Magellan Community Foundation: Os idosos contam consigo
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Magellan Community Foundation: Os idosos contam consigo

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O Magellan Community Charities, que vai nascer no canto noroeste da Lansdowne Avenue e a Paton Road, num terreno com 1.18 acres, com a frente para a Lansdowne Avenue, será, para os mais velhos da comunidade luso-canadiana, uma casa. Um sítio onde se sintam bem acolhidos, onde haja quem os entenda e com eles consiga falar na língua-mãe – o português. Um lar onde não falte o sabor da gastronomia portuguesa, onde sejam promovidas atividades que lhes despertem os sentidos e as suas mais profundas memórias, relembrando as suas origens. Esta é, aliás, a sua verdadeira essência e grande razão de ser – o Magellan será um lar de idosos culturalmente específico.

O custo total do Magellan será de 84,1 milhões de dólares. Está planeado ser financiado maioritariamente por fundos federais, subvenções e uma hipoteca, mas será necessário ainda angariar 15,2 milhões de dólares através de donativos da comunidade para perfazer o total do capital necessário. A campanha de angariação de fundos já começou e para sabermos um pouco mais sobre a mesma, Ulysses Pratas e Irene Faria, amavelmente, aceitaram o nosso convite para uma pequena entrevista.

Revista Amar: Em agosto iniciou-se oficialmente a angariação de fundos para o Magellan com o objetivo de se alcançar 15,2 milhões de dólares. Como chegaram a este valor e para que serve?
Ulysses Pratas: Este é o valor que temos que ter baseado no capital da construção do princípio ao fim e também para cobrir alguns custos que fazem parte para avançar com o projeto, como pedir licenças.

RA: Infelizmente, devido à pandemia, a angariação atrasou e por consequência atrasou o arranque das obras. Para quando, pensam, dar início à construção?
UP: Se conseguirmos as licenças da câmara a tempo e uma percentagem do valor que estamos a angariar, podemos dar início às obras entre o verão e o outono de 2022.

RA: Já escolheram a empresa de construção?
Irene Faria: Sim, a Core Build Constuction Manager, porque foi a candidatura que tinha o melhor orçamento das 12 que concorreram.

RA: E empresa que vai ficar responsável pelos cuidados especializados?
IF: É a Responsive Health Management.

RA: A angariação de fundos começou com aproximadamente 4,1 milhões de dólares e já ultrapassou os 4,9 milhões de dólares. Como vê o crescimento das doações?
UP: Acho que está a correr bem. Somos bem recebidos por todos que conhecem o projeto e isso reflete-se nas contribuições.
Irene Faria: Há uma coisa que queremos esclarecer. Neste momento estamos a fazer “capital campaign” e que é diferente da angariação de fundos na comunidade, como em galas, torneios, jantares de beneficência, etc. e esses só vamos dar início no próximo ano. O “capital campaign” é uma angariação de fundos feita diretamente a empresas e empresários, que são aqueles que têm a possibilidade de dar contribuições mais elevadas.

RA: Como tem sido a resposta dos empresários e das empresas portuguesas?
IF: Até agora os contribuidores só têm sido portugueses, mas nós também não queremos sair da nossa comunidade. Nós estamos numa posição muito boa, desde do início até agora, porque já temos a construtora e a operadora de terceiros que vai orientar, pois vamos ter 400 pessoas a trabalhar no edifício.

RA: Os doadores têm direito a um recibo para meter no “Tax Return”?
IF: Sim, claro que sim! Há 2 anos tivemos sorte com a CRA, porque metemos as aplicações para registar as 4 entidades como instituições de caridade e foram aprovadas em 6 meses, quando o normal demora entre 8 a 12 meses. A angariação de fundos está a ser feita pela Magellan Community Foundation, que depois vai distribuir o dinheiro entre as outras instituições do Magellan e para a construção do prédio. Mas quero reiterar que as 4 instituições do Magellan estão registadas!

RA: E como é que o contribuidor recebe o recibo?
IF: Temos várias formas… se o donativo for feito através da página do Magellan, portanto se for um pagamento eletrónico, o recibo é emitido automaticamente por email. Se for por cheque, dentro do máximo 2 semanas, o recibo será enviado por correio. A nossa lista atual de envio de recibos está neste momento em dia. Devido a custos administrativos só passamos recibos a partir de 25 dólares.

