{"id":25979,"date":"2021-02-15T02:33:18","date_gmt":"2021-02-15T07:33:18","guid":{"rendered":"http:\/\/revistamar.com\/?p=25979"},"modified":"2021-02-15T02:39:52","modified_gmt":"2021-02-15T07:39:52","slug":"a-psicologia-das-autonomias-e-das-influencias","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/revistamar.com\/lifestyle\/psicologia\/a-psicologia-das-autonomias-e-das-influencias\/","title":{"rendered":"A psicologia das autonomias e das influ\u00eancias"},"content":{"rendered":"

Das v\u00e1rias perguntas sobre a psicologia<\/a>, uma irrompe-se destacadamente na dire\u00e7\u00e3o do avan\u00e7o e da defesa, \u00e0 espera de importantes respostas que auxiliem na compreens\u00e3o dos comportamentos que tanto nos mant\u00eam separados enquanto esp\u00e9cie, feito unidades claramente diferenciadas umas das outras, quanto nos une ao oferecer e estimular a influ\u00eancia m\u00fatua. A sofistica\u00e7\u00e3o evolutiva produziu refinadas artimanhas de sobreviv\u00eancia, aperfei\u00e7oamento e transmiss\u00e3o de tais informa\u00e7\u00f5es contidas nos genes, capazes de manter o projeto de evolu\u00e7\u00e3o ao qual nos submetemos silenciosa e ininterruptamente, a despeito de o sabermos ou n\u00e3o, desde o ontem at\u00e9 ao porvir.<\/strong><\/p>\n

A forma\u00e7\u00e3o ps\u00edquica se d\u00e1 atrav\u00e9s dos movimentos da percep\u00e7\u00e3o estimulada pelo ambiente (influ\u00eancias) e das respostas desencadeadas pela gen\u00e9tica, servindo-se programada e eficientemente das estruturas biol\u00f3gicas e da fisiologia, culminando na estrutura\u00e7\u00e3o da unidade, ou o que se pode denominar de personalidade, o conjunto resultante do universo contido na ordem do alfabeto gen\u00e9tico (fruto da gigantesca \u00e1rvore da esp\u00e9cie em permanente transforma\u00e7\u00e3o; um sem n\u00famero de gera\u00e7\u00f5es e suas caracter\u00edsticas a passar o bast\u00e3o da vida) e da ascend\u00eancia daquilo que nos toca ao chegar do mundo exterior. Com efeito, dentro e fora h\u00e1 colabora\u00e7\u00f5es na forma\u00e7\u00e3o psicol\u00f3gica da qual nos servimos permanentemente.<\/p>\n

\"revista
Cr\u00e9ditos \u00a9 Juno Bora<\/figcaption><\/figure>\n

 <\/p>\n

Note-se, contudo, que tal progresso \u00e9 marcado pela conquista gradativa da autonomia, pois o sistema que impulsiona a evolu\u00e7\u00e3o baseia-se na unidade capaz de ultrapassar-se por for\u00e7as \u00edntimas e pessoais, utilizando-se das influ\u00eancias das outras unidades. S\u00e3o trocas essenciais que, no entanto, se limitam \u00e0 porosidade (permeabilidade aos est\u00edmulos recebidos) conveniente do que \u00e9 aceito ou rejeitado, sobretudo com o amadurecimento advindo da experi\u00eancia, posterior ao per\u00edodo de depend\u00eancia que caracteriza a inf\u00e2ncia. Ent\u00e3o surge uma quest\u00e3o: N\u00e3o reside aqui uma diferen\u00e7a crucial entre as pessoas, que podem se aproximar caso os interesses sejam convenientemente superiores e interessantes, permitindo uma maior porosidade, ou, na via contr\u00e1ria, o afastamento, ao sufocar tal permeabilidade nos casos em que o desinteresse se imponha? Ou seja, pequenos mundos privados (unidades) jogam uns com os outros (grupo) na conviv\u00eancia, e conforme os seus interesses, permitem uma maior influ\u00eancia vinda de fora (mesmo sob a parcial ou a total incompreens\u00e3o do outro), todavia, quando a disposi\u00e7\u00e3o \u00e9 reduzida, a discord\u00e2ncia original ganha terreno na ordem das rela\u00e7\u00f5es, agora, com menor entorpecimento do autoengano, ao \u201cse permitir\u201d enxergar sem o doce convencimento das necessidades e desejos t\u00e3o caros \u00e0 aproxima\u00e7\u00e3o e \u00e0 manuten\u00e7\u00e3o das rela\u00e7\u00f5es humanas. Um jogo primordial \u00e0 evolu\u00e7\u00e3o, que conta com v\u00e1rios aspectos, e, dentre eles, as emo\u00e7\u00f5es e os sentimentos, fortes o suficiente para criar as condi\u00e7\u00f5es de aproxima\u00e7\u00e3o ou de afastamento.<\/p>\n

