Magellan Community Foundation: Todos podem contribuir
Magellan

Magellan Community Foundation: Todos podem contribuir

magellan sergio ruivo- Revista Amar

 

A Magellan Community Charities que vai ser erguido na 640 Lansdowne Ave. em Toronto tem um grupo de luso-canadianos – e não só -, empenhados para que este projeto seja uma realidade em 2025. Para sabermos mais sobre os últimos acontecimentos, a Revista Amar tem convidado diretores da Magellan Community Foundation e Charities para informar a comunidade portuguesa a cerca de cada comité, a sua função, competência e responsabilidade. Assim sendo, para esta edição convidámos Sérgio Ruivo, diretor e membro dos comités de Construção e Financeiro, que amavelmente aceitou conversar connosco.

Revista Amar: Para quem ainda não sabe, fale-nos um pouco de si.
Sérgio Ruivo: Cheguei ao Canadá em 1965, com apenas três anos e meio, acompanhado da minha mãe e da minha irmã e viemos ter com o meu pai que tinha chegado 6 meses antes. Somos de perto de Leiria e o meu pai já tinha sido emigrante na França e esteve lá uns oito ou nove anos e depois desafiaram-no para vir para o Canadá e veio. Eu fui, a bem dizer, criado aqui. Primeiro fomos viver para a baixa de Toronto e acho que a nossa primeira casa foi na zona da Augusta, porque andei na escola na College e Bathurst e mais tarde, 5 ou 6 anos depois, mudámo-nos para North York. A partir daí a comunidade portuguesa deixou de ser o meu ambiente global, mas até acabar o liceu tive ligação e só estive mais desligado da nossa comunidade e falei menos português quando andei na universidade. Depois de ter concluído a universidade, de ter passado nos exames e de ter feito o estágio necessário para ser um Chartered Accountant, iniciei a minha carreira na área de contabilidade em 1985. Trabalhei na área de Contabilidade Pública durante 6 ou 7 anos e depois (…) mudei para área de consultoria e trabalhei como gerente consultor durante uns 5 ou 6 anos. A seguir passei por uma experiência no governo, no Office of the Superintendent of Financial Institutions, que é a agência que regula os bancos, as seguradoras, onde trabalhei só 2 anos, porque aquilo era um bocadinho lento para mim e integrei os quadros da Bell Canada (BC) onde fiquei uns 7 ou 8 anos. Volvidos estes anos, regressei à contabilidade e abri o meu primeiro escritório (…) e desde então trabalho por conta própria. Entretanto especializei-me na área fiscal, de imposto indireto – GST, PST , etc. – e trabalhei nesta especialidade durante uns 4 ou 5 anos mas depois, pouco a pouco, aproximei-me mais do meu início de carreira, que era a contabilidade geral e estou a trabalhar nisso até agora e aqui – neste edifício que é meu há uns 3 anos, 3 anos e meio. Sou casado e tenho uma filha com 28 anos e um filho com 23.

RA: Como é que soube da Magellan Community Charities?
SR: Soube quando o projeto foi anunciado publicamente, em 2018.

RA: Como é que se deu o convite para fazer parte da direção da Magellan?
SR: Deve-se ao facto de ter estado envolvido a outras organizações comunitárias, como a Federação de Empresário e Profissionais Luso-Canadianos (FPCBP), a Canadian Golf Association e outras organizações. Sendo membro das respetivas direções e como sou contabilista, sou sempre convidado para ser o tesoureiro nas várias organizações (…). Há cerca de 1 ano e meio, 2 anos, fui contactado pela Irene Faria, que é minha amiga e também contabilista – já nos conhecemos há muitos anos -, e que já estava a acompanhar o desenvolvimento da Magellan, mas com muito trabalho, então ela pediu-me para a ajudar e eu aceite. Uns 6 meses depois convidaram-me para fazer parte da direção e aceite.

RA: Há quanto tempo faz parte da direção? E como tem ajudado?
SR: Sou membro da direção há, mais ou menos, 1 ano e meio… e estou a ajudar a Magellan a atravessar as barreiras que são necessárias para conseguir várias coisas dentro da minha área, tais como: organizar o plano financeiro, conseguir o financiamento, lidar com as entidades governamentais e com os bancos. Estamos a organizar o projeto de forma que realmente se consiga concretizar e ultrapassar os desafios que temos pela frente. E, portanto, um deles é conseguir angariar fundos suficientes para que o projeto seja uma realidade da nossa comunidade e da comunidade em geral. Neste momento, é nisto que a direção está empenhada, para que possamos pôr a primeira pá no chão e começar a fundação da Magellan.

RA: O que é que pensou quando ouviu falar que haveria a possibilidade da nossa comunidade, também, ter um centro comunitário?
SR: É um centro que a nossa comunidade precisa, sem dúvida! Se formos comparar a nossa comunidade em relação às outras comunidades e até comunidades muito mais pequenas do que a portuguesa, eles já conseguiram ter um projeto desta dimensão para servir as comunidades deles. Foi feito uma listagem dos centros dentro das outras comunidades e a comunidade chinesas já tem vários, a grega também tem, a italiana tem um grande e alguns pequenos… até a comunidade maltesa já tem uma casa! Só faltávamos nós ter um também!

