“O vosso traje voi criado para a vossa vida,
Nasceu para realçar a vossa beleza,
Para tornar cómodos os vossos movimentos,
Para facilitar a vossa vida”
Como o seu traje próprio, embora possuindo características comuns à região minhota, Barcelos apresenta um leque bem rico de trajes.
Após demorado estudo, consegui-se reunir o conjunto puramente característico da região barcelense, sem confusão possível com qualquer dos trajes da região de viana, que são os mais conhecidos.
O traje apresentado é o traje regional de barcelos, cuja sua saia, como o avental, são fabricados em combinações de várias cores, sempre dentro da tonalidade suave.
“Veste o vosso traje ,que é só vosso,
Só da vossa terra.
Usando-o toda a gente,
Só ver-vos, dirá quem sois”
Mulher Barcelense
Cachené: Há três tipos – de fundo verde, azul ou acastanhado, com rosas vermelhas e amarelas.
Lenço: Em lã de merino, com frosques, dentro das cores dos cachenés. Sendo característica inconfundível, barcelense, a combinação do lenço castanho e do lenço azul, este quase exclusivamente de uso barcelense.
Camisa: Branca de linho com gola larga bordada a crivo (s. Miguel da carreira) característica original pois nenhum traje vianense rigoroso tem a camisa de gola larga bordada como a bracelense com bordados a branco nos ombros e punhos, bordados de favos nos ombros e renda nos punhos.
Colete: De rabos pretos bordados a cores também é inconfundivelmente barcelense.
Saia: A saia de serguilha em teia de lã de ovelha, fiada ás riscas, de cores (suaves), com barra preta (teia em tear artesanal).
Avental: Da mesma teia da saia, mais claro, com barra e fitas pretas.
Lenço de namorados: De linho branco com quadras bordadas à mão em ponto cruz.
Saiotes (interiores): De linho branco com rendas, uma mais curta e outra do mesmo tamanho da saia. Culotes: em algodão branco com rendas nas perneiras.
Meias: em algodão branco, rendadas e feitas à mão.
Chinelas: Pretas de biqueira arrebitada e com pespontos (discretos) em linhas de várias cores ou com um laço em tecido preto.
Jóias: É de díficil reprodução das jóias do traje barcelense. Não faz parte dos adornos a filigrama, sendo apenas usada, e não muito, a chamada estrela (espécie de cruz de malta). Características: as argolas e o coração de chapa, os cordões e a borboleta, assim como a cruz.
“ As jóias do vosso traje são as mais lindas,
Pois retratam as vossas almas
De crentes e de portugueses, a fé
E o amor a cruz e o coração “
Homem Barcelense
Chapéu: Preto de copa baixa e de aba larga.
Camisa: Branca de linho, com baixo cabeção de renda no pescoço, em vez de colarinho, renda que guarnece a abertura até à cinta. Mangas em canhão de renda. Bordados a branco no cabeção, abertura da frente e punhos. Bordado de favos nos ombros.
Calças: De «serrubeco» acastanhado (ir à feira) ou preto (domingueiro).
Faixa: Pretas de lã.
Sapatos: De atanado acastanhado, de sola e bico largo, com pala sobre os atadores brancos (ir à feira) ou pretos sem pala (domingueiros).
Chinela: Quase sapato aberto atrás, de atanado branco.
Lenços de Namorados
O lenço dos namorados é um lenço fabricado a partir de um pano de linho fino ou de lenço de algodão, bordado com motivos variados. É uma peça de artesanato e vestuário típico do minho, sendo usado por mulheres com idade de casar.
Era hábito a rapariga apaixonada bordar o seu lenço e entregá-lo ao seu amado quando este se fosse ausentar. Nos lenços poderiam ter bordados versos, para além de vários desenhos, alguns padronizados, tendo simbologias próprias.
Era usado como ritual de conquista. Depois de confeccionado, o lenço acabaria por chegar à posse do homem amado, que o passaria a usar em público como modo de mostrar que tinha dado início a uma relação. Se o namorado (também chamado de conversado) não usasse o lenço publicamente era sinal que tinha decidido não dar início a ligação amorosa.
É provável que a origem dos “lenços de namorados”, também conhecidos por “lenços de pedidos” esteja intimamente ligada aos lenços senhoris dos séculos XVII – XVIII, que posteriormente foram adaptados pelas mulheres do povo, adquirindo os mesmos, consequentemente, um aspeto mais popular.
Brincos Rainha
É quase unânime que os brincos rainha apareceram em Portugal durante o reinado da rainha D. Maria I (1734 – 1816). A origem do nome, essa, parece remontar ao reinado de D. Maria II (1819 – 1853), que usou um par destes brincos numa visita a Viana do Castelo em 1952. Depois desta visita, popularizaram-se como símbolo de riqueza e de status e ganharam o nome “brincos rainha”. Noutras zonas do minho, é ainda conhecido como “à moda da rainha”, “de mulher fidalga” ou “mulher rica”.
