Têm o poder de mudar o país
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Têm o poder de mudar o país

O leitor talvez desconheça, mas um dos projetos que me dá muito gozo é o Envelhecer – www.envelhecer.pt – que recentemente conheceu uma nova fase com a apresentação de uma revista trimestral, em suporte papel, concretizando o sonho que tinha desde a primeira publicação no digital.

Num dos artigos publicados informamos que “72 % dos pensionistas recebem menos do que o salário mínimo”. Apesar de a percentagem ter vindo a diminuir ao longo dos anos, ainda abarca a maioria dos pensionistas de velhice. Um dos leitores, num dos comentários desabafou:
“Muitos deles recebem menos de metade do salário mínimo. Mas como não têm o poder de parar o país…”
Poderão não ter o poder de parar o país, nem tal desiderato se me oferece como a solução desejável.

Há um poder que não lhes pode ser sonegado, o poder do voto. O Relatório da PORDATA, divulgado em Bruxelas, que apresentou um retrato de Portugal na Europa, indica que cerca de 30% da população portuguesa tem mais de 65 anos. São muitas portuguesas e muitos portugueses!

Se consideramos que a lista do recenseamento eleitoral, com os números referentes ao final de dezembro de 2018, aponta para um total de 10.817.999 eleitores portugueses recenseados, sendo que 9.342.202 residem no continente e nas regiões autónomas e 1.475.797 na Europa e fora da Europa, percebemos que este grupo populacional poderá ter um poder “colossal”, assim se organizem e façam valer os seus direitos.

A defesa de políticas ativas, efetivas e inclusivas, para a população sénior, devem ser prioritárias na agenda política. É fundamental tratar de questões específicas relacionadas com a habitação, saúde, pensões, envelhecimento ativo, solidão e isolamento…
Este grupo, cada vez maior, deve continuar a ser ativo e participativo na vida da comunidade, reivindicando os seus direitos e não olvidando os seus deveres de cidadania, em prol de uma comunidade para todas as idades.

Fica o apelo a todos os partidos políticos, que concorreram às próximas eleições legislativas, para priorizarem a necessidade de enfrentar e dar especial atenção ao problema da solidão que constitui, quando associada à diminuição ou perda de autonomia funcional, um dos fatores de maior vulnerabilidade, de isolamento social e de desenraizamento.

Nos Estados Unidos germina uma indústria de combate à solidão. A aplicação The People Walker disponibiliza pessoas que cobram entre 7 e 21 dólares (entre 6 e 19 euros) para acompanharem outra pessoa a caminhar…
Há quem pague 20 dólares para participar numa festa de abraços, apenas para poder abraçar alguém e ser abraçado.
É urgente estruturar políticas de combate à “epidemia” da solidão!

Os séniores poderão não ter o poder de parar o país, mas têm o poder de o mudar para melhor, por uma sociedade para todas as idades.

José Carreira

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