RA: Na sua opinião, a que se deve isso?
SR: Acho que é devido ao facto do conceito de civismo não ser ou não é uma coisa muito enraizada na cultura portuguesa… mas tanto aqui como em Portugal. O civismo é um conceito mais praticado aqui, na América do Norte e outras comunidades, mesmo que pequenas, praticam-no e têm noção da importância de contribuir e ajudar a comunidade. Estou aqui há muito tempo e conheço as outras comunidades e olho para a comunidade judaica e vejo como eles se ajudam uns aos outros, os chineses também e até os gregos. Mas o português, por vezes, não vê ou não dá valor ao voluntarismo e nem ao civismo, inclusive de se integrar na sociedade onde vive. E, então, isto faz parte dos desafios. Claro que o português pratica voluntariado e civismo, mas é muito limitado à região de onde é oriundos. Não sei porquê, mas quando se fala de uma comunidade mais abrangida, que inclui tudo e todos, nem todos pensam dessa maneira. A Magellan é para a comunidade portuguesa e os portugueses têm que sentir que fazem parte deste projeto, mesmo que não tenha o conceito regional a que eles, normalmente, estão acostumados.

RA: Como tem corrido a campanha de sensibilização?
SR: Olhe, é um dos temas que debatemos nas reuniões da direção… como é que nós vamos conseguir sensibilizar a comunidade portuguesa, para que olhe para este projeto como uma necessidade para a comunidade, porque é!!! E que, de um certo modo, quando for concretizado, vai prestigiar a comunidade portuguesa que pode ser um exemplo para as outras comunidades, porque, sem projetos desta dimensão aqui nesta cidade muitos que não são portugueses não “veem” a comunidade portuguesa. Então, para mim, este projeto é mais um passo na evolução e afirmação da comunidade portuguesa aqui. Sei que, às vezes, os portugueses têm uma certa tendência de se focar no negativismo, mas isto é um projeto positivo e só com uma mentalidade positivo da comunidade portuguesa é que o projeto se vai concretizar, mas é um projeto que dá muito trabalho, sobre isso não há questão e eu estou disposto a trabalhar. Os membros que estão na direção também estão todos dedicados e a dar o seu contributo. Às vezes, o que parece é que a comunidade está a “procurar” interesses pessoais que possamos ter e em vez de tentar ajudar, quer é derrubar. Este é um problema que nós, de vez em quando, enfrentamos. Se olharmos para isto, isso não ajuda ninguém. As pessoas que podem, devem contribuir e dar sugestões pelo positivo, porque isto não é um projeto de um ou de outro. Isto é um projeto para a comunidade e todos devemo-nos rever como parte deste projeto, e não se pode individualizar. Só vai fazer bem para a comunidade portuguesa e vai ajudar aqueles que precisam, se não as pessoas mais envelhecidas estão sujeitas a ir para lares, sem as condições ideais.

RA: E para que possam ter um fim de vida com dignidade…
SR: … exatamente, com dignidade!

RA: Faz parte dos Comités da Construção e Financeiro. Quais são as suas responsabilidades dentro de cada um deles?
SR: No Comité de Construção, estou a apoiar as pessoas que estão a lidar com tudo o que é necessário para desenhar e construir o projeto. No Financeiro o meu contributo é tentar organizar as contas, avaliar aquilo que eles estão a fazer, lidar com o governo, verificar que o financiamento está certo e todas essas interligações. A Irene e eu estamos a ajudar a ter a certeza que realmente tudo o que está a ser planeado em termos de construção e despesas, tenha uma via segura para ser realizada.

RA: Recentemente houve um evento de Networking promovido pelo IC Savings com intuito de ajudar o projeto. Como é que correu?
SR: Pessoalmente não pode estar presente, mas sei que correu bem. O objetivo era fazer o network entre pessoas e os nossos conhecidos e dar-lhes a conhecer e perceber melhor o que é o projeto, o ponto em que está, em que fase se encontra, os obstáculos que ainda estão pela frente e as estratégias que temos agora delineadas para superar os obstáculos. Não houve contribuições específicas, mas sei que o meu amigo Dr. Rui Martins deu um grande contributo com a sua palestra, pois como médico que lida com as pessoas todos os dias, é a pessoa com o conhecimento real na área da saúde. Durante a palestra falou sobre a necessidade e da importância que um projeto deste tipo tem para a nossa comunidade e para os nossos idosos.

RA: Gostaria de o convidar a deixar uma mensagem à nossa comunidade.
SR: Gostaria de pedir à comunidade que dedique um pouco do seu tempo a procurar informações e que tente conhecer e perceber a importância do projeto Magellan Community Charities para a comunidade portuguesa, mas junto a fontes credíveis, para que possa ajudar a torná-lo uma realidade. Os membros da direção estão disponíveis para tirar duvidas, mas também podem consultar a página www.magellancommunitycharities.ca, contactar-nos pelo email [email protected] ou telefonar para 437-914-9110 para mais informações e doações.

Redes Sociais - Comentários

Botão Voltar ao Topo