Chocolate: O poderoso aliado do coração
Surge em todo o lado em tempo de festas. Mas, apesar dos benefícios conhecidos, nem sempre o que parece, é. Ver para lá das embalagens de chocolate é fundamental. Aí reside o segredo da saúde.
Quem gosta de chocolate sabe que não há satisfação maior do que ter um pedaço de céu a derreter na boca. O humor muda – para melhor. O cérebro encontra o fio da concentração. A ansiedade diminui.
Em suma, o Mundo parece instantaneamente mais bonito. Sensações reais. Mas numa época do ano em que se torna difícil resistir-lhe, já que está em todo o lado, devemos ter cuidado para que os embrulhos bonitos do chocolate não sejam presentes envenenados para a saúde.
Maria Teresa Almeida e Celestino Fonseca começaram a casa ao contrário, pela conceção das embalagens, comunicação, ambiente da loja. Defeito de profissão. Em 2008, quando pensaram o conceito da chocolataria Equador (com lojas no Porto e em Lisboa), tinham ambos profissões ligadas às artes.
Mas isso não significou descuido com o resto. Pelo contrário. São dos poucos no país que controlam o processo desde a plantação. “É o que nos permite saber exatamente que ingredientes têm os nossos produtos e é isso que faz deles chocolates tão saudáveis”, explica Maria Teresa.
Com o aproximar das épocas festivas é praticamente impossível ver lojas como as da Equador vazias. “Existe muita compra para consumo, mas também para oferta. Toda a gente se lembra do chocolate, ainda por cima porque está frio e apetece mais.” Há produtos para todos os gostos e idades, dos bombons às trufas, passando pelas tabletes.
Atenção aos rótulos
O chocolate é feito a partir dos grãos de cacau. Quanto maior a percentagem de cacau, mais saudável o chocolate. E essa percentagem pode chegar aos 100. É precisamente aqui que mora o segredo, como revela Maria Dulce Machado, nutricionista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
A especialista dá conta que, muito embora a indústria esteja mais sensível ao valor nutricional, com o aproximar da época natalícia, as promoções associadas, as cores e a tentação fazem com que o consumidor se esqueça de ter uma atitude responsável e atenta.
“O marketing e a publicidade nem sempre são claros nas designações, e por vezes induzem ao erro. Acontece as pessoas comprarem chocolate preto a achar que estão a comprar chocolate negro, mas se lerem a composição dos produtos, que está sempre em ordem decrescente, percebem que podem estar a comprar algo com pouco cacau e mais açúcar e gorduras saturadas, e lá se vão os benefícios.” A legislação obriga a que os rótulos sejam bem claros.
Os benefícios
O cacau, prossegue a nutricionista, “é um mundo de substâncias químicas, cada uma com os seus efeitos e quase todos eles bons”. Volta-se à questão da pureza: quanto mais cacau tiver o chocolate que se come, mais benefícios sentir-se-ão. Por exemplo, ele é um poderoso aliado do coração, uma vez que melhora o fluxo do sangue devido aos potentes antioxidantes (flavonoides).
Também estimula o sistema nervoso central e os músculos cardíacos porque contém teobromina, uma substância com ação semelhante à cafeína. E dá uma sensação de bem-estar porque aumenta a serotonina, conhecida como a hormona da felicidade. E estes são só alguns exemplos. Atenção: o chocolate branco não entra nestas contas. Apesar de lhe chamarem “chocolate” não é feito com cacau.
Sendo senso comum que somos todos diferentes, com necessidades distintas, é difícil dizer a quantidade razoável de consumo diário de chocolate. Isso dependerá de muitos fatores, entre os quais as necessidades energéticas e nutricionais de cada um.
“É importante que as pessoas saibam os seus limites, e que enquadrem [o consumo de chocolate] na sua saúde,” adverte Maria Dulce Machado. Mas por norma, e se não houver contraindicações, nomeadamente obesidade, um quadrado de chocolate negro, com 70% de cacau, pouca gordura e açúcar, proporcionará um dia melhor.
Filomena Abreu – NM
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