Nasceu em Barcelona em 1976, mas cresceu em Madrid, cidade onde passou a sua época de estudante e onde trabalhou principalmente na área da publicidade para revistas de editoras como, RBA e Hearst Magazines España. Em 2006 tomou a feliz decisão de vir para Portugal, país onde reside atualmente e continua a trabalhar na área de publicidade como independente.
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Revista Amar: Recorda-se como começou a sua paixão pela fotografia?
Óscar Sánchez Requena: No início achava a fotografia estática, uma seca descomunal, eu era aficionado pelo vídeo e costumava realizar curta-metragens com os amigos. Até que em finais de 98, surgiu a oportunidade de viajar até Nova Iorque e comprei uma máquina Réflex em segunda mão (uma Ricoh KR1M e um Rikenon 50mm f2). Esse primeiro desafio de capturar o movimento da cidade, num instante, despertou-me uma inquietude artística que perdura até aos dias de hoje.
RA: O percurso na fotografia teve início como autodidata, ou à medida que o tempo foi passando, obter “aquelas” fotografias exigiu um estudo aprofundado da técnica.
OSR: Foi de forma totalmente autodidata como quase tudo o que faço na minha vida. Errei muito, gastei muito dinheiro em rolos e tirei montes de fotos absurdas sem sentido aparente, sempre com o objetivo de controlar a máquina. A minha loja de fotografia ganhou muito dinheiro comigo… (risos)! Até que em 2006 comprei a primeira máquina digital. Esse momento foi um marco, pois o formato digital permitiu-me errar ainda mais e consequentemente evoluir mais… o resultado era imediato! Depois de controlar a máquina, passei a preocupar-me com o conceito da imagem…mas essa é outra história!
RA: O seu olhar sobre a realidade fica diferente através de uma objectiva? E esse olhar mudou com o decorrer do tempo.
OSR: A minha noção de realidade subverte-se quando observo através de uma lente. Admiro a realidade, mas gosto de a apresentar sob a minha perspetiva. Sobretudo procuro a luz… procuro dominar a luz! Inspiram-me os focos imaginários de Caravaggio ou os claros-escuros de Rembrandt. A fotografia é luz, controla a luz e controlarás a fotografia!
RA: Como acontece com o impulso de escrever, pintar, desenhar ou esculpir…Fotografar passa a ser uma necessidade, ou surge como um meio de auto expressão pessoal e social?
OSR: O primeiro impulso é o de expressar-me, a fotografia assim como, desenhar, esculpir ou pintar são meros meios para atingir esse fim. Sinto tanta necessidade de fazer fotografia pessoal como social. Sinto esses dois apelos… às vezes lutam um com outro! (risos).
RA: Em que medida a fotografia pode ser encarada como transgressão, como arte ou como mensagem subliminar de uma sociedade?
OSR: Vivemos numa sociedade estupidamente superficial dominada por imagens emotivas que estão longe da realidade. Procuro a fotografia que conta histórias e acorda consciências, mas nem sempre é fácil de encontrar nesta terra pacata…! (risos) É nesses momentos que recorro ao cartoon social. Talvez por isso nos últimos tempos me tenha virado mais para a fotografia artística e sinto um fascínio crescente pelo retrato.
RA: É difícil captar/obter uma boa fotografia?
OSR: É um estimulante desafio cheio de frustrações e alegrias, em partes iguais, que irracionalmente me empurra a continuar. Acordamos cedo e passamos por mil calamidades para obter uma boa fotografia. Devemos esquecer as nossas limitações e focarmos apenas no resultado de aquilo que pretendemos conseguir.
RA: Uma boa fotografia interpela?
OSR: Uma fotografia tomada no local e no momento certo, pode tornar-se símbolo de uma geração!
RA: A fotografia tem género? Podemos falar de igualdade de género quando fotografamos a realidade quotidiana. Ou há algo transformador no olhar do fotógrafo quando atrás da objetiva está uma mulher ou um homem?
OSR: Curiosamente desde sempre vemos lindíssimas mulheres retratadas por homens. No entanto, esse paradigma tem vindo a mudar. Cada vez mais surgem excelentes fotógrafas, mas o tema continua a ser o mesmo… O universo do feminino… Pelo menos o meu! (risos).
RA:- A fotografia faz sonhar… É um instante irrepetível?
OSR: À partida, todas as fotos são momentos irrepetíveis mesmo que tires milhares para obter uma! É um instante capturado num disparo que é único.
RA: Ao percorrer as ruas para fotografar a vida quotidiana em espaços públicos, na chamada fotografia de rua, em que medida essa fotografia é uma invasão da privacidade das pessoas anónimas.
OSR: Em termos legais, fotografar uma pessoa na via pública não está contemplado como uma invasão à privacidade pessoal. Há controvérsia neste ponto. Em última instância eu opto por respeitar sempre a dignidade das pessoas.
RA: A fotografia é uma espécie de solidão… Ou pelo contrário a fotografia pretende evidenciar o desconhecido aos olhos dos cidadãos comuns.
OSR: Bem, já tomava um whisky para responder adequadamente a esta pergunta… Na verdade gosto de falar sobre o tema mas prefiro deixar que a minha fotografia fale por mim…
Carlos Cruchinho
📷 Óscar Sánchez Requena
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