Lenços de Cabeça
Entre Douro e Minho
O hábito da mulher cobrir a cabeça vem de tempos imemoriais. Nas catacumbas (conjunto de corredores e quartos subterrâneos debaixo da cidade de roma, onde os cristãos se escondiam na época da perseguição), existem muitos desenhos nas paredes feitos por esses mesmos cristãos, onde aparecem mulheres com a cabeça coberta por um véu. A própria bíblia diz-nos em coríntios: toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça porque é a mesma coisa que estivesse rapada (nua).
Talvez inspirados nos véus antigos terão nascido os lenços usados pelas mulheres durante séculos. A história dos lenços da cabeça é assim uma história antiga e cheia de curiosidades.
Há quem afirme que os lenços, tal como os conhecemos hoje, remontam ao tempo de D. João VI. Quando o barco em que seguia a família real fugida para o Brasil sofreu uma praga de piolhos, a futura rainha, Carlota Joaquina, foi obrigada a rapar os cabelos. Como naquele tempo uma princesa careca era algo inconcebível, ela passou a usar lenços para cobrir a cabeça, causando até alguma estranheza nos súbditos ao desembarcar no Brasil, porém, logo o hábito pegou e as mulheres começaram a imitá-la. Certamente que poderá tratar-se de uma história, contudo, o lenço da cabeça foi uma peça extremamente importante e fundamental da indumentária da mulher.
Sendo assim, sejam em que circunstâncias forem, as componentes de qualquer grupo ou rancho folclórico, jamais deverão abdicar do uso do lenço, seja nos trajes mais ricos, ou nos mais pobres e simples.
Avental
Este elemento de vestuário é uma das peças mais ricas do traje minhoto e um adorno indispensável dos fatos regionais. Confecionado em tear nas mais variadas cores e desenhos está geralmente em harmonia com a cor do fato.
Bordados S. Miguel da Carreira
Os bordados de crivo são característicos do concelho de barcelos. Estes nasceram na freguesia de Carreira e são uma forma de artesanato única no país. Começando por fazer o boleio, de seguida riscar, marcar, tecer e por fim bordar, estas são as fases pelas quais passam os bordados de crivo. Trata-se de uma tradição centenária de Carreira e de algumas freguesias circunvizinhas, exclusivamente praticada por mulheres.
Em tempos passados, seria normal ver estas mulheres à porta de suas casas, pacientemente a bordar, o que trazia a esta aldeia um aspeto bastante pitoresco. Era considerado um sinal de riqueza e prestígio encomendar os bordados de crivo, não só para compor enxovais, mas também para dispor de lençóis, toalhas e outras peças de linho, assim tão ricamente bordadas, com a finalidade de utilização diária.Uma comercialização mais generalizada destes bordados começou a ser feita há cerca de 60 anos, na época em que D. Ana Gomes de Araújo começou a divulgar os seus trabalhos. A sua filha, Maria Ermelinda Rodrigues, seguindo os passos da sua mãe, tem prosseguido esta maravilhosa e minuciosa arte até hoje.
Atualmente, o bordado de crivo conta já com uma projeção de nível internacional e engloba, nesta região, cerca de 150 mulheres.
Trajes do Baixo Minho
Femenino
Traje do Vale Do Cávado ou Romeira ou Traje de Capotilha
Traje de Sequeira
Traje de Valdeste
Traje da Ribeira
Traje de Encosta
Traje de Romaria
Traje de Noiva
Traje de Lavradeira
Traje de Mordoma ou Mulher Rica
Traje de Ceifeira
Traje de Olhar o Gado
Masculino
Traje de Romeiro
Traje Domingueiro –Barcelos e Famalicão
Traje de Noivo ou de Luxo
Traje Lavrador
Traje do Ceifeiro
Traje de Olhar o Gado
Músicas do Baixo Minho
“E tal como no alto minho a dança mãe foi sempre o vira, o qual se manifesta de várias maneiras, assim, na zona de barcelos, o malhão surge com múltiplos perfis. Malhão – teclado coreográfico de quatro notas apenas – os quatro passos que o barcelense genuíno emprega para se exprimir em bailados, diferentes uns dos outros quanto à floração, porém, parentes entre si, graças à raiz comum, de onde concluímos que, em folclore, a pala-vra «dança» merece maiúscula desde que a escrevamos no singular.”
Pedro Homem de Mello
(No Minho Até Os Malhões Sao Viras )
Malhões
Varreira
Chula De Barqueiros
Regadinho
Valentim
Lima De Góios
Malhão Das Palmas
Passarinho Que Canta – Gamelinhas De Palme
Picadinho
Senhora Da Saude
Viras
Saia Velhinha
Batoque
Chapeu Preto
Vira Dos Namorados
Vira Corrido
Senhora Da Abadia –Abade Neiva
Vitor Santos
Fontes: Arquivos da Associação Migrante de Barcelos
Fotografia: Carmo Monteiro
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