Por que agimos desta forma? Uma resposta razo\u00e1vel diz respeito ao n\u00edvel de desenvolvimento em que nos encontramos, ainda presos ao importante ego\u00edsmo (mecanismo defensivo da sobreviv\u00eancia evolutiva), cujo predom\u00ednio carece de transforma\u00e7\u00e3o e conquista de outro mecanismo que j\u00e1 se encontra dispon\u00edvel, por\u00e9m pouco desenvolvido: o altru\u00edsmo, parte tamb\u00e9m da engrenagem defensiva \u00e0 sobreviv\u00eancia da informa\u00e7\u00e3o gen\u00e9tica. O ego\u00edsmo preserva zelosamente a unidade, o altru\u00edsmo resguarda a unidade em conjunto (e se op\u00f5e aos exageros do ego\u00edsmo), estabelecendo astuciosamente uma defesa mais eficiente. Duas jogadas estrat\u00e9gicas por excel\u00eancia.<\/p>\n

Desta forma, impedimo-nos, boa parte das vezes, de nos colocarmos no lugar do outro, usando a empatia para tentar compreender o seu mundo, para al\u00e9m do nosso. N\u00e3o contextualizamos as situa\u00e7\u00f5es, e nos mantemos limitados a avaliar outras circunst\u00e2ncias t\u00e3o somente atrav\u00e9s da parcial \u00f3tica do nosso mundo. N\u00e3o interpretamos conforme o contexto alheio, ou pobremente o fazemos, tornando insuficiente a compreens\u00e3o necess\u00e1ria e esclarecedora sobre as outras unidades. Prevalece, carentemente, a opini\u00e3o centrada no pr\u00f3prio universo, a \u00f3rbita que n\u00e3o alcan\u00e7a outras esferas, ou vastid\u00f5es a serem entendidas e delas se extrair ainda mais e melhores est\u00edmulos a serem ent\u00e3o devidamente ponderados e processados \u00e0 porosidade das influ\u00eancias.<\/p>\n

Assim, ressalve-se novamente o fato de que a autonomia do desenvolvimento ocorre pela intransfer\u00edvel responsabilidade pessoal, logo, depende de cada um a forma\u00e7\u00e3o do caminho que conduz ao crescimento e, n\u00e3o obstante a tal imperativo, vale indagar: acaso n\u00e3o perdemos com a limita\u00e7\u00e3o autoimposta e despercebida por hora? N\u00e3o seria o momento de avan\u00e7ar, transformando o essencial ego\u00edsmo em um pouco mais de altru\u00edsmo (sem a ilus\u00e3o de acabar — seria imposs\u00edvel — com qualquer engenho da natureza, que tanto sabe mais do seu antigo e imenso conjunto vital do que as partes separadas) a fim de extrair rica evolu\u00e7\u00e3o dispon\u00edvel? N\u00e3o est\u00e1 em n\u00f3s esta maravilhosa capacidade de observar e refletir aos tons filos\u00f3ficos da exist\u00eancia?<\/p>\n

Armando Correa de Siqueira Neto<\/strong><\/span><\/a><\/p>\n

Psic\u00f3logo e Mestre em Lideran\u00e7a. Saiba mais aqui<\/a>.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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