Agricultura Biológica: A opção saudável
O preço de uma produção agrícola destinada ao consumo está a ser pago pela saúde pública. A opção parece estar agora centrada na agricultura biológica. Fique a conhecer um pouco mais e faça a sua escolha.
Agricultura biológica
Mas o mais grave aconteceu quando, de uma agricultura de subsistência se passou a uma produção de consumo, com todos os riscos que daí advieram para a saúde pública.
No final da 1ª Guerra Mundial, muitas empresas usadas para fabricar explosivos e outro material bélico, foram desativadas e passaram a produzir adubos azotados para a agricultura. Este foi o primeiro passo para a agricultura moderna, a que se vieram juntar os avanços tecnológicos na indústria dos inseticidas e pesticidas, de forma a uniformizar as práticas e a aumentar os rendimentos.
O preço deste acréscimo de produção continua a ser cobrado e é demasiado elevado para a saúde humana: contaminação do solo, das águas, da atmosfera e dos próprios alimentos, desertificação do meio rural, perda da biodiversidade, descaracterização da agricultura e perda de práticas milenares de uma produção sustentável. Todos os anos ocorrem milhares de envenenamentos acidentais devido aos pesticidas.
Apenas agora se começam a conhecer os efeitos mais nefastos para a saúde pública com o aparecimento de cancros, doenças degenerativas do sistema nervoso e infertilidade.
Os nitratos são compostos de azoto, solúveis em água e têm como principais origens os adubos (artificiais e naturais), efluentes domésticos e agro-industriais e a decomposição de substâncias (plantas, animais e excrementos).
Estes compostos encontram-se nos solos, nas águas e nos alimentos, havendo um aumento contínuo da sua existência. Algumas das plantas onde é possível encontrar estes nitratos são os espinafres, os brócolos, a beterraba, os agriões, as alfaces e também as couves de folha.
Se ingeridos em excesso, é no estômago que os nitratos se alteram em nitritos e se combinam com outras moléculas aí existentes, gerando produtos cancerígenos. Estes compostos podem provocar alterações ao nível dos genes e deformações nos fetos, no intestino e noutros sistemas humanos.
A opção para evitar estes problemas parece passar pela agricultura biológica. Este tipo de agricultura reduz ao máximo a utilização de adubos e pesticidas, embora utilize compostos químicos tais como materiais vivos ou mortos que não sejam produzidos pelo homem em laboratório, não usando adubos minerais nem pesticidas químicos de síntese, que não existem na natureza.
A agricultura biológica, também conhecida como ‘agricultura orgânica’ (no Brasil e países de língua inglesa), ‘agricultura ecológica’ (na Espanha, Dinamarca) ou ‘agricultura natural’ (no Japão) caracteriza-se por possuir uma base ecológica que se baseia no funcionamento do ecossistema agrário e recorre a práticas ancestrais como a rotações culturais, adubos verdes, a luta biológica contra pragas e doenças, que fomentam o equilíbrio e biodiversidade.
Esta solução agrícola visa manter e melhorar a fertilidade do solo a longo prazo, preservando os recursos naturais do solo, água e ar e reduz todas as formas de poluição que possam resultar de práticas agrícolas ao mesmo tempo que utiliza e recicla restos de origem vegetal ou animal de forma a devolver nutrientes à terra, minimizando deste modo o uso de recursos não-renováveis, excluindo quase na totalidade os produtos químicos de síntese como adubos, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos alimentares para animais.
Os principais objetivos da agricultura biológica passam por produzir alimentos de alta qualidade em quantidade suficiente, interagindo de forma construtiva e equilibrada com os sistemas e ciclos naturais.
Ao mesmo tempo, promove e desenvolve ciclos biológicos dentro do sistema de produção, envolvendo microorganismos, flora e fauna do solo, as plantas e os animais, o que permite manter ou mesmo aumentar a fertilidade do solo a longo prazo. A agricultura biológica permite ainda gerir de forma correcta os recursos hídricos e contribuir para a conservação do solo e da água.
Os alimentos produzidos pela agricultura biológica têm várias vantagens como um baixo teor de nitratos e um maior teor de vitamina C (anti-cancerígena), assim como maior percentagem de matéria seca, o que resulta que os produtos tenham menos água logo, mais sabor.
Desta forma, é garantida aos consumidores a possibilidade de escolherem consumir alimentos de produção biológica, sem resíduos de pesticidas de síntese e, consequentemente, melhores para a saúde humana e para o ambiente.
Sara Cristina Pereira
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