{"id":18765,"date":"2019-04-19T21:23:45","date_gmt":"2019-04-20T01:23:45","guid":{"rendered":"http:\/\/revistamar.com\/?p=18765"},"modified":"2019-04-19T23:00:55","modified_gmt":"2019-04-20T03:00:55","slug":"a-conversa-com-george-pimentel","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/revistamar.com\/amar\/entrevistas\/a-conversa-com-george-pimentel\/","title":{"rendered":"\u00c0 conversa com George Pimentel"},"content":{"rendered":"

George Pimentel \u00e9 considerado o fot\u00f3grafo de celebridades mais famoso do Canad\u00e1. J\u00e1 fotografou, de Toronto a Hollywood, todos as estrelas de renome tais como Robert De Niro, Rihanna, Swan Mendes, Lady Gaga,… \u00c9 visto com frequ\u00eancia nos festivais de cinema, desde Cannes a Veneza, como tamb\u00e9m em eventos como os Oscares, os Globos de Ouro, a MET Gala, Hollywood Hills ou na mans\u00e3o de Barbra Streisand.<\/strong><\/p>\n

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No dia 23 de mar\u00e7o, a Federa\u00e7\u00e3o de Empres\u00e1rios e Profissionais Luso Canadianos distinguiram George Pimentel com o Professional Excellence Award.<\/p>\n

Casado h\u00e1 22 anos e pai de Jacqueline e Sebastian, George nunca esqueceu que \u00e9 filho de imigrantes de Rabo de Peixe, S\u00e3o Miguel, A\u00e7ores, raz\u00e3o pela qual nunca mudou a localiza\u00e7\u00e3o do seu est\u00fadio PC Pimentel, da 1661 Dundas St. W, para uma \u00e1rea mais central da cidade de Toronto. Homem humilde, com os p\u00e9s bem agarrados ao ch\u00e3o, apesar de se sentir aben\u00e7oado, soube sempre tirar proveito das oportunidades que a vida lhe proporcionou.
\nNascido no Canad\u00e1 h\u00e1 51 anos, conheceu a ilha de S\u00e3o Miguel na adolesc\u00eancia, onde passou uma temporada para explorar o que aprendera sobre fotografia na Ryerson University, onde se formou em Artes com Honours BA, documentando tudo o que lhe despertava interesse e apresentou o seu trabalho fotogr\u00e1fico como tese de fim de curso.<\/p>\n

Fotografia \u00e9 um neg\u00f3cio de fam\u00edlia que come\u00e7ou com o seu av\u00f4 em Rabo de Peixe, arte que foi passando de gera\u00e7\u00e3o at\u00e9 chegar ao George.<\/p>\n

A vida de George teve como ponto de viragem, uma altura em que havia mais d\u00favidas do que certezas sobre que rumo dar \u00e0 sua vida, quando fotografou Robert De Niro no Toronto Film Festival.<\/p>\n

A Getty Images, a maior ag\u00eancia de fotografia a n\u00edvel mundial, considera George como o seu melhor contribuidor.
\nQuem quiser ver as fotos, basta ir \u00e0 procura das revistas Vanity Fair, US Weekly, Hello ou People. George Pimentel tem planeado pelo menos 2 livros, contudo, diz ainda n\u00e3o ter chegado a hora certa. At\u00e9 l\u00e1 , vamos-nos orgulhando do sucesso mundial deste luso-canadiano.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Revista Amar: Fale-nos um pouco de si?<\/strong>
\nGeorge Pimentel:<\/strong> Sou um ind\u00edviduo normal de 51 anos, nascido aqui e que foi aben\u00e7oado em ter pais imigrantes muito trabalhadores. Um indiv\u00edduo que de vez enquando tem o privil\u00e9gio de estar no meio de glamour, mas que quando regressa a casa muda de roupa e vai ao Costco \u00e0s compras. Sou casado h\u00e1 quase 23 anos, tenho 2 filhos, a Jacqueline e o Sebastian. A minha filha j\u00e1 anda na Ryerson University e o meu filho no liceu. O meu pai tem 85 anos e a minha m\u00e3e faleceu aos 65 anos depois de ter perdido a batalha contra o cancro e tenho 4 irm\u00e3os. O meu av\u00f4, o meu pai e os meus tios j\u00e1 eram fot\u00f3grafos, em Rabo de Peixe, S. Miguel, A\u00e7ores. Quando eles, o meu pai e os meus tios, chegaram aqui em 1965, juntos abriram um est\u00fadio no Kensigton Market, na College St… Entretanto a comunidade come\u00e7ou a crescer e os meus tios decidiram mudar de rumo. O meu pai foi o \u00fanico que ficou em Toronto e abriu, em 1974, este est\u00fadio porque sabia que a igreja que fica do outro lado da rua era frequentada pelos portugueses. Formei-me na Ryerson University com o Honours BA em Artes.<\/p>\n

