Magellan Community Foundation: Por um futuro melhor
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Magellan Community Foundation: Por um futuro melhor

carla pereira - magellan - revista amar

 

O Magellan Community Foundation e Charities, projeto comunitário que vai ser erguido no coração da comunidade portuguesa, concretamente na 640 Lansdowne Ave. em Toronto, entrou em mais uma fase de divulgação e sensibilização. A par da “Capital Campaign”, no mês de março o Magellan deu início à Campanha de Recrutamento de Voluntários, para os diversos comités. A equipa presente de voluntários já é considerável, desde dos membros do conselho administrativo aos comités, porém um projeto como o Magellan Community Foundation e Charities, necessita de toda a colaboração possível da comunidade portuguesa. Para o efeito, a campanha procura voluntários para: fotografia/videografia; tradutor(a) de inglês para português; promotor de reconhecimento de marca e coordenador de projetos e eventos. Não obstante, também são precisos voluntários para se juntar à “Capital Campaign”. Nesta edição da Revista Amar, vamos apresentar a primeira parte da entrevista com Carla Pereira, voluntária no Comité de Marketing, que graciosamente aceitou o nosso convite, para nos dar a conhecer um pouco de si e do seu contributo ao projeto.

Revista Amar: Carla, antes de falarmos do seu voluntariado no Magellan, fale-nos um pouco de si…
Carla Pereira: Eu nasci aqui, no Canadá e tenho 47 anos. Os meus pais chegaram cá 2 anos antes de eu nascer – o meu pai veio primeiro e depois a minha mãe veio ao encontro dele. O meu pai é do Minho (Arcos de Valdevez) e a minha mãe é da Beira Alta (Guarda) e conheceram-se em Lisboa. E tenho um irmão 2 anos mais novo do que eu. A minha primeira língua é o português, porque os meus pais só falavam comigo em português em casa e porque, quando eu tinha uns 10 anos, os meus pais compraram uma padaria em Toronto, que mais tarde venderam, mas abrindo outras duas: uma em Mississauga e outra em Brampton simultaneamente, onde eu também pratiquei e falava português com os clientes. Só deixei de trabalhar na padaria quando engravidei da minha filha, há 16 anos. Trabalhei nas padarias dos 16 aos 30 anos. Enquanto trabalhava na padaria frequentei a universidade e a faculdade ao mesmo tempo. Tirei o curso de Psicologia e de Mass Communications na universidade e o curso em Coorperative Communications (Relações Públicas) na faculdade. Iniciei a minha carreira profissional como Relações Públicas assim que acabei os estudos, mas sem nunca ter deixado de ajudar na padaria. O meu primeiro emprego foi numa agência de Relações Públicas onde estive 4 anos e depois foi para o Peel District School Board (PDSB) em Mississauga onde trabalhei durante 17 anos. Depois de ter saído do PDSB em 2020, comecei no TD Bank, mas só estive lá 2 meses e meio porque não gostei (risos)… o setor financeiro não é para mim e em novembro de 2020 regressei ao sector educativo e estou desde então no Public Education Union – Elementary Teachers Federation of Ontario.

RA: E como é que teve conhecimento do Magellan Community Foundation e Charities?
CP: Foi através da Angie Câmara. Porém, antes de me voluntariar no Magellan, fui voluntária na Federação de Empresários e Profissionais Luso-Canadianos (FPCBP), por convite do Matthew Correira. Nessa altura, devido à pandemia eu tinha algum tempo disponível… ou seja, enquanto que no PDSB eu trabalhava quase “24/7”, quando fui para o banco foi o oposto, foi como de andar de cavalo para burro (risos), era muito lento e tinha muito tempo livre, daí aceitar o convite do Matthew. Então, estive lá por algum tempo, contudo aconteceram umas coisas e acabei por sair. E foi lá que conheci a Angie. Depois de ambas já termos saído da FPCBP, a Angie um dia mandou-me uma mensagem a dizer que queria falar comigo e depois explicou-me o que era o Magellan Community Foundation e Charities e que andava à procura de voluntários para o Comité de Marketing do qual ela é a responsável. Eu não tinha ouvido falar do projeto até então e os meus sogros vivem na Wallace Ave, mesmo ao lado onde vai nascer o Magellan.

RA: Se calhar, porque nessa altura ainda nem sequer tinha a placa e se as pessoas não estiverem atentas à media comunitária, através de jornais, revistas, rádios e televisão é provável que ainda haja muitas que não têm conhecimento deste projeto…
CP: … exato. Mas, entretanto, a Angie enviou-me o Media Kit, eu fui ver o website e pensei que como estou familiarizada em trabalhar com conselhos (Boards) – do meu tempo no PDSB – e com a minha experiência em comunicação e marketing que, realmente, poderia ajudar na a divulgação do projeto. Considero-me uma pessoa “demográfica” pois tenho pais idosos e provavelmente não vou metê-los num lar: primeiro porque vivem comigo e ainda não têm essa necessidade e em segundo tenho filhos que ainda precisam de mim. Nesta casa vivem literalmente 3 gerações. E, ainda tenho o meu emprego e outras responsabilidades!

RA: Mas foi conhecer os membros dos conselhos e dos comités?
CP: Sim e são pessoas que estão muito comprometidas, entusiasmadas, inteligentes e competentes, que sabem o que estão a fazer. É um grupo de pessoas muito bem organizado e a Angie é muito eficiente e as coisas são feitas.

RA: Gosta de fazer parte deste grupo, deste projeto?
CP: Sim, gosto… principalmente porque estou a contribuir com a minha experiência profissional para que este projeto se torne uma realidade em 2025.

