Peter Moreira
Entrevistas

Peter Moreira

Peter Moreira

Peter Moreira é o atual Chefe de Polícia da Região de Durham, no Canadá, tendo assumido o cargo em 24 de março de 2023. É o primeiro oficial de ascendência portuguesa a ocupar essa posição no país. Filho de imigrantes de São Miguel, Açores, e nascido em Ajax, Ontário, a história de Peter Moreira é marcada por esforço, dedicação, valores familiares e um profundo compromisso com a justiça. Honestidade, integridade e trabalho árduo foram os pilares transmitidos pelos pais, que o guiaram durante toda a vida, desde a juventude até ao cargo de alta responsabilidade que ocupa na polícia. O agora Chief Moreira iniciou sua carreira policial em 1991 como cadete na Polícia de Toronto. Em 1993, concluiu sua formação no Colégio de Polícia de Ontário e ao longo de mais de três décadas de serviço, ocupou diversos cargos de liderança, incluindo comandante das unidades de Homicídios, Força-Tarefa Integrada de Armas e Gangues, e da Divisão 51. Além disso, participou da força-tarefa de transformação da Polícia de Toronto, contribuindo para o relatório “Action Plan: The Way Forward”. ​Concluiu o seu Bacharelado em Policiamento, com Honras, pela Universidade Wilfrid Laurier. Ao assumir o comando da Polícia Regional de Durham, que conta com mais de mil agentes e civis, servindo uma população de aproximadamente 696 mil habitantes em cidades como Ajax, Oshawa e Whitby, no sul de Ontário, Peter Moreira destacou a importância de construir confiança com a comunidade, fortalecer parcerias locais e modernizar os serviços policiais. Ele lançou a iniciativa “DRPS: Forward. Together.” com o objetivo de modernizar a instituição e reforçar o policiamento comunitário. A par da sua vida profissional bastante absorvente e exigente, Peter Moreira sempre se manteve ativo na comunidade local, assumindo o cargo de treinador de futebol, voluntário, por mais de 15 anos. A sua ligação ao futebol começou, aliás, com a bola nos pés, mas como percebeu que “nunca seria um Ronaldo” preferiu passar a paixão pelo futebol aos seus filhos e aos filhos dos outros, através dos treinos, como havia feito o seu próprio pai na sua juventude. Hoje com cinco filhos e a esposa sempre ao seu lado, Peter Moreira reconhece o papel essencial da família na sua estabilidade pessoal e profissional e fala com muito orgulho dos seus pais imigrantes e da cultura portuguesa que lhe transmitiram e permanece bem viva dentro de si, desde a infância.

 

Um canadiano com raízes profundas nos Açores

Nasci em Ajax, na região de Durham. Os meus pais são de São Miguel, Ponta Delgada, e vieram para a região de Durham numa altura em que havia por aqui muito poucos portugueses. Aliás, quando nasci em Ajax, acho que éramos a única família portuguesa a viver lá na altura. A minha mãe veio para cá em 1971 e viajava frequentemente para trás e para a frente porque o meu pai estava no serviço militar em Portugal. Depois, eu nasci aqui em fevereiro de 1972 e a minha mãe continuou a viajar para visitar o meu pai até ele terminar o serviço militar. Depois estabeleceram-se aqui em Ajax. Tive uma educação muito tradicional portuguesa. A língua que falávamos em casa era o português. Aliás, quando os meus avós eram vivos, falava-se português quase exclusivamente em casa. Com o passar dos anos, depois do falecimento dos meus avós e com os meus pais a viverem cá há mais tempo, o meu pai envolvido nos negócios e a minha mãe a trabalhar a tempo inteiro, o português foi-se perdendo um pouco. Embora consiga falar a língua portuguesa numa conversa, acho muito mais fácil falar inglês (risos). Compreendo muito bem o português e volto frequentemente a Portugal para visitar, sentindo-me bastante confortável a falar português lá.