RA: Qual \u00e9 a sua rela\u00e7\u00e3o com os A\u00e7ores?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Especial. Quando andava na universidade decidi que queria conhecer as minhas ra\u00edzes e aproveitei para fazer dessa aventura o tema da minha tese no 4\u00ba ano. Eu fui durante quase 1 ano para Rabo de Peixe, pela primeira vez! Vivi l\u00e1 com um tio do meu pai que ficou radiante por me l\u00e1 ter, por me poder mostrar tudo e eu a documentar tudo que podia. Eu fotografei Vida e Morte… pessoas a namorar, jardins, o mar, pessoas a espreitar \u00e0 janela, as festas, os agricultores a trabalhar nas terras, vel\u00f3rios em casa, os marinheiros, etc. Foi uma experi\u00eancia inesquec\u00edvel.<\/p>\n

RA: Qual foi o seu primeiro trabalho com o seu pai?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Foi ali, ao lado da Igreja Sta. Helena. O meu pai virou-se para mim e disse \u201cvai buscar o escadote e a c\u00e2mara que hoje \u00e9 a Prociss\u00e3o da Ressurei\u00e7\u00e3o de Cristo\u201d, nunca me esqueci disso (risos) e continuou \u201cvai para aquela esquina tirar fotos de toda gente\u201d e eu assim fiz. As pessoas e as bandas a passar, e eu em cima do escadote a tirar fotos sem parar. Uma semana depois, antes da missa, o meu pai colou-as a todo o comprimento na parte de fora da janela. As pessoas come\u00e7aram-se a chegar e a tir\u00e1-las da janela e pagavam 5 d\u00f3lares por cada. E foi assim que tudo come\u00e7ou, \u00e9 de onde venho.<\/p>\n

RA: Que idade tinha?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Provavelmente uns 12 anos.<\/p>\n

R. A.: Essa c\u00e2mara ainda existe?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Com certeza e ainda funciona.<\/p>\n

R. A.: Reconheceria alguma dessas pessoas se as visse hoje?<\/strong>
\nGP:<\/strong> O engra\u00e7ado \u00e9 que se ando pela rua ou vou ao Dufferin Mall eu reconhe\u00e7o algumas das pessoas, pelo olhar delas. Eu n\u00e3o me lembro do nome de muitas dessas pessoas, mas sou abordado e relembrado que fui o fot\u00f3grafo do casamento dos filhos delas, contam que ainda t\u00eam as fotos e at\u00e9 penduradas pela casa. E eu gosto muito de saber isso, do reconhecimento do meu trabalho e que toquei a vida dessas pessoas… \u00e9 algo muito bonito.<\/p>\n

R. A.: Voltaria a esse tempo, dos casamentos e batizados?<\/strong>
\nGP:<\/strong> As pessoas perguntam-me constantemente isso, inclusivamente celebridades pagariam tudo para eu ir para as Bahamas e eu mando o Sam. Eu n\u00e3o tenho tempo e a minha mentalidade mudou.<\/p>\n

Para se tirar uma boa foto basta ter um \u201cbom olho\u201d George Pimentel<\/cite><\/p><\/blockquote>\n

R. A.: Qual foi a primeira c\u00e2mara que comprou?<\/strong>
\nGP:<\/strong> \u00d3 meu Deus… a primeira c\u00e2mara que comprei era digital, uma Nikon D1X que custou 6.000 d\u00f3lares, naquele tempo foi muito dinheiro, mas era um investimento que compensou, eu reavi esse dinheiro. E ainda a tenho. Mas deixa-me dizer-lhe isto, esta coisa da tecnologia das c\u00e2maras digitais estar constantemente a melhorar, eu j\u00e1 n\u00e3o acredito nisso. Para se tirar uma boa foto basta ter um \u201cbom olho\u201d.<\/p>\n

