John Oliveira
Entrevistas

John Oliveira

 

A história que vos vou contar começa antes do nascimento do seu protagonista. Uma semana antes de vir ao mundo, o seu avô passou para outra dimensão, mas parece ter deixado a sua maior habilidade, literalmente, em boas mãos. Uma espécie de herança artística que é, ao mesmo tempo, uma paixão. John Oliveira é um homem multifacetado, como vamos perceber nesta conversa, mas tal como o avô, que não chegou a conhecer, tem uma paixão pelas madeiras. Sentir o toque, o cheiro, perceber as suas potencialidades, extrair-lhe a beleza e, principalmente, torná-las úteis e funcionais. É carpinteiro, com orgulho, mas é também professor, licenciado em Sociologia “porque o High School Diploma não chegava”. Correu sempre atrás dos seus sonhos e continua a fazê-lo. Abriu, recentemente, o Ontario Construction Training Centre, como já tinha feito nascer a AzAnArt Woodworking Inc, juntando o melhor dos dois mundos na sua vida – a carpintaria e o ensino. Este homem nascido em Toronto, há 35 anos, que em menino ajudava os padres nas missas (era acólito) nas igrejas de Santa Helena, Santa Maria dos Anjos e Santa Inês, é hoje casado e tem dois filhos. Entrega-se à sua profissão com uma frase sempre no pensamento, que lhe guia o caminho – “faz o que gostas e nunca trabalharás”. John Oliveira, numa troca de emails para lá da entrevista, transmitiu-me uma das mensagens mais lindas, que li nos últimos tempos, Não resisto em partilhá-la convosco – “no meu coração sou marceneiro, mas a história que nos torna quem somos é importante para que eu deixe uma boa impressão para minha família e filhos, um dia, quando eu partir. Espero poder ser lembrado com boa luz”. Não tenho dúvida que serás.

 

↑ John no seu Ontario Construction Training Centre Inc.(foto: Mike Neal)

 

Em criança… o que é que sonhavas ser?
Primeiro queria ser jogador de basquetebol, mas como não tenho seis pés e meio, já ia ser difícil. Mas fora disso eu sempre gostei de trabalhar com as minhas mãos. Um dos meus avós, que faleceu uma semana antes de eu nascer, adorava as madeiras. Assim, trabalhar com as mãos e fazer várias coisas. Ele fez a cozinha na casa dele e outras coisas. Era o pai do meu pai. E o meu pai contava que ele dizia que quando foi para a reforma, só queria aprender essa arte de trabalhar com madeira e fazer mobílias e tudo. E eu com aquela história também comecei a ajudar meu pai assim, à volta da casa, a fazer várias coisas e comecei a ter um amor para o trabalho, a fazer coisas que amava.

Concretamente, a carpintaria.
Sim, carpintaria. Portanto, foi sempre uma coisa que eu disse que se tinha que aprender uma profissão, uma arte, teria que ser trabalho com madeiras.

 

 

Mas quando começaste a aprender? Formaste-te para seres carpinteiro ou aprendeste essa arte a trabalhar e a ver outros a trabalhar?
Na escola secundária tínhamos, aqui em Toronto, várias oportunidades para aprender uma profissão. Fosse carpintaria ou mecânico de automóveis ou qualquer coisa. A escola onde eu andava ofereceu um curso de carpintaria e construção e eu comecei, já na escola, a aprender e também a entrar em competições que eles tinham.

Portanto, digamos que traçaste o teu caminho desde muito cedo. Sabias desde muito cedo o que é que querias ser.
Foi cedo, mas também eu estive naquele grupo de estudantes para quem o High School Diploma já não chegava. Tínhamos que ter mais alguma coisa, um certificado, um degree… se não seguíssemos para a universidade ou para o College, as oportunidades eram menores. Não era bom para o nosso futuro. Naquela altura, em Ontário, no High School havia dois ramos e tinhas que escolher – ou seguias o ramo profissional e ias para o College ou seguias o ramo académico e ias para a universidade. E eu segui o académico.

Então, foi aí que tu foste tirar o diploma de sociologia na universidade, não é? E porquê sociologia? O que é que te cativou nessa área?
Olha, para dizer a verdade, naquele momento na minha vida eu só sabia que eu tinha interesse em coisas que estavam a acontecer no mundo inteiro. Eu via coisas nas notícias e o que se passava no mundo interessava-me. Queria perceber melhor o porquê das guerras e outras coisas acontecerem.

Tentaste perceber o mundo. Tentaste perceber como é que as pessoas no mundo se ligam umas com as outras?
Sim, isso, mas continuava a ter interesse na carpintaria. E depois, também porque eu jogava basquetebol e vários outros desportos na escola, eu queria seguir um scholarship. E o meu treinador naquele tempo disse: “John, se tu não entrares na universidade, isto vai ser difícil de arranjar”. Portanto, foi tudo junto, não só por causa do desporto, mas por saber que tirar um curso na universidade era importante para a minha vida. Caso eu não o fizesse, eu sabia que estava a limitar as minhas oportunidades.