A coragem dos pais e os valores que transmitiram

Não acho que a minha história seja muito diferente da de muitas outras pessoas que são filhos e filhas de imigrantes neste país. Não tínhamos muito, mas os meus pais trabalharam muito, esforçaram-se imenso e pouparam cada cêntimo que tinham para conseguirem comprar a sua primeira casa. Eles tiveram vários empregos a tempo parcial. A minha mãe trabalhou na Sylvania, uma empresa que produzia lâmpadas e fusíveis em Pickering, e o meu pai acabou por trabalhar numa fábrica que fabricava esferovite. Uma história interessante é que também limpavam todos os bancos em Ajax (carregando à mão todos os materiais de limpeza, porque não tinham carro), simplesmente para conseguirem juntar dinheiro suficiente para pintar a casa. Eles ensinaram-me que, com trabalho árduo, podemos alcançar tudo o que quisermos. O meu pai sempre me disse que não era preciso ser a pessoa mais inteligente da sala, mas sim a que trabalha mais arduamente e que isso me permitiria atingir os meus objetivos. Isso deixou uma marca profunda em mim. Não falavam inglês muito bem, mas isso não impediu o meu pai de treinar equipas de futebol, de organizar grupos e de garantir que estivéssemos sempre envolvidos na comunidade. Na altura, não percebia o impacto que isso teria em mim, mas, olhando para trás, ajudou-me a tornar-me no que sou hoje. O exemplo que me deram é algo que tento seguir com os meus filhos e continuo a viver o sonho que tinham quando vieram para o Canadá. Tenho um enorme orgulho nos meus pais. Os meus avós só chegaram anos mais tarde, depois de os meus pais já terem comprado a sua primeira casa. Na altura, eu nem sequer percebia que tínhamos pouco. Só mais tarde refleti sobre isso e percebi que não tínhamos muito dinheiro, nem muitas coisas. Mas sempre me senti rico porque estava sempre com os meus pais ou com a comunidade portuguesa, que, na altura, se concentrava mais em Oshawa. Também passávamos muito tempo em Hamilton, para onde o meu tio tinha imigrado. Passávamos tempo nos clubes portugueses por lá. Nunca me lembro de estar sozinho por muito tempo. Estava sempre com a família e, especialmente, com os meus pais. Sempre estive muito envolvido no futebol, a jogar, e o meu pai ou treinava a equipa, ou geria, ou participava de alguma forma. Isso está muito presente nas minhas memórias de infância. Sempre me senti envolvido em algo e nunca senti que me faltava alguma coisa, porque tinha tudo o que precisava. Não podia estar mais orgulhoso da minha herança. E penso nos humildes começos dos imigrantes, como os meus pais, que vieram para este país. Trabalharam para construir este país e para criar os seus filhos e as suas famílias aqui. Isto é importante para mim porque esta é a promessa que eles fizeram. Os sacrifícios que fizeram para virem para aqui e se colocarem em posições desconfortáveis (a língua, a cultura, tudo o resto…) para me darem uma vida melhor, para me darem oportunidades que eu poderia não ter tido no local onde foram criados. Levo essa responsabilidade muito a sério. E acho que é importante que toda a gente que é produto de imigrantes leve isso muito a sério, porque os sacrifícios que eles fizeram são muito importantes para quem somos hoje. E eu não estou apenas orgulhoso, eu demonstro isso nas conversas que tenho um pouco por todo o lado.

 

