Magellan Community Foundation: Natália Santos
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Magellan Community Foundation: Natália Santos

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A Magellan Community Charities que vai ser erguido na 640 Lansdowne Ave. em Toronto tem um grupo de luso-canadianos – e não só -, empenhados para que este projeto seja uma realidade em 2025. Para sabermos mais sobre os últimos acontecimentos, a Revista Amar tem convidado diretores da Magellan Community Foundation e Charities para informar a comunidade portuguesa acerca de cada comité, a sua função, competência e responsabilidade. Assim sendo, para esta edição convidámos Natália Santos, a nova diretora geral, que gentilmente aceitou conversar connosco.

Revista Amar: Natalie, fale-nos um pouco de si.
Natália Santos: Eu nasci aqui, em Toronto. Nasci no dia 7 de dezembro e o meu nome é Natália por causa do Natal. (risos) O meu pai chama-se Manuel e é das Caldas da Rainha e a minha mãe chama-se Uranea e é de São Roque do Pico e conheceram-se cá. A minha mãe, quando chegou cá, começou a trabalhar numa ourivesaria e depois foi trabalhar para as limpezas e depois tornou-se uma PSW (Personal Support Worker) e começou a trabalhar com pessoas idosas… ela ia às casas, tomava conta deles, davam-lhes banho, comida e, às vezes, ela mudava-lhes os pensos. Pronto, era o trabalho dela e ela gostava imenso. Ela decidiu fazer este trabalho de PSW, porque ela tomou conta do pai dela, o meu avô, quando adoeceu no Pico. Entre os irmãos, cada um tirava um bocadinho do seu tempo para lá ajudar a mãe deles a tomar conta do pai e, por acaso, eu ia com a minha mãe ajudar a minha avó. Eu dava papinha ao meu avô (riso) porque ele já não podia comer sozinho… são memórias que eu tenho da minha infância. Foi depois de termos regressado que a minha mãe decidiu ajudar as pessoas da terceira idade e tirou cursos e depois começou a trabalhar para uma empresa. Mais tarde decidiu ir trabalhar para o St. Michael´s Hospital daqui em Toronto. Ela queria ter sido enfermeira, mas não teve essa oportunidade, mas foi trabalhar na limpeza do hospital e trabalhou lá durante 10 anos e adorou. Esta é, um bocadinho, da história da minha mãe. O meu pai foi carpinteiro toda a vida e tinha a oficina em casa. As minhas memórias de criança são de ver o meu pai trabalhar na oficina e eu ia ajudá-lo… as peças de madeira caíam no chão e eu perguntava “pai, posso fazer uns buraquinhos?” e ele dava-me cola e eu fazia uns buraquinhos com as peças que caíam no chão. (risos) Ele tinha uma lareira dentro da garagem e lembro-me bem que às vezes ele fazia febras e punha dentro de um papo-seco… era tão bom! Que memórias… Eles trabalharam toda a vida aqui e eu e os meus irmãos nascemos cá.

RA: É a mais nova?
NS: Sim… e a mais responsável! (risos) Nós fomos criados num ambiente típico de uma casa portuguesa… uma casa que tinha tradições – mais a minha mãe, ela quis manter as tradições da infância dela. Fomos sempre à missa, participámos sempre nas festas religiosas e toquei numa filarmónica.

RA: Em qual?
NS: Na Banda do Sagrado Coração de Jesus, na Igreja Sta. Helena, em Toronto.

RA: E como surge a música na sua vida?
NS: Surgiu quando foi de férias para o Pico. Eu vi primos meus a tocar na filarmónica da freguesia. Eu ainda era pequenina, mas disse à minha mãe que também queria tocar o clarinete. Quando chegámos cá, depois às férias, através de conhecimentos do meu pai meteram-me na Escola de Música de Santa Helena e pronto. Daí para a frente, aprendi a tocar música e comecei a tocar… e toquei por muitos anos.

RA: É casada e tem filhos?
NS: Sou casada… este ano celebraremos 15 anos e temos uma filha de 12 anos, que se chama Victoria. Ela começou novinha – até à pandemia – a dançar no Rancho Folclórico Académico de Viseu, na Casa das Beiras. O meu marido chama-se Steve e também dançou num rancho durante muitos anos… já vem de família. (risos) O meu marido também nasceu cá, mas os meus sogros são de Peral, uma freguesia do município de Cadaval.