RA: E quem é responsável pela angariação de fundos?
UP: Sou eu e somos todos. Nós temos duas direções. A direção do Magellan Community Charities é responsável pelo projeto no seu todo e a direção da Magellan Community Foundation é responsável pela “Capital Campaign” e pela angariação de fundos comunitários.

RA: Neste momento, para além da “capital campaign”, o que estão a fazer mais? Qual é a estratégia?
UP: Neste momento estamos na primeira fase da nossa estratégia que é tirar proveito da rede de conhecimentos que temos. Também temos “embaixadores” da nossa comunidade, e não só, que estão a divulgar, a advogar e a pedir ajuda para o Magellan. Simultaneamente estamos a lançar uma campanha de marketing e estamos a arranjar parceiros de media para podermos chegar melhor e mais rápido à comunidade. Mas de facto, a “Capital Campaign” é neste momento a prioridade nesta fase, para podermos chegar ao valor que precisamos o mais rapidamente possível.

RA: Existem programas ou subsídios aos quais possam aplicar?
UP: Sim e estamos a explorar várias possibilidades. Uma delas é entrar em contacto com os vários níveis de governo, pedir à câmara para nos dar mais subsídio. A província tem um programa que foi introduzido no princípio do ano, mas que até agora não chegámos ao limite que eles oferecem e para tal vamos brevemente fazer reuniões porque eles vão aumentar um dos subsídios.
IF: Outras opções, que estamos a ver com o nosso consultor, é usar um programa federal com a CMHC e um programa provincial com a Infrastructure Ontario. Talvez ainda hoje, vamos formar um comité para entrar em contacto com os vários níveis do governo. Infelizmente por causa da pandemia não tivemos a oportunidade de fazer isto até ao meio do ano, mas vamos formar o comité para trabalhar com os 3 níveis do governo, porque realmente precisamos deste centro para a comunidade e todos os governos (federal, provincial e municipal) concordam com isso. Além disto, também vamos ter reuniões com outros centros, que viabilizaram lares e cuidados prolongados, para nos dizerem o que fizeram para angariar fundos da comunidade ao que chamamos “best practises”.

RA: E há outos sítios onde possam ir?
UP: Sim, existem fundações e empresas fora da comunidade portuguesa às quais ainda não fomos, porque antes queremos ter a certa que está tudo encaminhado.
IF: O que nos está a impedir, temporariamente, é que ainda temos que fazer a auditora das contas de 2021. Até 2020 decidimos não gastar dinheiro numa empresa que faz auditorias, porque cada auditoria – uma por instituição do Magellan – custa 10 mil dólares e porque nos estão a dar um desconto, se não seria mais caro. Para que pudéssemos poupar esse dinheiro, as auditorias até 2020 foram feitas internamente por mim. Por eu ter feito as auditorias dos últimos 3 anos poupámos 120 mil dólares! Só depois das auditorias de 2021 é que teremos os estratos financeiros que vamos poder mostrar ao governo, às fundações e aos grupos corporativos fora da comunidade portuguesa, entre outros.

RA: Quem passa na 640 Lansdowne Ave., desde do dia 19 de outubro, já pode ver a placa da Magellan Community Charities. Que importância tem a placa e porquê só agora?
IF: Primeiro porque é importante mostrar aos moradores que é ali que vai nascer uma “casa nova e portuguesa”, o Lar do Magalhães e em segundo, porque só recentemente é que assinámos a concessão (lease) do terreno com a câmara de Toronto. Agora, o que é pena é a placa estar no local que está, naquele cantinho… nós para já não podemos pôr uma placa maior e nem ao meio da propriedade, porque a propriedade, presentemente, está alugada à Metrolinx – o que é bom!!! Porquê? Porque, segundo a câmara, metade da renda que a Metrolinx está a pagar vai reverter para o Magellan e estamos a falar de valores a rondar 1 milhão a 1,5 milhões de dólares e a Metrolinx é suposto sair da propriedade em meados do próximo ano, a tempo de nós começarmos com a construção do edifício.

