O azul e verde de Dorset
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O azul e verde de Dorset

Revista Amar - O azul e verde de Dorset
Créditos: Manuela Marujo

 

Dorset é uma povoação situada nas margens do Lake of Bays. Como ela, centenas de pequenas aldeias, vilas e cidades se têm desenvolvido nas margens dos milhares de lagos que embelezam a Província do Ontário. Muitas delas são anteriores à presença dos europeus, mas a origem britânica dos colonizadores influenciou sobremaneira não só os nomes atribuídos a estas localidades, mas também a arquitetura das igrejas, a construção das marinas, o artesanato e tanto mais.

Conheço bem Dorset, que faz fronteira entre as regiões de Muskoka e Algonquin Highlands. É um exemplo de uma dessas povoações de origem muito antiga, cujo nome inglês esconde a história de Cedar Woods. Neste último ano, tenho passado muito tempo na “cottage” e interessei-me pela História e tradições de Muskoka e Algonquin.

Os povos que começaram por ocupar esta região, abundante em recursos naturais, foram os Anishinaabeg que por aqui acampavam para caçar, pescar e fazer comércio. Era nesta zona que os nativos se ocupavam da extração da seiva do ácer e encontravam cascas de bétula em abundância para as suas canoas. Sabe-se que ocuparam a área de Cedar Narrows, considerado lugar sagrado, por o cedro ser venerado como a “árvore da vida”. O Lake of Bays foi conhecido primeiro por Trading Point, e um lendário chefe indígena, John Bigwin, deu o nome à ilha do lago que colocou Muskoka no mapa.

 

 

No início do século XX, a ilha de Bigwin foi adquirida por um milionário americano que a transformou na maior atração balnear do Canadá durante o período entre as duas Grandes Guerras. O hotel de luxo “Bigwin Inn” com campo de golfe, orquestra, desportos aquáticos e outras mordomias atraíram, entre muitos outros visitantes célebres, Winston Churchill, Greta Garbo, Louis Armstrong, Ernest Hemingway e os Rockefellers, levados até lá no barco a vapor SS Bigwin.

A aldeia de Dorset, onde continua ancorado o SS Bigwin, é uma encantadora localidade nas margens do lago. Com menos de 500 habitantes, a população multiplica-se dez vezes, durante a época balnear, devido à ocupação das muitas “cottages” nesse lago de 200km de diâmetro e cerca de vinte ilhas. Faço parte desse grupo e vou às compras a Dorset de carro ou de barco.

 

 

O que encontra o visitante ao chegar a Dorset? Uma das maiores atrações é o famoso “Robinson’s General Store”, loja votada como a melhor do país no seu género e que, de 1921 a 2021, esteve a ser gerido por quatro gerações da família que lhe deu o nome. Foi apenas a 1 de maio passado, depois de comemorar o seu centésimo aniversário, que uma nova gerência tomou conta do conhecido armazém.

Junto da pequena ponte, para além do “Robinson General Store” cuja doca de acesso por barco facilita a vida dos “cottagers”, encontra-se, de um lado, a marina com um pequeno museu marítimo, o Lake of Bays Marine Museum e o SS Bigwin que proporciona viagens de recreio no lago. Do outro lado, um pequeno parque com a denominação antiga Cedar Narrows Heritage Park com bancos, jardim e um quiosque, é onde se erguem placas históricas com informação resumida sobre os povos que ocuparam esta zona antes da colonização em 1859.

 

Num passeio a pé pela aldeia vemos a Igreja Unitária, galerias de cerâmica e pintura, restaurante e gelataria. Há ainda o pequeno Heritage Dorset Museum, com informação sobre as atividades dos pioneiros – corte de árvores e transporte de madeira.

 

 

A cerca de um quilómetro da aldeia, na estrada 35 em direção ao norte, encontra-se a “Dorset Lookout Tower”. Esta torre de observação com cerca de 142 metros de altura é um miradouro excecional. O nosso olhar descobre muitas das reentrâncias que nos ajudam a compreender o nome do lago. A perder de vista, estende-se a floresta exuberante em tons verdes de bétulas, cedros, áceres, pinheiros e outras espécies que contrastam com o azul do límpido Lake of Bays.

Dorset é atraente para os visitantes que a procuram nas quatro estações do ano, cada uma com seu encanto. Na primavera, um passeio de barco no lago ou uma subida à Torre de Observação permitem admirar o encantador contraste entre o verde e o azul.

Manuela Marujo

Professora Emérita da Universidade de Toronto

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