R. A.: A Nikon \u00e9 a sua marca predileta?<\/strong>
\nGP:<\/strong> N\u00e3o tem a ver com isso… se calhar tem a ver com o facto da minha primeira c\u00e2mara, oferida pelo meu irm\u00e3o, tenha sido uma Nikon F com lentes e tudo. Mas eu trabalho com qualquer c\u00e2mara, a marca n\u00e3o \u00e9 importante. O que conta s\u00e3o os olhos.<\/p>\n

R. A.: Quando \u00e9 que descobriu que gostava de fotografia?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Quando andava no liceu, na altura de fazer o Livro do Ano. Eu tinha um pouco do meu pai em mim e quando tive que tirar a foto da equipa de basquetebol comecei a pensar \u201cespera l\u00e1… s\u00e3o 12 jogadores, eu tenho aqui algo especial…\u201d e fui para os treinos e comecei a fotograf\u00e1-los durante o treino, a driblar, a fazer afundan\u00e7os etc. e dizia-lhes para irem ter comigo ao meu cacifo no dia seguinte. Quando chegavam, escolhiam e compravam as fotos que gostavam a 5 d\u00f3lares cada uma. Depois um professor e outros estudantes vieram-me pedir para tirar fotos nos jogos e fui e depois vendia-as. Foi assim que comecei no mundo do neg\u00f3cio… (risos) Depois vieram as pe\u00e7as de teatro. O professor contava comigo, eu era o fot\u00f3grafo, ent\u00e3o eu pedi a chave de uma sala escura para poder revelar as fotografias que tirava, eu achava que merecia ter a sala, na minha mente eu sentia-me importante, eu era o \u201cfot\u00f3grafo da escola\u201d! Era o meu ego, \u00e9 doentio mas simultaneamente era a minha motiva\u00e7\u00e3o. O querer ser conhecido pelo meu trabalho sempre fez parte de mim. Acho que isso n\u00e3o \u00e9 nada de mal, sou quem sou e gosto de ser reconhecido pelo meu trabalho.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

R. A.: Foi bom aluno no liceu?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Fui um p\u00e9ssimo aluno no liceu. Eu n\u00e3o tinha notas boas quando chegou a hora de concorrer para a universidade… andei a tirar cursos no ver\u00e3o e a estudar \u00e0 noite para melhorar as notas, tinha um portf\u00f3lio maravilhoso e mesmo assim n\u00e3o entrei na Ryerson University no primeiro ano. No segundo ano tamb\u00e9m n\u00e3o entre, s\u00f3 consegui na terceira tentativa. A maioria dos jovens provavelmente mudado de curso se n\u00e3o entram \u00e0 segunda tentativa.<\/p>\n

R. A.: Quando acabou o curso sabia o que queria fazer?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Sabia que n\u00e3o queria trabalhar a tempo inteiro a tirar fotos a casamentos, comunh\u00f5es e batizados. Eu tinha criado um estilo pr\u00f3prio e queria explor\u00e1-lo. Sempre que sa\u00eda de casa levava a c\u00e2mara comigo.<\/cite><\/p>\n

O melhor conselho do meu pai foi \u201cSe fizeres um bom trabalho, eles voltam-te a chamar\u201d George Pimentel<\/cite><\/p><\/blockquote>\n

 <\/p>\n

R. A.: Qual foi seu primeiro emprego?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Ainda h\u00e1 pouco tempo perguntaram-me isso. E eu respondi que eu nunca tive um emprego, como por exemplo, no McDonalds. Eu tinha um emprego que era, aqui, a ajudar o meu pai. Eu fiz o meu est\u00e1gio aqui e o meu pai pagava-me. Eu estive sempre ligado ao neg\u00f3cio da fam\u00edlia. Eu cheguei a trabalhar uma vez por semana no Seniors Citizens Dance, a vender as senhas das bebidas, na caixa (risos).<\/p>\n

R. A.: Qual foi o melhor conselho que o seu pai lhe deu?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Se fizer um bom trabalho, eles voltam-te a chamar.<\/p>\n

R. A.: O que o levou a ser um fot\u00f3grafo profissional de celebridade?
\nGP: O gosto pelo glamour e adoro documentar pessoas bonitas.<\/p>\n

