais, tem o d’Opital TV e videoclipes de canções ou representação nas redes sociais. Quais são os próximos projetos?
Jorge: A nossa equipa é muito focada, trabalhadora e pró-ativa. Fevereiro é o mês da Palhaços d’Opital. Fazemos o nosso 8º aniversário. Vamos fazer coisas novas e apostar nos diretos nas nossas redes sociais.
Vamos lançar várias novidades e manter as visitas presenciais, regulares e semanais ao IPO de Coimbra, continuar a desenhar conteúdos para o nosso d’Opital TV.
Fomos dos primeiros no mundo a adaptar-nos ao digital quando em março surgiu a pandemia. Criámos o d’Opital TV. Fomos dos primeiros a regressar às visitas presenciais, no dia 3 de julho de 2020.
Não gostamos de perder muito tempo com os problemas e adoramos pensar em soluções. Com este pensamento e com esta equipa dedicada, venham lá os desafios que iremos sempre avançar com uma proposta dando sempre o melhor de todos nós!

RA: Pode se dizer que a Palhaços d’Opital já alcançou os objetivos do projeto ou há algo mais que se possa acrescentar?
Jorge: A Palhaços d’Opital está numa fase de crescimento. Pretende alargar o trabalho a hospitais em todo Portugal. Quer continuar a investir na formação contínua da equipa, investir mais na investigação e avaliação do impacto do seu trabalho e ser um agente importante na Valorização e Dignificação da pessoa mais velha.
O estudo de Avaliação do Impacto do nosso trabalho com adultos, em contexto hospitalar, envolveu 3 Faculdades: Medicina, Psicologia e Economia, 20 profissionais (investigadores, enfermeiros, médicos, psicólogos, etc) e irá permitir comprovar os benefícios do trabalho da palhaços d’Opital e o impacto na sua mais rápida e saudável recuperação.
Isabel: O caminho ainda agora começou. O estudo de Avaliação do Impacto do trabalho dos doutores palhaço, realizado em 2020 e com data prevista de divulgação dos dados em maio de 2021, revelou, entre outras, uma redução do cortisol, a hormona do stress. Este foi o primeiro mas prevêem-se mais estudos que provem o impacto, inclusive o financeiro, nos nossos hospitais, na recuperação dos utentes e nas equipas médicas.
Ainda só estamos em 5 hospitais. Ainda há muito para crescer!

RA: Gostava de vos convidar a deixar uma mensagem aos nossos leitores.
Jorge: Nesta fase das nossas vidas é imperioso darmos mais e cuidar mais dos outros, em especial dos mais velhos.
Devemos olhar mais para o próximo porque só juntos vencemos e com alegria e felicidade.
Que é fácil sermos felizes, basta apenas estarmos atentos e aceitar tudo de bom que a vida nos traz.
Que a partilha, o cuidar dos outros e apoiar, em especial os nossos idosos (avós, tios, pais, etc.) é um ato mágico que traz magia, sorrisos, alegria e amor.
Isabel: Hoje por eles, amanhã por nós! Hoje fazemos pelos nossos avós, pelos nossos pais, amanhã seremos nós! Tudo o que somos, tudo o que temos, enquanto sociedade, devemos aos que nos antecederam. Que o nosso legado seja respeitado por todos! Respeito pelo ser humano, sem qualquer distinção! E rir sempre foi e será um bom remédio!

 

 

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