Hipnose clínica e o Stress
Psicologia

Hipnose clínica e o Stress

Desacelerar a mente, acelerar o relaxamento

O puzzle que integra a vida pessoal e a vida profissional pode ser uma imagem stressante. Peças ficam de fora. Outras entram á força. Nos puzzles, o raciocínio é bem mais importante que a agilidade e a força física.
Também connosco, por vezes, o maior desafio reside no integrar de todas as partes de forma adequada e na dose certa. A parte ansiosa, a parte feliz, a parte maternal, a parte atlética, a parte preguiçosa, a parte cobarde, a parte ferida, a parte criativa.

Os dias parecem todos iguais, mas na verdade não o são. A mudança faz parte do nosso quotidiano e vivência. Muitas vezes, é difícil conjugar todas as áreas envolventes. E assim, vão ficando tarefas inacabadas que se sobrepõem. Pesam com o tempo, criando ansiedade, tensões e bloqueios.

Todos nós já experienciamos momentos de stress. Oiço as pessoas a dizer que têm stress. Como se tal “coisa” se comprasse, sendo algo possível de ser possuído. Um objeto palpável. Na verdade, não o temos, mas sentimo-lo.

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Uma reação natural

Alguma vez já lhe aconteceu começar a suar das mãos só de pensar em determinado assunto? Ou sentir-se apertado, com respiração curta numa sala cheia de gente? O seu coração, bateu mais depressa quando teve de falar em público? Ou durante um filme de terror?
Então, você tem consciência que o stress pode-se sentir tanto ao nível mental quanto ao nível fisiológico?
Sabia que temos um sistema de resposta que consiste num processo automático conhecido como reação de “luta, fuga ou congelamento”. O cérebro, especificamente a amígdala, identifica perigo. Sendo ele real ou imaginário, não importa. A mente e o corpo comunicam através de imagens, e o nosso corpo, ou seja, a resposta fisiológica responde ao que imaginamos como se realmente estivesse a acontecer. Daí que a ameaça detetada é tida como real.

O corpo é inundado com hormonas. O resultado consiste nas manifestações clássicas do medo. A adrenalina, a noradrenalina e o cortisol aumentam a vigilância, elevam os batimentos cardíacos, aumentam a pressão arterial, as palmas das mãos suadas e o aumento de energia. Em suma, preparam-nos para lidar com o problema.

Esta resposta automática, ajudou á sobrevivência do Homem quando o ambiente exigia reações físicas rápidas em resposta a ameaças como as dos animais predadores.

Atualmente, é improvável que seja ameaçado por predadores. No entanto, você enfrenta vários desafios diários. O cumprir prazos no trabalho, atingir objetivos de vendas, assegurar as despesas e, em simultâneo, gerir outras rotinas de familiares, e ainda os níveis de tensão emocional, que fazem o seu corpo reagir da mesma maneira.

Como resultado, o sistema de alarme natural do seu corpo, a reação de “luta ou fuga” fica sempre acionado. O estado de alerta torna-se permanente. Isto pode ter sérias consequências para sua saúde.

Stresse, pode ser uma força positiva, catalisadora de um bom desempenho. Por exemplo, numa entrevista de emprego ou numa audição de canto. Ian Robertson, neurocientista cognitivo e autor do livro “O teste de stress: como a pressão pode torná-lo mais forte e mais nítido”, diz-nos que, “embora muito stress possa ser debilitante, uma quantidade moderada é extremamente boa para a mente”.

Nesta perspetiva, o stress pode ser considerado uma resposta adaptativa, natural e com intenção protetora. Por outro lado, quando sentimos claustrofobia, ou estamos presos no trânsito, o stress pode atuar com uma força negativa.

Stress crónico?

A sobrecarga de stress mantém-nos presos a estados prejudiciais da mente e do corpo, impedindo o bom funcionamento do sistema imunológico.
Quando “acumulamos” stress de forma prolongada, ele pode tornar-se crónico e interferir na vida normal, causando dificuldades de concentração e/ou humor. Os transtornos de ansiedade e/ ou depressão, prejudicam a saúde física e mental.

Perante um transtorno de ansiedade, tendemos a evitar determinadas situações, lugares, pessoas ou ambientes que podem exacerbar a resposta ansiosa e incapacitante. Isso pode dificultar a rotina e impedir realizar algo desejado.

Stephen Gilligan, no seu livro “The Courage to Love”, chama-nos a atenção para aquilo que a pessoa faz ao tentar livrar-se dos seus sintomas e que o obriga a ficar na doença.

O evitamento constante do stress, especialmente no início da vida, pode trazer desvantagens. Robertson compara o sistema de resposta do stress com a forma de funcionamento do sistema imunológico, sendo que fica mais forte se tiver um pouco de prática.