Ser polícia – um sonho de menino

Vim para a polícia por causa de algo que me aconteceu quando eu tinha dez anos. Na realidade, sempre me interessei pela polícia. Sempre adorei os carros da polícia, os camiões dos bombeiros e todas essas coisas. Quando eu tinha dez anos, tínhamos acabado de nos mudar para a segunda casa. Os meus pais tinham comprado aquela casa muito maior, numa zona mais agradável, e estavam muito orgulhosos disso. Era uma sexta-feira e, segundo a nossa tradição, antes de fazermos qualquer outra coisa, a casa era limpa de cima a baixo. E acreditem, a minha mãe mantinha a casa tão limpa, que não era preciso fazer uma grande limpeza à sexta-feira, porque estava sempre limpa. Mas aspirávamos, fazíamos tudo e íamos jantar fora. Voltámos duas horas depois do jantar e reparámos logo que a luz estava acesa, dentro de casa. E quando fomos à porta, apercebemo-nos que a porta estava trancada, mas quando o meu pai a abriu, havia pegadas de lama. Alguém tinha arrombado a porta do pátio das traseiras e tinha entrado na nossa casa, na nossa nova casa. Só estávamos lá há duas semanas. Eu tinha acabado de receber um Walkman amarelo como prenda de aniversário. Lembram-se daqueles Walkmans, leitores de cassetes? Tinha desaparecido. Tínhamos sido assaltados e tinham-nos roubado coisas. Os meus pais chamaram a polícia e apareceram dois agentes da Polícia Regional de Durham e lembro-me de como me senti quando eles lá estavam. Sentia-me seguro, estava assustado, era um miúdo de dez anos, mas aqueles agentes fizeram-me sentir seguro. Revistaram a casa toda. Recolheram provas. Mandaram vir um agente forense para tirar impressões digitais. E sabem… duas semanas depois, encontraram os autores do roubo, prenderam-nos e recuperaram o meu Walkman. E eu sei o que senti e pensei: é isto que eu quero fazer. Quero fazer isto. Quero ajudar as pessoas. 

Do sonho para a realidade

Dou por mim a terminar o liceu, interessado em policiamento. Começo a candidatar-me mesmo antes de ter terminado. O liceu e o Serviço de Polícia de Toronto tinham um programa de cadetes que nos permitia entrar e, por fim, tornarmo-nos agentes. E eu agarrei essa oportunidade porque era isso que queria fazer. Mas também me apercebi da importância de continuar a desenvolver-me a partir da minha formação. Por isso, entrei para a polícia como cadete, passava multas de estacionamento na baixa de Toronto numa mota Harley Davidson. Depois, acabei por ir para o Ontario Police College. Depois de terminar a Escola de Polícia de Ontário, comecei a tirar alguns cursos em várias escolas de polícia de todo o país e a fazê-lo aos poucos, dediquei-me ao meu desenvolvimento profissional. E depois, finalmente, obtive o meu diploma universitário enquanto trabalhava como agente da polícia. Por isso, para mim, nunca foi uma questão de “ou/ou”. Eu ia fazer as duas coisas, e encontrei uma forma de as fazer enquanto equilibrava uma vida profissional muito ocupada, uma vida familiar, muitos filhos, muitos eventos. Demorei um pouco mais do que a maioria das pessoas, mas consegui. Consegui fazer as duas coisas.

Entretanto, os meus pais embora estivessem felizes também ficaram preocupados quando decidi entrar para a polícia. Quando entrei para a Polícia de Toronto, penso que especialmente a minha mãe ficou muito preocupada. Primeiro, porque achava que ia estar muito tempo longe de casa, e depois porque ia trabalhar na grande cidade, Toronto, o que a preocupava imenso. Agora, e ao longo da minha carreira, claro, eles estão orgulhosos do que alcancei. Na verdade, sempre estiveram orgulhosos de mim em cada passo do caminho. Sempre me fizeram sentir importante, pois celebravam cada pequena conquista. 

Família: o alicerce de tudo

Quando conheci a minha esposa e tivemos filhos, esse apoio só cresceu cada vez mais. Hoje, tenho muito apoio da minha família e tudo começou com os meus pais. As minhas duas filhas estão na casa dos 30 anos. Os meus filhos estão na casa dos 20. A minha mulher merece todo o crédito pelos meus filhos. Eu tentei estar presente nos eventos familiares, na maior parte dos jogos de futebol e de todos os outros desportos em que eles estavam envolvidos. Mas a minha mulher foi sempre a constante nisso. Ela é responsável, em grande parte, por onde estou hoje. Sinto que falhei algumas coisas, de certeza, mas gosto de pensar que estive presente em mais do que as que perdi. A lição mais importante que os meus pais me ensinaram foi sobre honestidade e integridade. O nosso nome tem valor e é importante ser visto como uma pessoa honesta e íntegra. Isso significa não enganar, não tirar algo que não nos pertence e ganhar tudo com esforço. Não há atalhos na vida. Acho que isso me impulsionou. Sempre fiz os trabalhos menos populares na polícia porque eram trabalhos que precisavam de ser feitos. E foi ao fazer essas tarefas difíceis, e não as fáceis, que adquiri uma grande experiência e me coloquei numa posição que me permitiu estar onde estou hoje.