R. A.: Quem foi a primeira celebridade que fotografou? E como conseguiu?<\/strong>
\nGP:<\/strong> O Robert De Niro, numa altura em que andava deprimido porque tinha alguns desentendimentos com o meu pai derivado ao facto de ele n\u00e3o aceitar o que eu queria para o meu futuro, era minha m\u00e3e perguntar-me o que eu queria fazer com a minha vida e coisas desse g\u00e9nero. Mas uma noite tudo mudou. Como j\u00e1 tinha dito, eu andava com a c\u00e2mara sempre atr\u00e1s de mim e eu fui ao TIFF porque sabia que o Robert De Niro, que era a maior estrela de cinema da \u00e9poca, ia estar l\u00e1 e eu era f\u00e3 e queria v\u00ea-lo. Quando cheguei estavam l\u00e1 5 fot\u00f3grafos com cred\u00eancias ao peito da m\u00eddia. Os seguran\u00e7as olharam para mim e quando viram a minha c\u00e2mara assumiram que eu tamb\u00e9m pertencia \u00e0 m\u00eddia e mandaram-me para junto dos outros. Eu caladinho, fui… (risos) quando chegou a limosine e o Robert De Niro sai para dar os autografos, imagine pessoas a gritar, flashes das c\u00e2maras a piscar por todo lado… o meu cora\u00e7\u00e3o disparou, e ele passou e entrou para dentro. Depois, depois \u00e9 que foi… a m\u00eddia pode ir atr\u00e1s dele mas eu n\u00e3o, porque n\u00e3o tinha a credencial… pensei \u201ccoriscos!!!\u201d (risos) e ro\u00ed-me de ci\u00fames, mas tive que ficar c\u00e1 fora. Depois de esperar muito tempo, comecei a arrumar as minhas coisas e nessa altura come\u00e7a a haver muita agita\u00e7\u00e3o e vejo o publicista a acompanhar o Robert De Niro. Alguns fot\u00f3grafos j\u00e1 tinham ido embora, outros ainda estavam l\u00e1 dentro e eu estava sozinho e eu aproveitei o momento e tirei a foto que mudou a minha vida. Eu fui para casa direitinho ao quarto escuro e revelei a fotografia. Foi nessa noite que descobri o que eu queria fazer com a minha vida.<\/p>\n

R. A.: A TIFF \u00e9 s\u00f3 uma vez por ano, como continuou?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Exatamente e isso come\u00e7ou a deixar-me ansioso. Ent\u00e3o decidi ir na semana dos Oscares, em Los Angeles, para casa de um amigo. Eu estava a procurar uma maneira de entrar naquele mundo que me fascinava e fui atr\u00e1s. Eu precisava de tirar e reunir m\u00e1ximo de fotos que podia e criar uma reputa\u00e7\u00e3o. E comecei andar pelas ruas e \u00e0s After Partys a tirar fotos.<\/p>\n

R. A.: Atrav\u00e9s de que revista conseguiu, pela primeira vez, uma credencial e para que evento?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Foi com a Flare Magazine para o TIFF. Pela primeira vez eu era um \u201cdeles\u201d, n\u00e3o precisava ficar c\u00e1 fora 5 horas \u00e0s espera que aparecessem, eu tinha informa\u00e7\u00f5es onde eles iam estar e a que horas… andei anos sem nada disto, chegando a estar dependente das informa\u00e7\u00f5es que os colecionadores de autografos me davam ou de alguns motoristas das limosines, que conhecia dos casamentos portugueses que eu fazia.<\/p>\n

R. A.: J\u00e1 fotografou varied\u00edssimos eventos como os Golden Globes, os Oscares, o Canadian Screen Award, casamentos Reais, enfim a lista \u00e9 infinita. Qual \u00e9 o evento que falta na sua lista e que adoraria cobrir?
\nGP: Um evento que adoraria cobrir? Fotografar Cristiano Ronaldo, nem precisava de ser a jogar, mas se fosse a jogar por Portugal no Europeu ou no Mundial ainda melhor. Fotografar o Cristiano Ronaldo est\u00e1 na minha bucket list (lista de desejos a realizar). e j\u00e1 n\u00e3o tenho muito tempo para o fazer. Adoraria passar uma semana a fotograf\u00e1-lo e fazer um document\u00e1rio sobre o Cristiano, seria tipo… \u201cok, agora j\u00e1 posso morrer\u201d.<\/p>\n

