Para quem, como eu, trabalha no setor social, há notícias que são recebidas com muita satisfação. Foi positivo saber que o investigador canadiano Daniel Dutton, da universidade de Calgary, concluiu que “Investimento em apoio social é melhor para a saúde da população que mais gastos no sector da Saúde”.
Contudo, não nos enganemos, a obtenção de um pequeno impacto na resolução de um determinado problema social, exige muito investimento, talento, tempo e dedicação e amor à camisola.
Ainda assim, muito mais do que uma questão de maior ou menor investimento nas dotações orçamentais do setor social ou no da saúde, ambos são sempre escassos face às necessidades emergentes, talvez seja mais estruturante que se criem medidas e instrumentos que potenciem a articulação entre estes dois setores chave. Gosto da designação dos nossos vizinhos espanhóis- Atención Sociosanitaria – que prevê um conjunto integrado de serviços e prestações sociais e de saúde.
As entidades da economia social representam 5,5% de todo o emprego remunerado do país e 2,8% do Valor Acrescentado Bruto.
Quando analisamos a questão financeira do terceiro setor, os dados oficiais do INE indicam uma necessidade líquida de financiamento na ordem dos 750 milhões de euros. A fragilidade financeira de muitas organizações não lhes permite investir em inovação e prevenção, sendo obrigadas a direcionar os parcos recursos existentes para a resolução dos problemas mais imediatos, numa espécie de just in time porque não há pré-aviso quando o assunto é emergência/apoio social.
Os recursos públicos escasseiam e os filantrópicos também já tiveram melhores dias, podendo estes ser ainda mais penalizados pela força que um ou outro caso negativo pode ter, face aos milhares de bons exemplos existentes no nosso país, os quais há muitos anos dão respostas diferenciadas a novos e velhos desafios.
Se o futuro é incerto, o presente é duríssimo para quem trabalha no setor solidário. Não sei se será apenas mais um ano, mais um mês, mais uma semana, ou apenas mais um dia, mas sei que toda a “nossa gente” arregaça as mangas e pugna com bravura até à última gota de suor.
Nas encruzilhadas da vida, há caminhos mais curtos, logo putativamente mais fáceis, mas como diz o poeta: “Não sei por onde vou, não sei para onde vou – Sei que não vou por aí!”
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