Autoavaliação Profissional
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Autoavaliação Profissional

Os diversos tipos de avaliação existentes nas organizações que prezam o gerenciamento na gestão de pessoas podem colaborar significativamente, ao examinar a competência, entre outros aspetos, estabelecer novas e progressivas metas de produtividade, e ainda, com o merecido destaque, proporcionar maior estímulo ao desenvolvimento do profissional que aproveita cada detalhe percebido em sua apreciação. Mas é possível (bem provável) que haja discordância acerca de tal avaliação.

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A divergência pode ocorrer em razão da negação que se estabelece defensivamente no psiquismo da pessoa, ou seja, não se aceitam certas críticas sobre pontos negativos, ainda que elas saltem aos olhos e sejam cuidadosamente apresentadas. Não me refiro ao ato de mentir para o avaliador, tentando escapar à observação, mas, a intrigante capacidade de mentir para si mesmo, fazendo do facto desagradável uma errônea interpretação a ser desclassificada.

Recorro às reflexões do professor Eduardo Giannetti, encontradas em seu livro “Autoengano”: “O fulcro (suporte) do autoengano não está no esforço de cada um em parecer o que não é. Reside na capacidade que temos de sentir e de acreditar de boa-fé que somos o que não somos”. Mais: “O autoengano não é a ignorância simples de não saber e reconhecer que não sabe. É a pretensão ilusória e infundada do autoconhecimento – o imaginar que se é sem sê-lo, o acreditar convicto que seduz e ofusca, a fé febril que arrebata, a certeza de saber sem saber”.
Será que nos conhecemos?

Vale ressaltar que agimos assim por causa da dor que advém de se enxergar mais legítima e verdadeiramente. Seria bom, contudo, que avançássemos no terreno da autoavaliação, tanto pessoal quanto profissional, a fim de crescer e assumir posturas mais maduras, haja vista tal desenvolvimento gerar independência e sentido de responsabilidade diante dos nossos comportamentos ao longo da vida. Crescer dói. Mas pior é permanecer infantilizado e refém do autoengano.

Cumpre-se, portanto, investir na autoapreciação de forma permanente. Voltar-se para dentro de si próprio e aceitar gradativamente a existência das deficiências (e são muitas!). Eis então um ponto de partida para se empreender qualquer tipo de transformação, pois, aquele que se considera pronto ou suficientemente bom, tropeça na falsa crença e pouco se incomoda em modificar aquilo que não enxerga como tal.

Por outro lado, quando o trabalhador se autoavalia com coragem e admite certas fraquezas evidentemente presentes em si, pode, a partir de tal referência, e do incómodo que se instala, tomar o rumo que lhe aprouver, evoluir, por exemplo.

Daí, talvez, as avaliações gerenciadoras possam se harmonizar cada vez mais com o autoconceito do colaborador avaliado. O alinhamento entre os dois tipos de análise ganha em qualidade através do importante passo que se deve dar na direção da honestidade pessoal.

Armando Correa de Siqueira Neto
Psicólogo e Mesre em Liderança

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