São Teotónio - I
História

São Teotónio – I

A vida e obra do Santo

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São Teotónio surge como um protagonista incontornável nos primórdios da fundação da nacionalidade. Tudo aponta para que o primeiro santo português tenha nascido em Tardinhade, freguesia de Ganfei, concelho de Valença, no ano 1082. Era filho de D. Oveco Mogueimes e de Dª Eugénia, pessoas aparentadas com nobres e reis da Europa cristã.

Citando o livro “Vida de S. Theotonio” escrito por um discípulo anónimo, “ Foi elle da Provincia da Galiza, da cidade de Tui, logar de Ganfei, nascido de paes honestos e justos, Oveco, e Eugenia. Elle enobreceu, exaltou e adornou com costumes pios, e acções virtuosas a linha religiosíssima de sua geração: por isso não sem um grande presságio do Espirito Sancto, se lhe deu o nome grego de Theotonio, que em latim quer dizer Divino.“ Com cerca de 10 anos juntou-se ao seu tio D. Crescónio bispo de Coimbra. Formou-se em teologia e filosofia na escola catedralícia, onde teve como preceptor e acerdiago D. Tello. Citando novamente o livro, “Vida de S. Theotonio”, educado pois religiosamente por seus paes, quando chegou a edade capaz de disciplina, foi entregue aos estudos espirituais das letras. Depois, passado o devido espaço de tempo, estando já no meio entre a puerícia e adolescência, veio a Coimbra com seu thio D.Cresconio Bispo de Coimbra, que foi seu mestre: e ahi aprendeu de memória, e perfeitamente segundo o estado do tempo, o uso eclesiástico é, Varão prudente, e discreto.” Depois da morte de D. Crescónio veio para Viseu, onde em 1112 e por instâncias do Bispo de Coimbra, sucedeu a D. Teodónio, um outro seu tio, como prior da Sé de Viseu. Nesse lugar permaneceu durante mais de 30 anos e a Sé de Viseu, onde tinha a sua residência, tornou-se lugar de abrigo de peregrinos e de muitos pobres. Neste ano de 2019, comemora-se os 907 anos da chegada à cidade de Viseu de S. Teotónio e os 857 anos da sua morte coimbrã.

O primeiro Santo português

Por duas vezes foi em peregrinação à Terra Santa, tendo na ocasião da primeira renunciado ao seu lugar que foi ocupado por D. Onório. No regresso da primeira viagem, por humildade recusou retomar a anterior posição e também não quis ser nomeado Bispo de Viseu.

Sé de Viseu Direitos Reservados

 

S. Teotónio na Sé de Viseu Direitos Reservados

No ano de 1131, voltou para Coimbra onde fundou, com mais onze religiosos, o Mosteiro de Santa Cruz de que foi o primeiro Prior. O nome de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, indica-nos que eles adotaram a regra extraída das obras do bispo de Hipona, geralmente seguida pelos cabidos das catedrais. Desde os tempos mais remotos que os bispos começaram a recrutar o clero entre os que aspiravam à vida mais perfeita pela observância dos conselhos evangélicos. O povoamento do território reconquistado era feito estabelecendo mosteiros, onde os monges viviam em comunidade. Todavia, clérigos havia também que à semelhança dos monges levavam vida regular, donde provem o nome de cónegos (do latim canonicu,“ regra”), e que viviam dos rendimentos dos bens imóveis, possuídos em comum.

A importância dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz de Coimbra na consolidação da Nacionalidade e na vida política e eclesiástica de Portugal foi considerável. São Teotónio tornou-se apoiante e aliado do jovem príncipe Afonso Henriques na luta contra a sua mãe. Sob a orientação de São Teotónio, o mosteiro de Coimbra foi um foco de irradiação da fé cristã. A maior prova reside no facto de, em 1132, ano imediato ao da fundação, a sua Regra ter sido adotada em S. Salvador de Grijó, e após a conquista de Lisboa (1147), em vida de S. Teotónio, logo se pensou na fundação de S. Vicente de Fora. Em 1152, renunciou ao priorado de Santa Cruz e em 1153 o Papa quis fazê-lo Bispo de Coimbra, dignidade que voltou a recusar.

Veio a falecer em 18 de Fevereiro de 1162, tendo sido canonizado logo no ano seguinte pelo Papa Alexandre III. Devo relembrar aqui que o mesmo Papa através da Bula Manifestis Probatum reconheceu como independente o Reino de Portugal e Afonso Henriques como seu primeiro rei. O seu corpo repousa numa capela da igreja do mosteiro que fundou, muito perto do primeiro rei de Portugal.

Carlos Cruchinho

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