2021 Luso Virtual Volta: no bom caminho para alcançar a meta
Luso Charities

2021 Luso Virtual Volta: no bom caminho para alcançar a meta

REVISTA AMAR - VOLTA LUSO
Volta Luso 2019
Créditos © Carmo Monteiro

 

Poderiam ser imagens deste ano, mas devido à pandemia a Volta está novamente a realizar-se virtualmente em função das medidas restritivas impostas pelo governo provincial, havendo ainda, contudo, a possibilidade de se poder fazer presencialmente. A Luso Canadian Charitable Society (LCCS) está a realizar, desde do dia 10 de junho até ao dia 18 de julho, mais uma Luso Virtual Volta. Para saber mais sobre esta angariação de fundos estivemos à conversa com o presidente da direção da LCCS, Jack Prazeres.

Revista Amar: Este ano a Luso Volta é mais uma vez virtual. Com o desconfinamento, não ponderaram fazer presencialmente, como era habitual antes da pandemia ou concluíram que ainda era muito cedo e arriscado?
Jack Prazeres: Na altura que a Volta foi organizada, há 6 meses, ainda não tínhamos a certeza do que ia acontecer, do que se podia ou não fazer. Pelo seguro decidimo-nos pelo virtual, mas se eventualmente, em julho, desconfinarmos ainda mais e se houver a hipótese de fazer uma Volta de mota, de bicicleta ou até a pé podemos tentar organizar uma Volta mais pequena, contudo não faria sentido pararmos agora com a Luso Virtual Volta quando já estamos no bom caminho de atingirmos a nossa meta dos $450,000.00.

RA: No ano passado depois de fechar as inscrições qual foi o valor oficial?
JP: Salvo erro, foi por volta dos $415,000.00. O que acontece é que há muitas pessoas que fazem uma oferta, mas o dinheiro só nos chega uns dias ou até semanas depois. Ora no dia que acaba a Luso Virtual Volta temos um valor, mas durante os dias das semanas seguintes, o valor vai aumentando consoante o dinheiro vai chegando. Portanto, é muito difícil fecharmos as contas no último dia, porque ainda há muito dinheiro para receber, seja em promessas ou cheques de empresas que temos que ir buscar. E como sabes, há muitas pessoas que ainda preferem passar um cheque e receber logo o recibo, em vez de usar a internet e não é fácil para os nossos voluntários ir buscar todos esses cheques e leva tempo. Este ano não deverá ser muito diferente, quando chegar ao dia 18 de julho vamos poder anunciar o valor que entrou até à data, mas só deveremos ter o valor exato da angariação nos fins de julho.

RA: E para além dos cheques, como é que as pessoas podem fazer os seus donativos?
JP: Podem fazer um donativo com o cartão de crédito ou para saberem mais sobre a angariação podem ir a www.lusoccs.org/events/volta-luso-charities e para fazer donativos com cheques podem telefonar para qualquer um dos nossos três centros e combinar como será feita a entrega do cheque e do recibo. Para as respetivas zonas podem ligar para 416-761-9761 (Toronto), para 905-858-8197 (Peel) e para 905-522-4612 (Hamilton).

RA: E qual é o valor mínimo?
JP: Não há… desde que haja boa vontade, nós vamos a casa das pessoas, nem que seja por $1.00. Eu costumo dizer muitas vezes que somos 600.000 portugueses e se cada um doa-se $1.00 teríamos $600,000.00 e com esse valor tapávamos o buraco deste ano de pandemia em que não cortámos serviços!

RA: A partir de que valor doado é que se tem direito a um recibo para as Income Tax?
JP: É a partir de $20.00 para cima. O recibo é muito importante para as pessoas e para as empresas.

 

REVISTA AMAR - VOLTA LUSO
Conferência de Imprensa da Volta Luso 2018
Créditos © Carmo Monteiro
REVISTA AMAR - VOLTA LUSO
Volta Luso 2018
Créditos © Carmo Monteiro

 

RA: Quantas famílias estão atualmente agregadas aos centros da LCCS?
JP: Servimos 200 famílias todos os dias! Infelizmente, no princípio do ano tivemos que dar o apoio virtualmente, mas já voltámos a abrir as nossas portas e uma boa parte dos nossos utentes já regressaram e todos os dias regressam mais. Temos alguns utentes que não voltaram porque ainda não foram vacinados e os pais têm medo.

RA: E como está essa fase da vacinação na LCCS?
JP: Em Toronto já vacinámos quase todos os utentes e os seus pais porque organizámos um dia de vacinação no centro.

RA: Como é que foi o regresso dos utentes aos centros?
JP: Não há nenhum que não quisesse voltar!!! Todos choram de felicidade por voltar aos centros e choram ao fim do dia, porque não querem ir para casa. Eles tinham tantas tantas saudades dos seus amigos… é uma coisa quase impossível de explicar.