Stress está associado á fadiga, dificuldade de concentração; irritação constante; diminuição do sono; falta de exercício físico; pode também agravar os problemas respiratórios de pessoas com doenças respiratórias pré-existentes, como asma e doenças pulmonares.
Um estilo de vida stressado promove comportamentos negativos. Quando sob pressão, algumas pessoas tendem a beber muito, comer demais ou fumar, como forma de obter alívio químico imediato do stresse.
Outra forma de stress crónico são as doenças cardiovasculares. (American Psychological Association, 2013).

Como a hipnose pode ajudar?

Segundo Daniel Amen, psiquiatra, autor do livro “Transforme seu Cérebro Transforme sua Vida”, existem regiões específicas do cérebro consoante as psicopatologias. A sua técnica SPECT (Single photon emissíon computed tomography), mede o fluxo sanguíneo no cérebro e seus padrões de atividade metabólica. Assim, ele mostra que existem determinadas partes do cérebro que ficam mais ativas, ou mais irrigadas, provocando as psicopatologias.

No transtorno de pânico, por exemplo, a área do cérebro que sofre alterações são os gânglios basais, que ficam mais irrigados. Esta região cerebral é responsável pela ansiedade e o medo. Ao recorrermos à hipnose e às técnicas hipnóticas de evocar a resposta de relaxamento, imagiologia (imagens do lugar seguro), “estou seguro aqui e agora”, sugestão, âncoras, estas áreas cerebrais acalmam a sua atividade e a bioquímica do corpo altera-se.

Segundo Sofia Bauer, psiquiatra e hipnoterapeuta, as técnicas hipnóticas desaceleram o ritmo das ondas cerebrais que se tornam ondas teta com velocidade de 6,4Hz a 8Hz. O cérebro acalma-se e fica mais bem irrigado, principalmente ao nível dos lobos pré-frontais (atenção) e no sistema límbico (emoção).

Bauer (2004) acrescenta ainda que “quando ansiosos ou deprimidos tendemos a estar com o cérebro mais acelerado. A hipnose não só desacelera a atividade cerebral, como também vem ajudar no próprio trabalho sobre as emoções presas no sistema límbico e os traumas registados na amígdala”.

Agora, para terminar, faça comigo este exercício, mas antes disso quero relembrar Einstein, que bem a propósito nos diz “A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação circunda o mundo”.

Então, gostava agora que fechasse os olhos, enquanto está confortavelmente sentado nesse sítio. E imagine, imagine da forma mais real possível, que está uma situação que lhe causa ansiedade. Ex: imagine que está a ser assaltado; ou a cair dentro do carro por uma ribanceira, ou outra situação. Sendo que a situação escolhida poderá rapidamente produzir uma resposta de ansiedade e elevar o stress. Conseguiu sentir o corpo a responder/ reagir como se tudo o que imaginou estivesse realmente a acontecer? Exatamente como se lá estivesse, agora!
Pois é, mesmo que seja difícil impedir que os pensamentos negativos ou ameaçadores se infiltrem na nossa mente, é relativamente fácil aprender a gerir e até mesmo controlar as respostas fisiológicas aos pensamentos desencadeantes.
Por outras palavras, trata-se de aprender a resposta de relaxamento. Reprogramar a “minha” mente para ensinar o “meu” corpo a responder num registo de relaxamento.

Na mesma linha de pensamento, a gerar ansiedade, temos o pensamento negativo, em geral intrusivo e as respostas fisiológicas decorrentes.

A mente consciente produz pensamentos. Uma pessoa com ansiedade e medos, tende a ter pensamentos negativos e temerosos. A mente subconsciente absorve e, juntamente com o corpo respondem aos pensamentos que a mente produz.

O tentar impedir a mente de criar pensamentos é contraproducente e não funciona. Pois, quanto mais tentar que a mente pare de pensar, mais insistentes os pensamentos se tornam. Eu arriscaria mesmo evocar aqui a lei do efeito inverso.

Agora, tente não pensar num elefante cor de rosa! Tente não pensar no elefante cor de rosa! Quanto mais quiser parar de pensar, mais insistentemente vai pensar nisso que não quer pensar.

Em que é que estar a pensar agora? Não é no elefante cor de rosa, pois não?

Também aqui, através de técnicas hipnóticas, falamos neste recurso de ativar a resposta de relaxamento. Treinar a mente para focar em pensamentos mais desejáveis. Assim é mais fácil ativar a resposta de relaxamento, ao contrário da resposta de stress.

A vida merece algo mais além do aumento da sua velocidade Mahatma Gandi

 

Isabel Rebelo

Psicóloga e Hipnoterapeuta
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