Magellan Community Foundation: Cada vez mais perto
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Magellan Community Foundation: Cada vez mais perto

Magellan - revista amar

 

No dia 14 de dezembro de 2021, a Magellan Community Foundation anunciou mais uma avultada doação, resultante da Capital Campaign – “Give Back – It’s Our Turn”, iniciada no dia 8 de dezembro. O montante de 500 mil dólares, resultou da combinação de contribuições da Ontario Formwork Association, Arnold Santos e Ermidio Alves para a construção do Magellan Centre.

Para sabermos mais sobre esta doação e pertinentes desenvolvimentos da campanha, a Revista Amar convidou Angie Camara e Arnold Santos para uma conversa, que gentilmente foi aceite.

 

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Angie Camara em representação do Magellan Community Charities e doador Arnold Santos
Créditos © Carmo Monteiro

 

Revista Amar: Arnold, conte-nos um pouco de si…
Arnold Santos: Nasci em São Miguel e cheguei ao Canadá em 1957. Trabalhei em diferentes ramos durante 13 anos e, eventualmente, abri o meu primeiro negócio de maquinaria em Toronto, mas que mais tarde mudei para Mississauga. Durante 40 anos fiz peças (tool and die) em aço para a indústria da construção, automobilística, ferroviária, mobiliária, etc. e vendi o negócio há 7 anos, mas ainda tenho duas empresas e tento me manter ocupado

RA: E mantem-se ocupado como?
AS: Participando voluntariamente dentro e fora da comunidade portuguesa. Sou membro do Rotary Club Mississauga, da Academia do Bacalhau, do Clube dos Vinhos, da Federação de Empresários e Profissionais Luso-Canadianos (FPCBP) – onde também sou um dos doadores para as Bolsas de Estudo.

RA: Falando na FPCBP, sei que foi presidente desta organização por 3 vezes – 1991, 1992 e 1995 respetivamente. Como foram essas experiências?
AS: As minhas experiências foram bastante interessantes. Na altura, não sabia muito sobre a comunidade portuguesa porque fazia a minha vida fora da comunidade. Quando cheguei, a Federação estava a atravessar por um período problemático, mas como eu era uma “cara nova”, dava-me bem com todos e pouco me importava quem tinha conflitos entre si, tanto que depois de ter participado na primeira reunião, já me queriam eleger como presidente, mas eu rejeitei porque eu precisava conhecer primeiro a organização.

RA: Vamos falar ao que nos trouxe aqui… a Magellan Community Foundation. Quando ouvi falar deste projeto, o que pensou?
AS: Pensei que era um edifício comunitário. Quando me falaram do projeto eu acreditei logo nele e acredito.

RA: O que acha do Magellan Centre?
AS: É assim… eu estou aqui há mais de 60 anos e isto é um grande projeto! É um projeto para a comunidade portuguesa e que envolve e vai envolver portugueses. E o que falta? Dinheiro para o arranque! As condições estão todas reunidas para dar certo, mas se não o conseguirmos agora nunca mais o vamos conseguir.

RA: E quando lhe falaram na Capital Campaign, teve dúvidas em contribuir com um donativo?
AS: Não tive. Eu concordei em dar um contributo, mas sem revelar o valor. Eu já tinha posto um montante à parte e foi esse que doei à Magellan.

RA: O que acha da escolha da localização (640 Lansdowne Ave., Toronto)?
AS: Acho que é a localização perfeita, uma vez que vai ser um edifício comunitário português.

RA: O que acha que deve ser transmitido para a comunidade?
AS: Que os atuais diretores da Magellan estão a pensar e a trabalhar num projeto para a comunidade, sem interesse próprio. Eu sei que eles estão a fazer de tudo por isso e corretamente, mas ainda há muitas pessoas que não o sabem.

RA: E, na sua opinião, a que se devem essas dúvidas?
AS: Porque é fácil criarem-se dúvidas e acreditar nelas!… “Se estás envolvido nesse projeto, é porque tens interesse nisso”, é muito fácil acreditar nisto porque ninguém prova o contrário. Quando concordei fazer um donativo à Magellan eu enviei um questionário à Irene Faria com perguntas genéricas sobre o projeto porque queria algumas informações e esclarecimentos. Eu disse à Irene, que se conseguissem responder às perguntas, era sinal que estavam no caminho certo…

RA: … e recebeu as respostas?
AS: Sim… e até me agradeceu por tê-las feito, pois normalmente são informações que não saem para fora mas, que deveriam. É muito importante comunicar à comunidade portuguesa, que o Magellan Centre é um edifício comunitário. E isto tem que ser dito vezes sem conta, repetir as vezes que forem necessárias. É importante repetir que os diretores são voluntários, para que serve o dinheiro – onde e como vai ser aplicado -, quanto já foi angariado, etc..

RA: Mas que tipo de interesse pessoal se pode ter, nesta fase do projeto?
AS: Isso não importa para quem cria as dúvidas mas, é importante tirar essas dúvidas.

RA: A Angie é uma das diretoras. Porque é que aceitou o convite para fazer parte deste projeto?
Angie Camara: Eu aceite envolver-me no projeto, porque a primeira coisa que passou pelo meu pensamento foi os meus pais. O meu pai já faleceu. Mas, foi com a visão de que tenho a minha mãe que está em casa – que quero que fique o máximo de tempo possível – e tenho tios e tias que estão na faixa etária dos 70/80 anos que aceitei o convite, ou seja, quero ajudar os seniores. Que fique bem claro que não é com alguma intenção ou interesse!
AS: E há muitas pessoas que pensam como a Angie… ajudar o próximo. Contudo, tem que se lhe dizer, fazer-lhes chegar a informação. Tem que haver comunicação entre a Magellan Community Charities e a comunidade, nem que seja pelos jornais, rádios, revistas, televisão, etc., para que as pessoas entendam a grandeza da Magellan e os benefícios que vai trazer para a comunidade.