RA: E como reagiram os pais?
JP: Há muitas pessoas que não entendem… mas é um alivio poderem ter um pouco de descanso durante umas horas, sem terem aquela responsabilidade de 24 horas por dia e 7 dias por semana… é incrível. As pessoas por vezes quando veem certos casais pensam “coitadinho do filho ou da filha… está numa cadeira de rodas” e esquecem-se dos pais. Estes filhos sempre estiveram na cadeira de rodas e não conhecem outra vida porque muitos já nasceram com as incapacidades, mas os pais não! Os pais tiveram que se adaptar a uma nova realidade e agora muitos deles têm 60 e 70 anos, ou seja, passaram uma vida, 24 horas por dia, só a tomar conta do(a) filho(a) ou dos(as) filhos(as). Portanto, nós podemos dar um pouco de descanso aos pais ao poderem ir descansados para casa, ir às compras, tomar um banho ou uma refeição, visitar um amigo ou familiares. Nós próprios na Luso damos muita atenção aos filhos, mas acho que temos prestado pouca atenção aos pais e vamos mudar isso.

RA: E o que é que se pode fazer pelos pais?
JP: O nosso novo projeto é mesmo nessa direção. Já temos uma conta no banco com $500,000.00 e andamos a procurar um sítio onde possamos fazer 30 apartamentos para os pais que já não podem tomar conta dos filhos e temos vários casos na nossa comunidade e que é de conhecimento público. Alguns destes pais já têm 60, 70 e 80 anos e continuam a tomar conta dos filhos. Temos que começar por ajudar estas famílias porque a lista de espera no Ontário para pôr os filhos numa casa própria é de 5 a 15 anos. Quando um destes pais falece, a maioria dos filhos são postos de “emergência” numa casa qualquer… o primeiro “buraco” que encontrarem é para lá que os mandam… é triste!

RA: Mas $500,000.00 é um valor aquém para um projeto desta envergadura?
JP: É verdade… $500,000.00 não é nada, mas é um princípio e uma responsabilidade que já nos obriga a trabalhar arduamente e se Deus quiser se conseguirmos mais alguns donativos que pensamos que vamos ter, o montante vai crescer mais um pouco ainda este ano. Também está na altura de começarmos a trabalhar com os governos e com os municípios para encontrar um sítio… talvez não seja só uma casa, quem sabe sejam 3 casas pequenas. Isso vai depender das oportunidades que nos aparecerem, mas a meta é começarmos o mais rapidamente possível, porque temos muitas famílias a sofrer drasticamente e que ninguém sabe ou compreende. Temos tido várias reuniões e posso-te dizer que numa das reuniões sai a chorar, porque todos os pais saíram de lá a chorar. Eles não sabiam o que ia acontecer aos filhos a partir do dia que eles já não pudessem mais tomar conta deles e saíram de lá com esperança e alívio. Estas reuniões são muito muito difíceis, porque naquele momento estamos a ouvir os pais e conseguimos nos “ver” no lugar deles e é só nesses momentos que conseguimos perceber e visualizar um pouquinho o que tem sido a vida deles… e é muito muito difícil! Por vezes quando vou a conduzir para casa ponho-me a pensar na vida que tenho e a imaginar como seria se estivesse no lugar deles.

RA: Não poderia ter a vida que tem hoje…
JP: … sem dúvida alguma! Eles não têm tempo para nada! Não podem ir ao cinema, a um restaurante, etc. e mesmo que tenham família e amigos, nem toda a gente está disponível ou de mãos abertas para os ajudar e tomar conta de uma pessoa desabilitada.

RA: Como tem sido trabalhar durante a pandemia?
JP: A nossa equipa tem trabalhado arduamente e estamos muito orgulhosos deles. Tanto diretores como todos os trabalhadores nos centros têm tido uma responsabilidade tão grande e por vezes nós não apreciamos o trabalho que eles estão a fazer… mas o trabalho que eles têm feito durante esta pandemia, é excelente!!! O trabalho e o esforço da equipa é fora deste mundo! Conseguimos aguentar três centros em um ano e meio de pandemia, praticamente sem dinheiro a entrar e temos tudo em dia e as nossas contas positivas, eu acho que há um mérito muito grande da equipa de diretores e todos mereciam uma medalha do céu.

RA: E vão com certeza ter. Quem semeia o bem, colhe o bem…
JP: Não há medalhas no mundo que conseguem representar o trabalho dos diretores e de toda a equipa da LCCS.

