Parafuso: a peça que tudo une
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Parafuso: a peça que tudo une

Omnipresente. Quase não vê e está em todo o lado. Surgiu antes de Cristo em prensas de extração de azeite e na produção de vinho. E, entretanto, encaixou na linguagem em sentido figurado.

É uma peça cilíndrica em espiral, que não verga, feita com materiais resistentes e de feitios variados. A cabeça pode ser esférica ou quadrada ou ter outros formatos. Seja como for, e por mais voltas que dê (e dá várias), tem uma só função: fixar duas ou mais superfícies. O encaixe tem de ser perfeito, portanto, num sistema combinado de rotação e pressão num orifício. Há muito que o seu destino foi traçado, mesmo antes de Cristo nascer.

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A origem do parafuso desagua numa história apresentada como a versão mais verosímil. Terá surgido 400 anos a.C. pelas mãos do inventor e matemático grego Arquitas de Tarento, que usava parafusos de madeira em prenwwwsas de extração de azeite e de vinho. Mais tarde, o inventor Arquimedes, também grego, desenvolveu o princípio da rosca para construir maquinaria destinada ao transporte de água. Antes disso, já os romanos conheciam o modo de funcionamento do parafuso através de utensílios que usavam em pivôs de portas e na extração de minérios do subsolo. Os parafusos, quase invisíveis, não poderiam passar despercebidos. Andavam em rudimentares instrumentos cirúrgicos, antes de Cristo, e séculos depois Gutenberg, o pai da imprensa, utilizava-os na sua impressora. Eram referidos em livros – Leonardo Da Vinci chegou a esboçar máquinas para fabricar parafusos -, mas foi o matemático francês Jacques Besson que passou dos traços à prática e criou o tal equipamento no século XVI. Mais tarde, no final do século XVIII, o parafuso fenda era patenteado em Inglaterra.

Agora está em todo o lado, inseparável da porca, funcionando como duas peças que nasceram uma para a outra, que se moldam perfeitamente uma na outra. Não poderia ser de outra forma.

No entanto, a certa altura, o parafuso teve de ser metido na ordem. Cada inventor, seu parafuso. E não podia ser. A peça que roda em torno do seu próprio eixo foi então uniformizada. Tinha de ser. Criaram-se padrões e estabeleceram-se normas para facilitar o uso, independentemente das latitudes geográficas. A sua aplicação tornou-se universal. E, pelo seu destino, adaptou-se à linguagem em sentido figurado. Entrar em parafuso, um parafuso a mais ou um parafuso a menos. Será que não lhe falta um parafuso? Aquelas expressões que a rotina se encarregou de encaixar nos nossos dias. Em qualquer ocasião, para qualquer utilidade.

Sara Dias Oliveira

NM

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