R. A.: E uma celebridade de Hollywood?<\/strong>
\nGP:<\/strong> O Joe Pesci. Ele nunca aparece em lado nenhum. Por\u00e9m, em outubro, vai estrear The Irishman, um filme da Netflix, em que ele participa. Neste momento j\u00e1 estou em conversa\u00e7\u00f5es com a Netflix para me dar acesso para o dia da estreia, na passadeira vermelha, que se vai realizar em Nova York.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Eu s\u00f3 queria \u201co beijo\u201d dos noivos, porque a foto do beijo permanecer\u00e1 para sempre em revistas, livros, etc George Pimentel<\/cite><\/p><\/blockquote>\n

R. A.: Esteve presente nos casamentos reais brit\u00e2nicos, do Guilherme e da Kate e do Henry e da Megan. Qual dos dois foi mais marcante?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Os casamentos foram muito diferentes. O primeiro foi especial… eu n\u00e3o sabia o que esperar e tive muita sorte em ser credenciado pela Maclean\u2019s Magazine… eu nem queria acreditar, mas aceitaram a Maclean\u2019s Magazine porque pertencemos \u00e0 Commonwealth e n\u00e3o tinham nenhum fot\u00f3grafo a representar uma revista canadiana. As coisas acontecem por alguma raz\u00e3o e isto foi sorte. N\u00f3s nunca saberemos o desfecho das coisas se n\u00e3o tentarmos. Eles l\u00e1 nem conheciam a revista, mas eu tirei as fotos e publiquei-as na Getty Images. E foi especial porqu\u00ea? Porque ali estava eu rodeado de glamour, gente bonita, as carruagens com os cavalos, os dourados, os vermelhos, as cores… \u00e9 glamour ao mais alto n\u00edvel. Depois era um momento hist\u00f3rico. Quando chegou a hora de n\u00f3s, fot\u00f3grafos, iremos para o lugar destinado \u00e0 frente do Pal\u00e1cio de Buckingham, tivemos que dar as nossas cred\u00eancias para serem sorteadas e entrar\u00edamos consoante nos chamassem… e eu fui o primeiro! Obviamente que escolhi o melhor lugar, mesmo ao centro do palco. Eu s\u00f3 queria \u201co beijo\u201d dos noivos, porque a foto do beijo permanecer\u00e1 para sempre em revistas, em livros etc. Eu tinha em mente que na hora das revistas a n\u00edvel mundial tivessem que escolher a melhor foto, eu queria essa foto fosse a minha, afinal \u00e9 o meu trabalho, a fotografia \u00e9 o meu neg\u00f3cio. E assim foi. Em rela\u00e7\u00e3o ao segundo casamento… eu conhe\u00e7o a Meghan do tempo que era atriz e viveu aqui, em Toronto, durante 7 anos por causa das grava\u00e7\u00f5es da s\u00e9ria televisiva Suits. Foi uma amiga em comum, Jessica Mulroney, que nos apresentou e, ainda quando era uma atriz em ascens\u00e3o fiz v\u00e1rias sess\u00f5es fotogr\u00e1ficas com ela. De repente ela conhece as pessoas certas e logo a seguir foi apresentada ao pr\u00edncipe. Quando a data para o casamento foi anunciado eu decidi que queria estar presente. E mais uma vez fui o primeiro. Quando ela estava a passar na carruagem, com o Henry, chamei-a e ela olhou, sorriu e eu registei esse momento!<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

R. A.: Depois dos Oscar, qual o evento que se segue?<\/strong>
\nGP:<\/strong> O 7\u00ba Canadian Screen Awards. Estamos a construir um \u201cPortrait Studio\u201d no backstage s\u00f3 para mim, onde vou tirar fotos aos vencedores assim que sairem do palco com o respetivo pr\u00e9mio.<\/p>\n