RA: 2021 marca a perda de dois voluntários importantes, quer para a comunidade portuguesa como para a Luso Canadian Charitable Society (LCCS)… refiro-me a Frank (Francisco) Melo, diretor e presidente honorário da LCCS e a Tony de Sousa, presidente do PCC de Mississauga que abria as portas do clube para os vossos eventos como, por exemplo, a Volta. Como está o ambiente na LCCS e como estão a lidar com estas lamentáveis perdas precoces?
JP: O ambiente é de tristeza… em ambos os casos, foram um choque muito grande e inesperado. Vou começar pelo Frank Melo que era um diretor… um diretor envolvido! Era daqueles diretores que trabalhava. Há duas classes de diretores. A dos que vão e estão lá para votar (sim ou não) e a dos que se envolvem e trabalham. O Frank além de estar há muitos anos connosco, também era um bom amigo de todos nós e a partida dele deixou-nos chocados e muito tristes. Ele era um membro da equipa que fazia parte da família. No caso do Tony de Sousa, para te dizer a verdade a realidade ainda não me entrou… acho que nós, ou pelo menos eu ainda vou passar pelo clube para falar com o Tony. O meu cérebro ainda não processou e nem entende o que aconteceu… porque aos anos que trabalhámos juntos e a bondade da pessoa, desde do primeiro dia em que nos conhecemos até à última vez que falei com ele, durante estes anos de amizade nunca tivemos um único problema… bastava olharmos um para o outro que já sabíamos o que queríamos dizer e compreendíamo-nos, quando eu precisava de ajuda compreendíamo-nos e quando ele precisava de ajuda compreendíamo-nos, mas talvez eu deveria ter estado lá mais para ele, porque ele esteve sempre lá para mim, sem dúvida alguma! O Tony foi uma pessoa excelente e que vai fazer muita falta para todos nós na comunidade portuguesa… principalmente em Mississauga e no PCCM. Costuma dizer-se “que não há ninguém insubstituível”, mas neste caso esse ditado não se aplica. Tony era o elo que unia todas as pessoas, o Tony era o tipo de pessoa que falava com toda a gente, o Tony não tinha inimigos e uma pessoa muito aberta para quem tudo estava sempre bem… o Tony recebia toda a gente com um sorriso e sempre com o mesmo sorriso, bastava ver-nos entrar pelas portas do clube e vinha logo ter connosco. Não quero dizer com isto que não haja outra pessoa como ele, mas melhor será difícil, muito difícil! E como disse, ainda não consigo entender e não há um dia que não pense no Tony, não só pelo clube como também pela amizade pessoal.

RA: Um assunto atual e incontornável, é a vacinação da Covid-19. Qual é a sua posição sobre esta temática?
JP: Eu acredito nos estudos e na ciência que nós todos devemos ser vacinados. Eu que nem era crente na vacina da gripe , mas desde que comecei a levá-la deixei de ter gripes 2 a 3 vezes por ano… e deixei de ter a gripe por completo. Em relação à vacina da Covid-19, já tomei as duas doses – a segunda até foi recentemente – e posso dizer que sou crente! Há pessoas que não o são e até tenho pessoas na minha família que também não o são, mas acho que vai ser essencial nem que seja só para pessoas que gostam de viajar, porque quem não for vacinado vai ser quase impossível viajar. Contudo, baseado em todos os estudos que se têm feito acho que com a vacinação podemos ficar mais descansados.

RA: Quais são os planos para o torneio de golf e da gala?
JP: O torneio de golf está marcado para o dia 10 de setembro e se já estivermos completamente desconfinados vão concretizá-lo presencialmente, até porque já temos muitas inscrições, contudo duvido que haja o habitual jantar derivado aos ajuntamentos em recintos fechados… mas, vamos esperar para depois tomarmos essa decisão. Quanto à gala que também tem data, mas está em dúvida pois já é mais complicado fazer presencialmente porque, como sabes, nós temos sempre por volta de 600 a 700 pessoas e acho que as pessoas ainda não vão estar preparadas para estarem juntas num espaço fechado mesmo que já não haja as medidas restritivas. Vamos fazer o tudo por tudo, porém se agora conseguirmos alcançar o nosso objetivo na Luso Virtual Volta o nosso coração já fica mais descansado e podemos trabalhar e tomar as decisões com calma, porque este montante já vai dar para manter o sistema sem cortar serviços a ninguém, se não conseguirmos temos que trabalhar arduamente e em compasso acelerado para que o torneio de golf possa trazer o que faltar para que possamos cobrir todos os programas que temos disponíveis na LCCS.

RA: Para finalizar, convidou a deixar uma mensagem aos nossos leitores?
JP: A mensagem é simples.. a todos que possam ajudar ou fazer um donativo sem sacrificar as próprias vidas, por favor doam! Se poderem dar $50.00 ou $100.00 seria fantástico, mas se só poderem dar $1.00 nós também aceitamos! Tudo ajuda. Pois como disse anteriormente, se 600 pessoas dessem $1.00 seriam $600,000.00. Às muitas empresas que estão bem, por favor ajudem e suportem também! E fica aqui um desafio, quando acabarem as medidas restritivas, por favor visitem os centros e vejam com os vossos olhos o trabalho que fazemos, a felicidade dos utentes, falem com os pais para poderem perceber um pouquinho do que é o dia a dia deles e perguntem-lhes a diferença que a LCCS faz na vida deles… e vão chegar à conclusão que é impossível olhar para o lado e não ajudar esta causa. Aos que nos têm apoiado durante estes anos todos… Obrigado.

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