O mês de Junho vivido aqui, do outro lado do Atlântico, ensinou-me tanto… sobre Portugal e a verdadeira importância do que, habitualmente, designamos por diáspora.
Estamos espalhados pelo mundo e em cada canto, onde há um português, sente-se Portugal. Não é frase feita. Acreditem. É uma realidade. E, se dúvidas tivesse, elas ter-se-iam desvanecido depois de acompanhar de perto as comemorações da semana de Portugal nesta cidade/região, onde vivem cerca de meio milhão de portugueses.
Desde a singela, mas muito simbólica homenagem aos pioneiros portugueses – homens que em 1952/1953 começaram a chegar ao território canadiano, desbravando o caminho para os vindouros -, até a impressionante Parada de Portugal que percorreu a Dundas Street e que me fez vibrar com todos os que nela participaram, esta foi, posso afirmar, uma semana de grande intensidade emocional.
Ver a nossa bandeira nacional ser içada até ao topo do mastro que ladeia a Câmara Municipal de Toronto – ao som do hino nacional cantado em uníssono por todos os portugueses presentes naquela praça, no coração da cidade -, assistir ao 25º Festival de Folclore Raízes do Nosso Povo, expressão máxima da cultura popular portuguesa, e perceber como estes homens e mulheres de todas as idades, entregam parte do seu tempo para não deixarem morrer o Portugal que se tem vindo a transmitir de pais para filhos… faz-me sentir em casa a milhares de kms de distância.
E depois há ainda aquela parede, no centro de Toronto, na Camões Square, com aquelas estrelas que não brilham, mas iluminam nomes de personalidades portuguesas ou luso-descendentes, que marcaram ou ainda marcam, pela diferença, a sociedade canadiana. Cada estrela torna clara uma realidade que muitos desconhecem ou não querem ver – temos portugueses topo de gama e temos portugueses que, ao contrário do que tantas vezes acontece (é tão mais fácil!!…), não só não os ignoram, como os enaltecem. O Portuguese Canadian Walk of Fame representa por isso, para mim, o que Portugal tem de melhor – gente competente, gente generosa e gente que sabe reconhecer o valor dos outros, ainda que eles próprios merecessem uma constelação de estrelas com o seu nome inscrito.
Duas notas finais – uma de tristeza e outra de alegria.
Partidos políticos à parte (como imaginam não conheço, suficientemente, a realidade política canadiana) tenho que vos confessar que fiquei desapontada com o facto de os portugueses que se recandidataram nas eleições provinciais, não terem alcançado o objetivo. Parece-me que a comunidade portuguesa ficou empobrecida com esta falta de representatividade política, ao nível da Província do Ontário. Daí a nota de tristeza…
Termino com a alegria. Ouvi há pouco a música de incentivo à seleção portuguesa de futebol, cantada por um luso-descendente, nascido no Canadá e que é hoje um dos nomes da música, mais conhecidos em todo o mundo – Shawn Mendes.
A música não é original, mas a adaptação feita para a ocasião, com Shawn Mendes a assumir, de forma plena, as suas origens – In my blood -, bem… das duas, uma: ou a idade está a pôr-me a lágrima no canto do olho, ou isto de estar fora de Portugal há umas semanas está a tornar-me mais sensível… Só vos digo que me emocionei ao ouvir a música (ou melhor a letra) e ver o vídeo.
Ser português, aqui, na Rússia ou em qualquer lugar do mundo, é gritar bem alto – Força Portugal!
Madalena Balça
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