R. A.: As fotos que tira s\u00e3o publicadas e vendidas na Getty Images e j\u00e1 fez exposi\u00e7\u00f5es. J\u00e1 considerou fazer um livro?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Eu penso muito sobre poss\u00edveis projetos e tenho as fotos para isso. Eu quero fazer algo diferente e o meu objetivo \u00e9 fazer livros, mas acho que ainda n\u00e3o chegou a hora certa porque quero envelhecer um pouco mais. Quero que o meu primeiro livro seja sobre Rabo de Peixe, Ilha de S. Miguel. Talvez eu volte primeiro para ver se consigo encontrar as pessoas que fotografei quando l\u00e1 estive e fotograf\u00e1-las outra vez no exato local para fazer um \u201cantes e depois\u201d.<\/p>\n

R. A.: Depois dessa primeira viagem \u00e0 ilha, quantas vezes mais regressou l\u00e1? E conhece o continente?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Fui v\u00e1rias vezes. Por acaso j\u00e1 n\u00e3o vou h\u00e1 algum tempo, mas vou este ano com a minha fam\u00edlia. O continente eu conhe\u00e7o, a minha esposa \u00e9 de Porto da Carne, concelho da Guarda.<\/p>\n

R. A.: Gosta mais de fotografar no interior ou no exterior?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Sempre no exterior, porque acho aborrecido estar fechado num est\u00fadio a tirar fotos. As pessoas quando est\u00e3o no interior come\u00e7am a atuar e perde-se a espontaneidade. S\u00f3 preciso de 5 segundos… e gosto de captar, nesses 5 segundos, a naturalidade numa foto.<\/p>\n

R. A.: Gosta mais de fotos a cor ou a preto e branco?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Fotografias a preto e branco, sempre. As pessoas ficam melhor, parecem mais novas e \u00e9 cl\u00e1ssico.<\/p>\n

R. A.: Gosta de usar o Photoshop?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Uso nas fotos tiradas a mim (risos), mas n\u00e3o gosto de o usar no meu trabalho, mas tenho que o fazer. Hoje as fotos das celebridades t\u00eam que ser todas trabalhadas, depois enviar para elas e s\u00f3 posso us\u00e1-las se forem aprovadas. O caso mais recente foi a Fergie, quiseram ter a certeza que as fotos tinha luz suficiente e disseram que se fosse necess\u00e1rio para eu usar o Photoshop, pois querem perfei\u00e7\u00e3o. A parte m\u00e1 das c\u00e2maras digitais \u00e9 que se v\u00ea tudo na foto, at\u00e9 coisas que n\u00e3o se veem se estivermos de frente para uma pessoa, da\u00ed a necessidade de retocar as fotos.<\/p>\n

R. A.: Entre revelar as fotos no quarto escuro ou usar a impressora, qual prefere?<\/strong>
\nGP:<\/strong> N\u00e3o h\u00e1 nada como criar magia fotogr\u00e1fica. Tirar 12 fotos sem saber como ficaram ou v\u00e3o sair as fotografias no monitor da c\u00e2mara e ver o resultado s\u00f3 depois de reveladas \u00e9 m\u00e1gico. Como o rolo era e ainda \u00e9 caro, tem que se esperar, aproveitar e ter a certeza que aquele \u00e9 o momento certo, ter a intensidade de luz correta etc. para apertar o bot\u00e3o, se n\u00e3o \u00e9 um desperd\u00edcio de dinheiro. Isso fez com que eu ficasse melhor, que o meus olhos ficassem mais fortes e com uma vis\u00e3o profunda. O meu av\u00f4 s\u00f3 tinha uma fra\u00e7\u00e3o de tempo para tirar uma foto, ele punha uma subst\u00e2ncia qu\u00edmica numa placa de vidro e deixava secar dentro da c\u00e2mara no escuro e esperava… as fotografias ficavam t\u00e3o lindas. \u00c0s vezes ter mais significa ter menos. As minhas fotos s\u00e3o simples \u00e0 minha maneira, n\u00e3o gosto de grandes cen\u00e1rios, de ter muita gente ao meu redor, muito menos que estejam a olhar para o que estou a fazer ou a dizer-me o que fazer… eu gosto de estar sozinho com a pessoa ou pessoas, uma c\u00e2mara, sem holofotes, sem interfer\u00eancias… o meu estilo \u00e9 flash na c\u00e2mara, pedir educadamente se posso tirar uma foto, agradecer e 5 segundos para tirar a foto e foi assim que fotografei o Robert De Niro.<\/p>\n