RA: Os doares têm algum privilégio no futuro como, por exemplo, um lugar garantido no lar?
AC: É uma boa pergunta… Não, de todo! No que diz respeito às camas disponíveis no lar, é o ministério dos cuidados prolongados que vai determinar quem entra no lar. Já no que concerne ao acesso ao alojamento acessível, essa decisão ficará ao cargo da Câmara Municipal de Toronto. Nós estamos a construir a Magellan para a comunidade, mas não vamos ter o poder de decisão de quem lá vai morar. E isto é muito importante que se saiba e perceba! Nós só vamos ter poder de decisão na programação que vai haver no Magellan Centre, ou seja, na comida, eventos (folclore, música, etc.), missas, entre outras.

RA: Em dezembro deram início, durante as festividades, à primeira campanha de marketing com o título “Give Back – It’s Our Turn”. Porque este título? E qual é a finalidade?
AC: O que nos levou a escolher este título foi que, apesar dos cuidados prolongados serem para os seniores nem sempre são os seniores que tomam as decisões quando chega a hora de ir para um lar mas, sim dos filhos ou dos netos. A campanha era dirigida a eles, ou seja, chegou a hora de nós retribuirmos… seja por doações, envolvermo-nos no projeto, pois há muitas formas de se envolverem. A campanha foi extraordinária! Nós temos na comunidade 16 meios de comunicação, que se uniram a nós, dando-nos espaço nas suas plataformas para promover a Magellan Community Foundation. Durante este período fizemos alguns comunicados relativos a doações ou a combinação de doações avultadas, como esta. A nossa finalidade, para além de angariar fundos, era também uma campanha de consciencialização e despertar o interesse da comunidade em se envolver voluntariamente. No fundo, é dar vida ao Magellan Centre.

RA: Esta campanha termina a 5 de janeiro. Desde do dia 8 de dezembro até hoje (29 de dezembro), houve um aumento de donativos?
AC: Sim, esta campanha está a gerar mais donativos. Como já tinha dito, está a correr muito bem.

RA: O que estão a planear para 2022?
AC: Estamos a trabalhar em algumas coisas a nível de marketing. Estamos à espera de entrar numa fase mais controlada da pandemia para que possamos nos juntar, porque já também estamos a planear eventos e, obviamente, que queremos fazer alguma coisa no Dia de Portugal… a comunidade unida progride mais depressa. Portanto, temos planos para várias campanhas de marketing, eventos de consciencialização e networking. É importante salientar que ainda estamos a fazer Capital Campaign e nenhuma contribuição é pequena ou grande demais (sorriso). Os primeiros 15 milhões e 200 mil dólares são para iniciar a construção do edifício. Há ainda muitas pessoas que confundem Capital Campaign e angariação de fundos (jantares, galas, etc.), porque querem ajudar e envolver-se com a organização de eventos, com a doação de objetos de arte e neste momento temos que ser mais estrategas, focar-nos nas campanhas de marketing e temos que saber gerir o tempo.

RA: Como tem sido conciliar a sua vida profissional com o voluntariado?
AC: Eu vou ser franca, não é fácil! Eu tenho o meu emprego a tempo-inteiro, mas este “cargo” voluntário também é a tempo-inteiro porque dá muito trabalho e só cá estou há pouco mais de 1 ano. Agora imagem os 3 fundadores (John Ferreira, Manuel DaCosta e Jack Prazeres), o trabalho que eles tiveram para conseguirem dar início a tudo isto! Todos os diretores têm sido incansáveis e ainda por cima durante a pandemia!!! E a comunidade não tem noção disto!

RA: O Arnold consegue imaginar-se a fazer parte do Magellan?
AS: Não diretamente… eu já estou envolvido noutras organizações, mas estou disponível a ajudar no que for preciso porque quero o sucesso deste projeto.

RA: Gostaria de os convidar a deixar uma mensagem aos nossos leitores.
AS: Gostaria de dizer que estamos perante um projeto único, o primeiro do género na comunidade. Quem está envolvido está seriamente e genuinamente envolvido para o concretizar. A Magellan Community Charities vai ser um símbolo na comunidade portuguesa uma vez construído e acho que é muito importante para todos nós termos algo desta envergadura.
AC: Eu gostaria de encorajar a comunidade… tanto as pessoas que já estão envolvidas como as que ainda não estão, a se informarem sobre esta iniciativa. Este tipo de projeto comunitário não aparece “todos os dias”. Este projeto é inclusivo do qual podemos e devemos estar orgulhosos e por isso tentem saber o máximo que poderem sobre o que o Magellan Centre vai ser, o que vai oferecer e representar. Na minha visão otimista, esta casa é só a primeira e tenho esperança que no futuro haja outras…uma em Mississauga, em Brampton, etc.. Se as pessoas se juntarem para concretizar a primeira, podemos fazer outras depois. O Magellan Centre precisa de estar no Canadá inteiro. Pessoalmente, já gosto de estar envolvida em projetos que estejam a nascer de raiz mas, sendo este português enche-me de orgulho… tenho muito orgulho de ser portuguesa e da minha herança cultural. Portanto, vamos trabalhar juntos neste projeto que é para todos, independente se um dia vai precisar de lá morar. Este projeto deve ser apoiado por todos nós de todas as maneiras e formas.

Até ao fecho desta edição, o valor total angariado é de 5 milhões e 200 mil dólares.
Pode encontrar o valor atualizado na edição semanal do Milénio Stadium.

Para dar o seu contributo, visite:
www.magellancommunitycharities.ca
ou contacte por email:
[email protected]

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