Gente da Nossa: celebrou 35 anos em Mississauga
O salão do Centro Cultural Português de Mississauga encheu-se para a celebração de mais um aniversário do programa Gente da Nossa, apresentado por Nellie Pedro. Telespectadores e amigos de longa data juntaram-se para assinalar os 35 anos de um programa de entretenimento produzido e falado em português.
Nellie Pedro explicou-nos que a celebração do aniversário tem uma dupla função – por um lado permite o convívio entre todos os que veem o programa, por outro lado é mais uma forma de angariar fundos, tão necessários para a continuidade do mesmo. A apresentadora e produtora contou-nos como começou esta aventura – “isto começou porque víamos que havia necessidade de comunicar com a comunidade portuguesa e apresentar o que estava a acontecer na comunidade àqueles que não estavam presentes nos eventos comunitários. E como eu tinha estudado Rádio e Televisão, o meu marido, César Pedro, já estava envolvido com um canal comunitário como produtor e houve a oportunidade de haver 30 minutos de televisão em língua portuguesa, nós aceitámos o convite para sermos os produtores desse programa.”
Agora 35 anos depois é altura de se fazer um balanço e Nellie não hesita quando afirma que “o balanço é positivo, mas também cansativo, porque tanto eu como o meu marido temos dado muito do nosso tempo para a comunidade, para promover e produzir este programa comunitário. Mas tem sido positivo por vermos a comunidade a evoluir de ano para ano e poder captar isso em imagens para sempre. Temos um arquivo enorme de imagens de eventos e acontecimentos históricos. Portanto, nós através da lente da câmara vimos a comunidade crescer e evoluir.”
Como mulher atenta e muito conhecedora da realidade da comunidade portuguesa Nellie Pedro falou-nos ainda do presente e daquilo que poderá ser o futuro das instituições comunitárias na GTA – “a comunidade portuguesa de hoje é menos envolvida do que a que tínhamos há 35 anos. Nessa altura as pessoas sentiam-se mais sozinhas, não havia comunicação social, não havia redes sociais, não havia maneira de ver a televisão de Portugal, agora as pessoas acham que já não precisam tanto de instituições como esta. Isso está a empobrecer a nossa comunidade a nível cultural e a torná-la muito menos ativa do que era há 35 anos. Em relação ao futuro, acho que tem que haver uma mudança grande, algo tem que acordar a comunidade para verem que nós necessitamos de apoio. Órgãos de comunicação social portugueses têm que existir, escolas portuguesas têm que existir, comércio português tem que existir, centros culturais como este têm que existir, lar para a terceira idade (de que tanto precisamos) tem que existir… isso tudo tem que existir e as pessoas têm de parar de ficar fechadas na cave. É a altura de saírem e virem para cima, respirar e ver o sol. Se as pessoas não se envolverem, a comunidade vai morrer.”
A festa foi animada pelo conjunto Mexe-Mexe e o cantor Zé Amaro.
Madalena Balça/MDC
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