RA: Chegou a ter dúvidas se deveria ou não se voluntariar?
CP: Sim, mas por pouco tempo e mais por causa das más experiências que os meus pais tiveram na altura em que tiveram as padarias. Eles tiveram que lidar com muitos advogados por causa dos negócios e foram “queimados” por muitos empresários profissionais portugueses naquela época. Então, não queria estar associada a algo que pudesse ser corrompida. Mas, fiz questão de saber tudo e tirar todas as dúvidas sobre o Magellan antes de me envolver e posso dizer que confio em todas as pessoas envolvidas neste projeto! E como já conhecia bem a Angie e a Elizabeth Mendes, pessoas que considero competentes e em quem confio deu-me confiança. Quando ouvi o nome do Manuel DaCosta e do Charles Sousa, pessoas que não conhecia pessoalmente, mas que conhecia por serem pessoas ativas na comunidade também ajudou. Depois fui a uma reunião com eles e com o Ulysses Pratas, a Irene Faria e os outros e que me tirou qualquer dúvida que eu pudesse ter. Hoje, acredito neste projeto, que é importante, bom e que tanta falta faz à nossa comunidade. Nós somos das maiores comunidades de Toronto e se as outras comunidades têm, porque não podemos ter também? Acho que é tempo das pessoas da nossa comunidade – pessoas como eu -, que tenham a oportunidade de se aproximar deste projeto a fazê-lo e contribuir para o bem-estar dos nossos idosos.

RA: O que a atrai mais sobre o Magellan Community Foundation e Charities?
CP: Sou uma pessoa com uma mentalidade de justiça social, que acredita que o poder das pessoas faz a mudança. A pandemia abriu-me os olhos sobre o que está a acontecer em alguns lares e da maneira como os idosos são tratados. Por exemplo, o meu pai partiu as duas pernas há 3 anos e meio e esteve num lar durante 3 meses e meio para poder recuperar. A minha mãe teve que lhe levar comida de casa todos os dias. E naquele lar ninguém falava português, apesar que os meus pais falam inglês, mas não é a mesma coisa, não é a língua em que se sentem mais confortáveis a falar. Aquele período foi muito difícil para os dois e só ficava a 20 minutos daqui. A minha mãe, na altura com 74 anos, conduzia para lá e para cá todos os dias para levar a comida (pequeno-almoço, almoço e jantar), porque ele não ia comer “chicken pot pie”… ele queria comer Cozido à Portuguesa. Então, o que mais me atraiu ao Magellan foi o fator cultural, ou seja, quem for para o Magellan sabe que vai encontrar elos familiares seja na gastronomia ou na língua e que no caso de os filhos não os poderem visitar, seja qual for o motivo, sabem que se podem comunicar com quem está lá. O meu pai esteve naquele lar por causa da reabilitação, mas, seja como for, o meu pai acabou por ficar deprimido durante aquele período porque lhe faltavam as coisas a que estava habituado. E no fim da linha da vida, as pessoas devem e têm o direito de viver da forma mais confortável possível e quando falamos dos portugueses não é justo que fiquem literalmente isolados num sítio que não atende as suas necessidades. Mas há mais fatores que me atrairam ao projeto, como por exemplo o facto de haver oportunidades de emprego para a nossa comunidade… no geral é uma oportunidade única para a comunidade portuguesa, mas que precisa de muito apoio!

RA: Portanto, a Carla está no Comité de Marketing. Em que consiste o seu contributo?
CP: Nos meus 20 anos no PDSB trabalhei com a media de Toronto – conheço os jornalistas todos da área educacional do Toronto Star – e, posso trazer essa experiência para o Magellan. Conhecer estes jornalistas é útil porque através deles vou ficar a conhecer os jornalistas das diferentes áreas de que vamos precisar no futuro. Inclusive já falei com a Isabel Teotónio – jornalista portuguesa na área educacional do Toronto Star e que também tem pais idosos, ou seja, está numa situação semelhante à minha – que já me deu alguns conselhos e dicas para que quando chegar a altura estarmos preparados. Também revejo as mensagens e, se for preciso, preparar pessoas para entrevistas… ainda não é caso, porque ainda comecei há pouco tempo (agosto de 2021), e ainda não sei tudo, mas isso é uma questão de tempo! Para resumir, sou responsável pela Relação com a Media, pelo Planeamento de Comunicação e apoio e sobre vejo alguns anúncios, redes sociais e Comunicados de Imprensa.

RA: Já percebi que gosta da área, mas o que pensa sobre a localização escolhida para o Magellan (640 Lansdown Ave)? Acha que foi bem escolhida?
CP: Acho que sim! Eu nasci, cresci e vivi muitos anos na Christie St e Davenport Rd, a padaria dos meus pais era na Ossington Ave e Davenport Rd e andei na Bishop Marrocco/Thomas Merton School na Bloor St W e Dundas St W… imaginando o quadrante, é ali que a maioria dos portugueses vive, para além que tem os transportes públicos mesmo ao lado – a estação do Metro na Bloor St W e a Lansdown Ave. A comunidade daquela área é muito unida e as pessoas que vivem lá escolheram a área porque está perto de tudo e tem tudo… tem o Távora, padarias, farmácias, take-out, etc. É uma área com uma grande presença portuguesa, contudo também tem outras comunidades e isso é muito importante porque não podemos viver isolados. Sim, somos uma grande comunidade e somos o coração de uma comunidade e temos a oportunidade de mostrar aos outros o que é a identidade portuguesa, o porquê de celebrarmos a nossa portugalidade, mostrar as razões de termos tanto orgulho nas nossas raízes. Resumindo, a localização é perfeita.

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