![\"aga](\"https:\/\/revistamar.com\/wp-content\/uploads\/2023\/08\/aga-khan-1.jpg\")
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O Museu Aga Khan, inaugurado h\u00e1 menos de 10 anos em Toronto, \u00e9 o primeiro museu na Am\u00e9rica do Norte totalmente dedicado \u00e0 arte e cultura isl\u00e2micas. Temos afinidades com o povo \u00e1rabe, dado que os \u201cmouros\u201d ocuparam durante oito s\u00e9culos parte do que \u00e9 hoje Portugal. A hist\u00f3ria que nos foi ensinada nos bancos da escola foi escrita para os olharmos como n\u00e3o-batizados e, por isso, suspeitos, inimigos e em tudo diferentes de n\u00f3s, crist\u00e3os.<\/strong><\/p>\n Quem sabe se, visitando o museu, ficamos a compreender melhor a cultura mu\u00e7ulmana.<\/p>\n Localizado no n\u00famero 77 do Wynford Drive, North York, a primeira impress\u00e3o positiva que recebemos deste museu \u00e9 a sua arquitetura da responsabilidade de Fumihiko Maki, vencedor do Pr\u00e9mio Pritzker. Inaugurado em 2014, o edif\u00edcio \u00e9 todo branco, de linhas modernas, e rodeado de jardins p\u00fablicos com espa\u00e7os floridos, relva e espelhos de \u00e1gua, obra do paisagista liban\u00eas Vladimir Djurovic. Destaca-se igualmente o Ismaili Centre, uma institui\u00e7\u00e3o religiosa ligada \u00e0 fam\u00edlia de Aga Khan, em forma de pir\u00e2mide, e integrada num dos jardins.<\/p>\n O edif\u00edcio \u00e9 constitu\u00eddo por dois andares, estando a cole\u00e7\u00e3o permanente localizada no r\u00e9s-do-ch\u00e3o e as exposi\u00e7\u00f5es tempor\u00e1rias no primeiro andar. Com milhares de valiosas pe\u00e7as nas suas cole\u00e7\u00f5es, a exposi\u00e7\u00e3o permanente \u00e9-nos apresentada por temas. Esses tamb\u00e9m v\u00e3o variando para que todas elas possam ser admiradas pelo p\u00fablico. Pe\u00e7as muito antigas e valiosas da antiga P\u00e9rsia, do Ir\u00e3o, da S\u00edria e outros pa\u00edses permitem-nos apreciar a cultura de povos e imp\u00e9rios que nos s\u00e3o menos familiares, mas parte integrante da Hist\u00f3ria Universal.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n A exposi\u00e7\u00e3o tempor\u00e1ria que me atraiu, uma vez mais, \u00e9 dedicada a Rumi e \u00e0 filosofia sufista. Rumi \u00e9 um poeta turco do s\u00e9culo XIII, traduzido em dezenas de l\u00ednguas e cujas mensagens s\u00e3o universais. Destacam-se as ilustra\u00e7\u00f5es e relev\u00e2ncia dos praticantes do sufismo, conhecidos por Dervixes, que rodopiam sem parar numa dan\u00e7a prolongada para dessa forma entrarem em contacto com o divino.<\/p>\n H\u00e1 alguns anos conheci a cidade de Koyna, na Turquia, donde Rumi \u00e9 origin\u00e1rio e vim impressionada com o que aprendi sobre o poeta e sobre os sufistas. A cidade de Koyna encanta-nos, n\u00e3o s\u00f3 pelo imponente mausol\u00e9u de Rumi, mas tamb\u00e9m pelo Museu Mevlana com objetos ilustrando a hist\u00f3ria de sua vida, mas especialmente pela presen\u00e7a de centenas de peregrinos mu\u00e7ulmanos. Os dervixes impressionam todos os que os observam por longo tempo. \u00c9 quase hipn\u00f3tico ver aqueles homens a dan\u00e7ar num rodopio impar\u00e1vel at\u00e9 entrarem num transe espiritual.<\/p>\n \u00c9 evidente que n\u00e3o \u00e9 necess\u00e1rio viajar para esse pa\u00eds long\u00ednquo e ex\u00f3tico para conhecer Rumi e a sua heran\u00e7a po\u00e9tica e religiosa. Na exposi\u00e7\u00e3o do Museu Aga Khan em Toronto aprende-se imenso atrav\u00e9s dae imagens, objetos, v\u00eddeos e instala\u00e7\u00f5es. A obra do poeta, nascido h\u00e1 mais de oito s\u00e9culos, continua a ser lida, estudada e respeitada.<\/p>\n Na exposi\u00e7\u00e3o \u00e9 demonstrado, atrav\u00e9s de v\u00eddeos e entrevistas, como alguns artistas norte americanos contempor\u00e2neos t\u00eam sido influenciados pela filosofia sufista, integrando conceitos e imagens do poeta nos seus trabalhos. S\u00e3o dados os exemplos de Madonna, Brad Pitt e mais recentemente a cantora Beyonc\u00e9 que deu o nome Rumi a um dos seus filhos para, dessa forma, homenagear o poeta que muito admira.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Como eu, muitos se interrogar\u00e3o sobre a origem do nome Aga Khan. O nome \u00e9 o do pr\u00edncipe Aga Khan IV, l\u00edder espiritual da comunidade ismaelita h\u00e1 mais de 60 anos. Nascido na Su\u00ed\u00e7a, educado no Qu\u00e9nia e nos Estados Unidos, tem fortes liga\u00e7\u00f5es com outros pa\u00edses, nomeadamente o Ir\u00e3o, o Canad\u00e1 e a Fran\u00e7a, pa\u00eds de onde mudou a sede para Lisboa h\u00e1 cerca de cinco anos. A Funda\u00e7\u00e3o Aga Khan investe, estimula e apoia projetos em diferentes \u00e1reas e nos quatro cantos do mundo, sendo relevante, h\u00e1 d\u00e9cadas, o seu papel em Portugal.<\/p>\n Aga Khan IV escolheu Portugal para morar e foi-lhe atribu\u00edda nacionalidade portuguesa no ano de 2019. \u00c9 do Palacete Mendon\u00e7a, em Lisboa, que dirige a comunidade de mais de 15 milh\u00f5es de seguidores ismaelitas para quem ele \u00e9 \u201cDeus na Terra\u201d.<\/p>\n![\"aga](\"https:\/\/revistamar.com\/wp-content\/uploads\/2023\/08\/aga-khan-2.jpg\")
<\/p>\n![\"aga](\"https:\/\/revistamar.com\/wp-content\/uploads\/2023\/08\/aga-khan-3.jpg\")
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