Dia do Canadá: O resgate das Primeiras Nações
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Dia do Canadá: O resgate das Primeiras Nações

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Créditos © Chris Pawluk

 

Normalmente o Dia do Canadá é tempo de festa e de celebrar o caminho que o país percorreu até ao presente. Tempo de refletir sobre o passado e olhar para o nosso futuro. Paira no ar a felicidade de somar mais um ano à ainda tenra idade da nação. Desta vez, no entanto, o Canadá sopra as velas sob o olhar de uma população descontente e revoltada. Frequentemente conhecido como “uma América que deu certo” – assim dizem as pessoas comparando-nos aos vizinhos Estados Unidos – chega recentemente aos títulos da imprensa internacional a prova de que o Canadá afinal tem, literalmente, esqueletos no armário. Mais de duzentos, e isto só numa antiga escola residencial em British Columbia, fora os que ainda estão por descobrir noutros lugares.

ste capítulo do passado tenebroso do Canadá levou a uma onda de revolta da população que fez a hashtag “Cancel Canada Day” chegar ao topo dos assuntos mais partilhados nas redes sociais. Por ocasião deste Dia do Canadá lanço a proposta de refletirmos sobre a nossa posição como cidadãos ativos na sociedade e política atual, apelando sobretudo a todos os lusófonos. Nós, imigrantes que abraçamos e fomos abraçados por este país. Nós que vivemos no Canadá, terra que escolhemos para trabalhar, educar os nossos filhos, em que muitos de nós temos também nas mãos o poder de votar para eleger os governantes a nível federal, provincial, municipal.

Nós que adotamos este país como sendo nosso, não adotamos apenas o seu presente e o seu futuro, porque com ele vem a sua bagagem indissociável.

 

Devemos por isso evitar o facilitismo de nos isentarmos da responsabilidade civil de tocar no assunto em nossas casas, socialmente e junto dos nossos políticos. O primeiro passo para a mudança é reconhecer e assumir o problema. As Primeiras Naçōes do Canadá têm um passado traumático marcado por abuso, genocídio, assimilação forçada de uma identidade que nunca foi a deles e muitos outros atentados à sua integridade física, mental, cultural e, diga-se mesmo, dos direitos humanos. Esta é uma ferida que carece de cuidados urgentes. O governo anunciou recentemente que os cidadãos destas comunidades poderão agora resgatar os seus nomes verdadeiros em documentos de identificação oficiais e ainda que vão passar a estar incluídos no juramento da cerimónia de obtenção de cidadania assim como nos manuais informativos para os recém-chegados ao país. No entanto, o caminho é longo e existem ainda inúmeras questōes a ser abordadas junto destas comunidades que continuam a ficar de fora ou a ver as suas preocupaçōes desprezadas pelos planos de desenvolvimento do país. Neste Dia do Canadá celebremos as Primeiras Naçōes, dos anciãos aos seus descendentes. Reflitamos sobre o seu presente, passado e futuro. Sobretudo, reflitamos sobre como podemos contribuir para a preservação das suas culturas, protocolos, espiritualidade, tradições e línguas. Que o caminho se faça rumo a uma realidade em que estes povos são respeitados e as suas preocupaçōes sejam nossas também. Com um sentimento de esperança desejo-vos um feliz Dia do Canadá!

Telma Pinguelo

MDC Media Group

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