 

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Localização das futuras instalações do Magellan Community Charities
Créditos © MCC

 

RA: Há algo pertinente que gostariam de partilhar com a comunidade?
UP: Sim! Eu gostaria de esclarecer, e deixar bem claro, que ninguém tem interesses pessoais neste projeto, ou seja, ninguém está a ganhar com o seu envolvimento, estamos cá todos voluntariamente!!! A própria fundação é uma instituição sem fins lucrativos! Todos nós estamos a dar o nosso tempo (voluntário) por um projeto que vai servir a comunidade portuguesa. Sabemos que há pessoas que pensam que estamos aqui a ganhar um salário ou alguma coisa, mas é categoricamente falso! A direção que está neste momento em funções é uma direção temporária, pois temos que fazer uma maior para a comunidade em geral porque o Magellan não é nossa, mas da comunidade!
IF: Se fosse cobrar o trabalho que já fiz até agora, passaria dos 100 mil dólares. Nós só tivemos que gastar 85 mil dólares com os advogados, graças ao John Ferreira que deu o seu trabalho, senão a conta seria bem maior, porque os outros advogados fizeram muito menos que o John. E não nos podemos esquecer que para além de dar o seu trabalho, o John também deu dinheiro, porque ele é um membro fundador.
UP: Sabemos e percebemos que quando se fala em 80 milhões de dólares que é assustador, mas porque é um projeto complexo e grandioso! Contudo, depois do projeto passar à realidade e abrir as portas, o Magellan vai ser autossustentável, ou seja, o Magellan vai ter um rendimento garantido de 25 a 26 milhões de dólares por ano, não vai haver o risco de continuidade! Depois de estar feito, o resto é fácil.
IF: Também há que esclarecer que os custos não são só do prédio. Os custos englobam tudo… as camas, equipamento, elevadores, segurança para o lar e cuidados prolongados, etc. O custo do projeto também inclui todos os serviços de consultaria, tanto para a contabilidade como para a tributação. Posso abertamente dizer que temos uma companhia que nos está a dar consultaria sobre os equipamentos que vamos precisar para equipar o prédio e cobra-nos 250 mil dólares por consultaria, também temos um consultor que nos está a ajudar a fazer um empréstimo que de igual forma teremos que pagar pelo seu serviço… portanto, como disse, os custos não são só o prédio e até a “pá entrar na terra” temos que pagar os ditos “soft costs” para lá chegar.

RA: E temos que entender que este processo é necessário…
UP: Exatamente! Porque qual é que vai ser o benefício final para a comunidade? Não vai ser só o lar, cuidados prolongados ou o alojamento acessível nos pisos superiores, o rés-do-chão também vai ser da comunidade e para quem queira aparecer… quem sabe fazer uma Casa Portuguesa até!
IF: O rés-do-chão vai ter 5 espaços para alugar e vamos dar prioridades a quem prestar serviços que são necessários para os residentes como cabeleireiros, podólogos, etc. e o ministério dos cuidados prolongados deu-nos uma lista com o que quer ver no prédio como por exemplo uma farmácia. Acho que é obvio que não vamos alugar a uma agência de viagens. Mas, também vai haver espaço para um centro comunitário onde se possa comer, jogar às cartas e ao domingo assistir à missa presencial e isto é só na primeira fase. A ideia é que o Magellan seja um centro português onde se possa também celebrar a nossa herança, os nossos pioneiros e a nossa portugalidade.

RA: E vai ter um centro médico?
UP: Vai ter um no lar, na parte de cima com enfermeiras, médicos e especialistas.

RA: Todos os funcionários vão falar português?
IF: Sim e para tal, 2 anos antes de abrir as portas, vamos começar com um programa para atrair pessoas que falem português, o que é mais uma grande oportunidade de trabalho para jovens da comunidade. Vai haver vagas para tomar conta dos idosos, na área da medicina e enfermagem, limpezas, etc.

RA: Nesta altura, como é que nós, media, podemos ajudar?
UP: Podem ajudar com a divulgação do projeto, dar a conhecer a importância e os benefícios da Magellan Community Charities e qual vai ser o impacto na comunidade portuguesa.

A Revista Amar, como parceira de media da Magellan Community Charities, conta ter um artigo mensal para manter a comunidade portuguesa informada. Estejam atentos à próxima edição.
Até ao fecho desta edição, o valor total angariado é de 5 milhões e 55 mil dólares.

Para dar o seu contributo, visite:
www.magellancommunitycharities.ca

ou contacte por email:
[email protected]

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