 

O lado bom e menos bom de ser polícia

O mais difícil em ser polícia é que ninguém chama a polícia porque algo está a correr bem. Sempre nos chamam porque algo está errado. Nós vemos as pessoas nos seus piores momentos. As situações em que os agentes se encontram diariamente podem ser um grande peso para eles, porque acabam por carregar os problemas dos outros. Além disso, há o trabalho por turnos e o impacto que isso tem na família e na própria vida pessoal. Isso torna-se difícil de gerir. É por isso que é essencial ter um bom sistema de apoio para conseguir lidar com os desafios diários da profissão. 

Todas as missões tiveram os seus desafios. Todas foram difíceis de alguma forma. Cada trabalho que se assume no serviço policial tem um nível diferente de competências que é necessário desenvolver ou melhorar. Por isso, temos de passar muito tempo a tentar melhorar continuamente através da formação ou, simplesmente, da exposição às coisas; redigir mandatos, por exemplo, exige muito trabalho, e todo esse trabalho é avaliado, em última análise, pelos tribunais que decidem sobre o que fazemos. E penso que, ao longo da minha carreira, fiz todos esses trabalhos difíceis. E depois dei por mim, a certa altura, na brigada de homicídios de Toronto, um lugar onde estive quase dez anos, em vários escalões. Nesse trabalho, vi o pior que uma pessoa humana pode fazer a outra. E os traumas que ficam, não só as pessoas sofrem, mas também a família. E sempre me vi na posição de lhes trazer um pouco de paz, descobrindo quem matou o seu ente querido, quais foram as razões, e ajudando a condená-lo em tribunal e a pô-lo na cadeia. É uma responsabilidade enorme e emocionalmente muito pesada para os agentes da polícia. Ainda hoje sou amigo de muitas das famílias das vítimas, com quem ainda falo regularmente, sobretudo por altura das datas de aniversário dos crimes, em que perderam os seus entes queridos. Na vida policial cada desafio apresenta novas oportunidades. E eu sempre estive numa posição de aceitar essas novas oportunidades e de me desafiar. E encontro-me aqui hoje.

O impacto das mudanças sociais na perceção da polícia

Hoje em dia vemos a sociedade policial a ser vilipendiada através de muitos movimentos. Os polícias tornaram-se agora os maus da fita para muitos, apesar de termos todo um segmento da população que apoia silenciosamente a polícia. Mas o mundo atual das redes sociais vilipendiou realmente a polícia. Por isso, temos de ter uma conversa honesta sobre as coisas que estão a assolar a polícia hoje e a afetar a segurança pública. O facto é que temos menos pessoas a entrar pelas nossas portas para se juntarem à polícia em todo este país, em todo o mundo. A sociedade está a fazer isso. E estamos a começar a ver as pessoas a perceberem que a segurança pública é uma responsabilidade que não recai apenas sobre a polícia. Ainda não tivemos uma conversa honesta neste país sobre segurança pública. Há um compromisso claro de que existem posições políticas que acontecem por todo o país, relacionadas com a segurança pública, mas o que está a acontecer? Não houve qualquer mudança material nessas áreas. Vemos isso quando a sociedade olha para a questão da fiança, por exemplo. E o projeto de lei C 75, que significava efetivamente que qualquer pessoa acusada seria libertada, mesmo que fosse acusada 15 vezes, continuaria a ser libertada. Isto tornou-nos menos seguros. E quando se começa a ver isto, as pessoas começam a questionar se a polícia é eficaz, porque não compreendem os processos e as leis tal como existem. Podemos prender alguém cem vezes, mas se ninguém quiser manter essa pessoa sob custódia, vamos prendê-la 101 vezes. Por isso, somos vilipendiados por esse facto. E os serviços policiais e as organizações policiais, certamente os líderes policiais, e eu faço parte da direção da Associação de Chefes de Polícia do Ontário, estamos a começar a ter conversas honestas sobre todas as coisas que estão a afetar o policiamento. O movimento de desfinanciamento não ajudou. Foi pedido aos serviços policiais que fizessem mais com menos. E isso é impossível por que a escalada das taxas de criminalidade e a gravidade desses crimes colocam cada vez mais encargos sobre a polícia. O aumento da tecnologia continua a desafiar a nossa capacidade de concluir casos, efetuar detenções e prevenir futuras vitimizações.
E custa-nos muito dinheiro fazer isso. E quando estamos a ter dificuldades na resposta, os tempos continuam a aumentar. Podem ver o desafio que eu e a nossa organização temos em cumprir os tempos de resposta a emergências, muito menos quando estamos envolvidos nestes crimes de grande dimensão. Tudo isto para dizer que os recursos são um desafio para nós. As estruturas em que operamos desafiam-nos. E a sociedade e as redes sociais tentam definir-nos pelos piores exemplos individuais que existem. E posso dizer-vos que nós, nesta organização, e nós, como profissionais da polícia, estamos absolutamente empenhados em tirar das nossas fileiras as pessoas que não merecem usar o nosso uniforme, ponto final. Não quero maus polícias, de todo. E quando se pinta todo um sector como sendo definido por esses indivíduos, isso tem realmente impacto na nossa capacidade quando se trata de recrutar e atrair pessoas para esta profissão. Pessoas realmente boas de que precisamos.