R. A.: Porque nunca mudou a loja daqui da Dundas St. para mais perto do centro da cidade de Toronto?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Uma pergunta muito importante… porque esta loja \u00e9 quem eu sou e mantem-me com os p\u00e9s no ch\u00e3o. \u00c9 fascinante como tanto estou a tirar fotos em Hollywood como estou aqui a tirar uma foto de passaport. Ainda estes dias estive com o Tom Brady e com a Gisele B\u00fcndchen. Estou bem assim porque \u00e9 bom para mim e para o meu c\u00e9rebro. \u00c9 importante estar aqui, \u201cdescer \u00e0 terra\u201d… isto \u00e9 real! Nesta comunidade toda gente se conhece, n\u00e3o h\u00e1 nada como isso.<\/p>\n

R. A.: Que rea\u00e7\u00e3o t\u00eam as pessoas quando veem as suas fotos dos famosos expostas na montra?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Eles n\u00e3o acreditam que eu as tenha tirado. Eu tive a foto do casamento real pendurada na montra e numa noite que trabalhei at\u00e9 mais tarde, um casal de meia idade parou \u00e0 frente da montra a olhar para a foto. Quando eu estava a fechar a porta da loja perguntei \u201cgosta da minha foto?\u201d, a senhora, de bra\u00e7os cruzados retorquiu \u201ccomo assim?\u201d, e eu \u201cfui eu que tirei esta fotografia\u201d, responde ela \u201cpois, querias!\u201d e seguiram caminho. (risos) Eu segui-os com os olhos e sorri. E isto \u00e9 bom para mim porque o glamour n\u00e3o \u00e9 real, \u00e9 falso e a minha realidade \u00e9 esta.<\/cite><\/p>\n

… os outros fot\u00f3grafos chegaram a dizer que foi um \u201cmomento do George e da Gaga\u201d George Pimentel<\/cite><\/p><\/blockquote>\n

R. A.: O reconhecimento do seu nome e do seu trabalho s\u00e3o o sonho de muitos, ou seja, ser o fot\u00f3grafo solicitado pelas \u201cestrelas\u201d da ind\u00fastria do cinema, da m\u00fasica etc. Tem no\u00e7\u00e3o disso?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Tenho… e sinto-me muito honrado por isso. No dia da estreia do filme \u201cA Star IS Born\u201d no TIFF 2018, a Lady Gaga, que me viu, ainda dentro do carro, na passadeira vermelha com a c\u00e2mara na m\u00e3o instruiu os seguran\u00e7as dela para que quando sa\u00edsse do carro me deixassem fazer o meu trabalho como eu entendessem. Obviamente que eu n\u00e3o sabia disto. Enquanto todos os outros fot\u00f3grafos da passadeira vermelha estavam restritos e atr\u00e1s da barreira de seguran\u00e7a, eu andava \u00e0 vontade, nisto a Lady Gaga sai do carro e quando chegou ao p\u00e9 de mim disse-me que quer tirar o v\u00e9u… eu pedi para ela esperar, escolhi o momento e comecei a tirar as fotos e ela sempre a olhar para a c\u00e2mara. Foi fant\u00e1stico. Mas fiquei um pouco constrangido, porque os outros fot\u00f3grafos chegaram a dizer que foi um \u201cmomento do George e da Gaga\u201d, inclusive houve alguns a fotografar eu a fotografar.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

R. A.: Como se sente em momentos como esse?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Para al\u00e9m de aben\u00e7oado, sinto-me respeitado e eu trabalhei para chegar a onde cheguei. Para eles, artistas, estes momentos tamb\u00e9m fazem parte do trabalho deles, ent\u00e3o \u00e9 como um trabalho de equipa. N\u00e3o olho para eles como vedetas, olho como se fosse o diretor de cinema deles e digo-lhes o que fazer. N\u00e3o h\u00e1 nada pior para estas pessoas estarem perante um fot\u00f3grafo sem saberem o que fazer. \u00c0s vezes corre bem outras n\u00e3o.<\/p>\n

R. A.: Conhece o pre\u00e7o da fama?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Claro que sim. Quando se chega ao auge, ganham-se inimigos e haters, j\u00e1 recebi amea\u00e7as de morte, j\u00e1 tentaram acabar com a minha reputa\u00e7\u00e3o atrav\u00e9s de cartas… faz parte.<\/p>\n

