{"id":18030,"date":"2019-02-23T23:53:58","date_gmt":"2019-02-24T04:53:58","guid":{"rendered":"http:\/\/revistamar.com\/?p=18030"},"modified":"2019-02-23T23:53:58","modified_gmt":"2019-02-24T04:53:58","slug":"o-divorcio-e-os-filhos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/revistamar.com\/conhecimento\/ciencia\/o-divorcio-e-os-filhos\/","title":{"rendered":"O div\u00f3rcio e os filhos"},"content":{"rendered":"

O process de div\u00f3rcio pode ser um acontecimento desgastante e traumatizante para os filhos, em particular, para os mais novos.<\/p>\n

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\n\t\t\tDireitos Reservados<\/span>\t\t<\/figcaption>\n\t<\/figure>\n\n

Uma fam\u00edlia para a sociedade ou um inferno dentro de casa? Encare-se como se quiser, um facto \u00e9 provado: o n\u00famero de div\u00f3rcios tem vindo a aumentar no nosso pais. Em qualquer fam\u00edlia s\u00e3o sempre os filhos que mais sentem o amor dos pais e que mais sofrem com as zangas e separa\u00e7\u00e3o destes.<\/p>\n

Poucas pessoas no mundo se podem orgulhar de dizer nunca ter assistido a uma discuss\u00e3o dos pais. Mas esta tamb\u00e9m n\u00e3o \u00e9 a medida para julgar os casamentos em que reina o sil\u00eancio por medo ou por quest\u00f5es sociais, mas onde o \u00f3dio e o desalento s\u00e3o reis, apenas escondidos por uma fachada de felicidade.<\/p>\n

In\u00fameros casais permanecem juntos, mesmo depois de se ter apagado qualquer chama de paix\u00e3o ou at\u00e9 de respeito e dignidade. Seja por falta de recursos econ\u00f3micos, seja por imperativos sociais e educa\u00e7\u00e3o religiosa, os pais, julgando estar a preservar os filhos de um processo de div\u00f3rcio, podem estar apenas a arrasar com a vida psicol\u00f3gica destes que tentam proteger.<\/p>\n

\u00c9 do senso comum que os casais que chegaram a um ponto de n\u00e3o retorno, no que respeita \u00e0 rela\u00e7\u00e3o, se devem separar? N\u00e3o, segundo recentes estudos da Universidade da Calif\u00f3rnia. Durante vinte e cinco anos foram ouvidos pais divorciados e respectivos filhos, experi\u00eancia que foi relatada em livro sob o t\u00edtulo A heran\u00e7a inesperada do div\u00f3rcio.<\/p>\n

A terapeuta que conduziu o estudo, Judith Wallerstein afirma que os filhos de casais divorciados tendem a ter uma maior dificuldade em encontrar o parceiro certo e em construir as suas rela\u00e7\u00f5es. E este estudo vem relan\u00e7ar a pol\u00e9mica: devem os pais ficar juntos para n\u00e3o destru\u00edrem a futura personalidade da crian\u00e7a?<\/p>\n

As opini\u00f5es dividem-se. Mesmo com a certeza de que n\u00e3o existem div\u00f3rcios felizes para nenhuma das partes, v\u00e1rias vozes j\u00e1 se ergueram contra o principio que o livro enuncia, afirmando que os casais n\u00e3o se devem manter juntos apenas pelos filhos, porque estes s\u00e3o precisamente os mais afectados por este tipo de situa\u00e7\u00f5es, vivendo num permanente estado de ansiedade e press\u00e3o, para al\u00e9m de que os pais n\u00e3o conseguem dar todo o apoio e aten\u00e7\u00e3o \u00e0s crian\u00e7as quando se sentem infelizes.
\nO importante, em todos os casos, \u00e9 que as crian\u00e7as mantenham um relacionamento saud\u00e1vel com ambas as partes do casal ap\u00f3s o div\u00f3rcio, o que nem sempre \u00e9 poss\u00edvel.<\/p>\n

A separa\u00e7\u00e3o deve ser comunicada aos filhos de forma natural, sem dramas e acima de tudo sem julgamentos de valor acerca de qualquer um dos parceiros, a menos que as pr\u00f3prias crian\u00e7as tenham deparado com situa\u00e7\u00f5es de viol\u00eancia ou abusos por parte de um dos pais. O di\u00e1logo deve sempre ser positivo, centrando-se no futuro e usando a verdade. Acima de tudo \u00e9 necess\u00e1rio fazer perceber \u00e0 crian\u00e7a ou ao jovem que n\u00e3o lhe cabem quaisquer culpas na separa\u00e7\u00e3o e exclu\u00ed-la sempre das quest\u00f5es pessoais. Nesta fase as crian\u00e7as e os pais v\u00e3o estar mais vulner\u00e1veis, por isso a paci\u00eancia e o respeito m\u00fatuo s\u00e3o conceitos que os pais n\u00e3o podem perder de vista.<\/p>\n

\u00c9 preciso tamb\u00e9m ter em aten\u00e7\u00e3o as rea\u00e7\u00f5es das crian\u00e7as face a esta nova situa\u00e7\u00e3o, \u00e0 qual reagem de formas diferentes que podem ir da tristeza \u00e0 culpabilidade, medos infundados ou n\u00e3o, regress\u00f5es na idade, agressividade, dificuldades de aprendizagem ou sintomas ainda mais graves, de doen\u00e7a.<\/p>\n

E depois seguem-se as rela\u00e7\u00f5es que mant\u00eam com os progenitores, que podem passar por total abandono por parte destes a uma rela\u00e7\u00e3o de hipocrisia em que se d\u00e1 tudo o que a crian\u00e7a ou adolescente pede ou exige apenas para tentar superar uma falta.<\/p>\n

Outro aspeto do div\u00f3rcio que afeta profundamente as crian\u00e7as e jovens \u00e9 quando este toma propor\u00e7\u00f5es judiciais, especialmente quando as crian\u00e7as t\u00eam menos de seis anos, em que se veem arrastadas de tribunal para tribunal, a ouvirem em p\u00fablico os pecadinhos dos pais ou a esperarem que uma pessoa totalmente estranha decida sobre a sua cust\u00f3dia.<\/p>\n

Decidir partir ou n\u00e3o para um div\u00f3rcio tendo em conta os filhos \u00e9 um erro muito comum dos pais, porque em vez de os protegerem de influ\u00eancias negativas est\u00e3o apenas a proporcionar-lhes uma vis\u00e3o errada da vida em comum.<\/p>\n

Sara Cristina Pereira<\/strong><\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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