 

Ai Portugal, Portugal…

A nossa ligação a Portugal é muito forte. Viajamos para lá frequentemente, tanto para o continente, como para os Açores. Estive lá no ano passado, com a minha mulher. Sempre que podemos tirar 5 ou 6 dias, vamos. Sabe, a minha mulher é canadiana, de origem irlandesa e escocesa, mas aprendeu a fazer bacalhau (risos). Ela passou muito tempo, a aprender com a minha mãe e ela gosta muito de estar em Portugal. Adora a cultura, a comida, adora estar lá e gosta muito das praias também.

Os meus pais têm lá uma casa e andam sempre a saltitar entre cá e lá. Eles acabaram de regressar de três meses em São Miguel e os meus filhos muitas vezes apanham um avião e vão ver os meus pais quando lá estão. Todos eles adoram os Açores. E voltam, mesmo que seja por um curto período de tempo. Isso não só os liga à nossa cultura, como também os liga aos meus pais, o que considero muito, muito importante. E os meus pais também tiram muito proveito disso. As nossas ligações são profundas e acho que é muito importante mantermo-nos ligados às nossas origens. 

A minha mulher e eu falamos muitas vezes sobre a possibilidade de passar mais tempo em Portugal quando chegar a reforma. Como comecei muito novo, estou numa posição em que posso reformar-me relativamente jovem. E falamos sobre o que vem a seguir. No entanto, continuo a sentir que tenho muito para dar à minha profissão, muito para dar a esta comunidade e muito para dar ao nosso povo. E isso inclui as oportunidades para o nosso povo chegar aos escalões superiores da polícia. Sou o primeiro chefe de polícia português no Canadá. Atualmente, há vários subchefes. Dois deles na região de York, mesmo ao nosso lado, que eram grandes amigos. O meu advogado interno é um antigo agente da polícia de Toronto, que estudou Direito e é português. Sinto uma grande responsabilidade em garantir que esses caminhos não sejam apenas proporcionados a todas as diferentes comunidades, mas também aos portugueses, que podem ver isto como uma forma de retribuir à sua comunidade e de fazer algo que valha a pena para si próprias.

O que falta fazer na sua vida?

Essa é uma boa pergunta. Não tenho passado muito tempo a pensar nisso. Como meu objetivo pessoal… tenho de encontrar uma forma de pagar à minha família por todos os sacrifícios que fizeram. As coisas simples. Trabalhar num turno da noite e chegar a casa de manhã. Há um grande impacto na família, todos os dias. O meu objetivo pessoal é pagar-lhes de alguma forma. E tenho ajudado os meus filhos a pagar os estudos, a ajudá-los a fazer reparações em casa, todas essas coisas. Por isso, o meu objetivo é continuar a retribuir-lhes de alguma forma e pagar-lhes por todos os sacrifícios que fizeram para que eu estivesse aqui hoje, a falar convosco.

Entrevista: Madalena Balça | Fotos: Mike Neal / Família Moreira / DRPS

 

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