R. A.: O que o incomoda mais nas pessoas?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Incompet\u00eancia, n\u00e3o lido bem com isso… eu rodeio-me de pessoas competentes, que sabem o que est\u00e3o a fazer e que sejam sinceras, se n\u00e3o gasto energia em v\u00e3o em coisas que n\u00e3o interessam… acredite, n\u00e3o consigo lidar com essas pessoas e certas situa\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

R. A.: Tem alguma regra que n\u00e3o quebra por nada?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Tenho. Eu nunca invadi o espa\u00e7o de ningu\u00e9m que fotografei. Foi assim que fui educado pelos meus pais.<\/p>\n

R. A.: Como que acha das estrelas de Hollywood de hoje?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Eu adoro \u201cOld Hollywood\u201d, as estrelas saiam de casa um primor e preparadas caso aparecesse um fot\u00f3grafo. Havia mist\u00e9rio e magia em tudo. Hoje j\u00e1 n\u00e3o \u00e9 assim, porque as pessoas querem saber como os seus \u00eddolos s\u00e3o no dia-a-dia. Por isso eu gosto de tirar a foto em 5 segundos, mais que isso estraga o momento surpresa.<\/p>\n

R. A.: No dia 23 de mar\u00e7o, foi reconhecido pela Federa\u00e7\u00e3o de Empres\u00e1rios e Profissionais Luso\u2013canadianos (FPCBP) com o Professional Excellence Award. O que significou esse reconhecimento?<\/strong>
\nGP:<\/strong> Foi a maior honra que me podia ter dado. Foi um momento muito especial. Eu nunca tinha sido reconhecido desta forma, e \u00e9 engra\u00e7ado que os portugueses foram os primeiros. Eu estava muito orgulhoso em ter o meu pai vivo, comigo e na minha mesa para ouvir o meu discurso de agradecimento que dediquei a ele e entreguei-lho quando o levei a casa. Quando cheguei \u00e0 minha casa disse \u00e0 minha esposa, que n\u00e3o esteve presente porque tem um bra\u00e7o partido \u201cestou t\u00e3o orgulhoso dos portugueses.\u201d Eu tinha ido h\u00e1 muitos anos a uma Gala e eram praticamente s\u00f3 trabalhadores da constru\u00e7\u00e3o e na altura fiquei preocupado com o futuro acad\u00e9mico dos jovens luso-canadianos, porque pensei que os pais n\u00e3o estavam a incentivar os seus filhos a estudar. E conforme fui falando com os bolseiros da Gala da FPCBP percebi que isso n\u00e3o aconteceu, quando me disseram que estavam a tirar mestrados, especialisa\u00e7\u00e3o, etc. deixou-me impressionado.e extremamente orgulhoso. A nossa comunidade chegou longe e vai ficar ainda melhor. Cheguei \u00e0 conclus\u00e3o que s\u00f3 precisamos que n\u00f3s inspiremos uns aos outros.<\/p>\n

R. A.: Gostaria de o convidar uma mensagem.<\/strong>
\nGP:<\/strong> A mensagem \u00e9 para o jovens… a fase da adolesc\u00eancia \u00e9 uma parte muito importante das vossas vidas, os anos no liceu, o baile de finalistas e tudo que esteja relacionado com essa \u00e9poca… divirtam-se, sem serem muito rebeldes ou est\u00fapidos. Aprendam e tenham as vossas primeiras experi\u00eancias que v\u00e3o ser recordadas para sempre.<\/p>\n

Fotografias \u00a9 George Pimentel<\/em><\/h6>\n

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George Pimentel \u00e9 considerado o fot\u00f3grafo de celebridades mais famoso do Canad\u00e1. J\u00e1 fotografou, de Toronto a Hollywood, todos as estrelas de renome tais como Robert De Niro, Rihanna, Swan Mendes, Lady Gaga,… \u00c9 visto com frequ\u00eancia nos festivais de cinema, desde Cannes a Veneza, como tamb\u00e9m em eventos como os Oscares, os Globos de …<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":18774,"comment_status":"closed","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[8],"tags":[973,972,150,965,970,971,967],"jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/revistamar.com\/wp-content\/uploads\/2019\/04\/11576-NNICQ8.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/18765"}],"collection":[{"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=18765"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/18765\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/18774"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=18765"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=18765"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/revistamar.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=18765"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}