RA: Qual foi o seu percurso profissional até chegar aqui?
NS: Eu quis ser Polícia, mas nunca segui esse caminho e como fui criada num ambiente de construção – o meu pai na carpintaria e os meus irmãos na construção – sempre tive aquela “coisa” de também querer trabalhar na construção. Após de ter casado, fui trabalhar companhia mecânica e estive lá durante dois anos. Depois de ter tido a minha filha, decidi que eu queria fazer uma coisa diferente. Eu comecei a trabalhar em Property Management em prédios e condomínios, porque gostava de ver a construção de um prédio do princípio até ao fim e depois ver as pessoas todas a mudarem-se para aquele prédio… que já não era um prédio, era uma casa. Foi nessa altura que decidi ir tirar cursos. Eu voltei para a escola e eu gosto muito de estudar e estou a pensar em tirar mais cursos. Mas, tirei os cursos que precisava para ser Property Manager. Nessa altura, a minha filha ainda era muito pequenina, ainda era uma bebé e eu andava na escola e a trabalhar ao mesmo tempo… mas acabei os meus cursos num ano e fiz um exame e depois fiquei certificada como Condominium Manager e eu comecei a trabalhar nos prédios. Eu sempre gostei de trabalhar, essencialmente, em construções novas, ou seja, eu trabalhava diretamente com o desenvolvedor… o que posso dizer? Eu adoro a construção. Eu tive nessa carreira durante 10 anos até agora. Gosto de trabalhar com pessoas e esta profissão permitiu-me trabalhar com pessoas diferentes e fazer ligações profissionais que tenho até hoje com advogados, engenheiros, construtores, conselhos diretivos, etc… Eu gostei muito de trabalhar nessa área.

RA: No fundo, gosta de trabalhar em equipa ou grupo.
NS: Sim, gosto muito.

RA: E quais eram as suas responsabilidades como Property Manager?
NS: Eu supervisionava a construção, os orçamentos, diversas equipas, coordenava vários projetos, trabalhava diretamente com diversos conselhos diretivos e também tinha que resolver alguns problemas ou conflitos.

RA: No total, quantos anos tem de experiência nesse ramo?
NS: Eu diria, 12 anos… quase 13.

RA: Contudo, alguma coisa mudou.
NS: Sim… eu comecei a pensar que tava na hora de mudar de carreira, mas ao mesmo tempo queria continuar a trabalhar na mesmo ramo, mas só trabalhar com um desenvolvedor. Há 3 anos decidi melhorar a minha educação e registei-me num programa certificado de Project Management na Universidade de Toronto. Assim que tirei o curso apareceu a pandemia e tudo parou e como não estava fácil encontrar trabalho, continuei a fazer Property Management, porque éramos considerados trabalhadores essenciais.

RA: Entretanto, como soube da Magellan Community Foundation?
NS: Foi através da Eddie Suliman, que na altura estava aqui a ajudar provisoriamente, num almoço ocasional. Nós somos primas e como eu estava a trabalhar perto daqui fomos almoçar para pôr a conversa em dia. No meio da nossa conversa, falámos de filhos, dos desafios da Covid-19, família, de trabalho e acabei por lhe contar que queria mudar de carreira. Foi aí que ela me falou da Magellan e que eles estavam à procura de uma pessoa a tempo inteiro para a posição de General Manager.

RA: E ficou interessada?
NS: Depois de ela me mandar a descrição do trabalho, sim. Mas, eu estava com férias marcadas e só depois de ter voltado é que falei com a Eddie. Depois enviei a minha ficha de inscrição com o meu currículo e fui a uma entrevista… e não era a única candidata, havia muitas candidatas e candidatos para esta posição.

RA: E como correu?
NS: Bem, até nem parecia uma entrevista. Foi muito casual, um bom ambiente e uma boa conversa com os membros diretivos… saí com um bom pressentimento. Depois fui-me embora e fiquei à espera da resposta. Após uns tempos e de mais algumas reuniões, cá estou!

RA: O que é que lhe chamou mais à atenção sobre o projeto?
NS: Houve várias coisas que me chamaram a atenção… principalmente, por ser um projeto muito importante para a nossa comunidade e voluntário e vamos ser realistas… há uma falta enorme de lares de cuidados prolongados na nossa província, no país inteiro, pelo mundo até. E a nossa comunidade não tem uma casa como esta. Certamente que não somos os únicos, mas temos a oportunidade de a ter. Por isso este projeto é muito importante para mim, porque não vai ser só uma casa para os idosos, como também um alojamento acessível e será um ponto de encontro para a comunidade.

RA: A sua experiência pessoal e profissional, foram a combinação ideal para ser contratada para esta posição. Quais são as suas responsabilidades?
NS: Como diretora geral eu ajudo os diretores em certos e diferentes aspetos do projeto, como na parte da construção com o Richard Ramos e também ajudo na angariação de fundos que são precisos para chegarmos à meta e quando abrirmos a Magellan o meu trabalho vai continuar, provavelmente, na gerência em diferentes níveis.

RA: O arranque da construção passou para início de 2023. O que mudou?
NS: Nada, estas coisas acontecem. Nós estamos sempre dependentes das licenças e num ano de eleições, é normal haver atrasos.

RA: Neste momento, do que precisam?
NS: Precisamos que a comunidade se una ao projeto, que divulgue o máximo sobre ele e precisamos de voluntários para várias posições e todos são bem-vindos. Este projeto vai ser uma realidade na nossa comunidade e de todos nós.

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