No fim de contas, quiseste arranjar mais ferramentas para a tua vida que não fosse só a ferramenta da carpintaria, não é? Mas John, muito antes dessa fase da tua vida viveste uma experiência que te marcou – durante uns meses viveste em Portugal e até frequentaste a escola lá. Que memórias tens desse período da tua vida?
Naquela zona de onde são os meus pais (Murtosa e Veiros) a vida lá era mais virada para a agricultura. Veiros (terra da minha mãe) era uma freguesia pequena e, portanto, muito diferente daquilo que era a vida na grande cidade que era, já nesse tempo, Toronto. Portanto, tive que ajustar-me a uma vida muito diferente. Não que fosse difícil, mas era uma vida diferente. A minha avó tinha vários animais e fazia a horta dela. Eles comiam os vegetais que produziam e tinham os animais também, ou seja, viviam uma vida muito diferente do que era a nossa vida em Toronto. Aqui se quiséssemos vegetais ou fruta tínhamos que ir à loja comprar. Eu comia a fruta que havia no quintal da minha avó. Ela tinha uma laranjeira pequena, tirava-se uma laranja da árvore e comia-se. Nunca comi uma laranja assim tão boa na minha vida. Porque aqui a gente compra as frutas e a maior parte delas são produzidas em estufas. O sabor é diferente, o sabor é completamente diferente.

Estiveste em Portugal por volta de cinco meses e tiveste oportunidade de frequentar lá a escola. Como é que foi? Não tiveste problema com a língua portuguesa, nessa altura?
Foi quando eu comecei a aprender mais, eu sempre falei português com os meus pais em casa, mas foi nessa altura que aprendi mais. A verdade é que depois, já em Toronto, trabalhei sempre com portugueses. Trabalhei numa empresa portuguesa e a maior parte dos empregados eram portugueses e todos os dias a gente falava em português e eu praticava um bocadinho. Mas como agora já não trabalho tanto com portugueses, já estou a perder um bocadinho mais.

Mas que balanço fazes desses meses em Portugal?
Nós não fomos para lá para ficar. Fomos para termos uma experiência de vida. Foi uma ideia da minha mãe e para mim foi a melhor experiência da minha vida, porque aprendi outra maneira de viver, diferente do que se vivia em Toronto. Eu tenho um amor a Portugal até agora, que um dia quero reformar-me e ir para lá. Eu até ia já se a minha mulher fosse, mas… (risos). Eu gosto muito de Portugal e penso que isso vem por causa daquela experiência de criança. Foi isso que me deixou este amor. Mas eu também penso que por causa da maneira que os meus pais nos criaram, sempre falar português em casa, nós nunca perdemos as nossas raízes.

Mas como era a tua vida em Toronto, quando regressaste de Portugal?
Bom, na escola secundária foi muito, muito desporto. Eu adorava desporto, mas ajudei sempre o meu pai. O meu pai tinha uma oficina de automóveis chamada “Torreira Import Auto Service”, que ele abriu no centro de Toronto com meu tio Tino (do lado da minha mãe) depois de deixar a carreira na construção. Ele antes era carpinteiro e eu ia lá aos fins de semana ajudar a trabalhar um bocadinho. Sábado de manhã limpava a oficina ou ajudava a arranjar carros. Com 14 ou 15 anos podias dar-me um carro e eu mudava o óleo, via os travões… portanto, quando eu entrei na escola secundária, os meus professores, davam-me às vezes um grupo de alunos e eu mostrava-lhes como é que se faz uma mudança de óleo, os travões e depois eles verificavam. Ou seja, eu com 14 ou 15 anos comecei a dar aulas (risos), já naquele tempo. Mas depois de 18 anos de negócios, o meu tio e meu pai não se davam bem. O meu pai vendeu a sua parte do negócio ao meu tio e saiu para voltar à construção. Eu estava no ensino médio quando isso aconteceu. Meu pai voltou então a trabalhar na construção e acabou onde começou, como carpinteiro em projetos de pontes. Depois de alguns anos, ele aleijou-se no trabalho e não conseguiu trabalhar mais. Os meus pais sempre deixaram claro que nos apoiariam em qualquer decisão que tomássemos na vida e que sempre teríamos um teto sobre nossas cabeças e comida na mesa. Fora disso éramos muito independentes. Como éramos 4 filhos, o que era para um, valia para todos, então os meus pais deixaram claro que não tinham condições de pagar, para todos, os nossos estudos. Todos os meus irmãos pagaram os seus próprios estudos e eu só consegui os meus estudos porque trabalhei sempre.

 

 

Mas então como conseguiste tirar a tua licenciatura em Sociologia? Sempre a trabalhar?
Comecei a trabalhar muito jovem, talvez com onze ou doze anos, na oficina do meu pai nos fins de semana, como já disse. Depois, mais tarde, trabalhei para meu padrinho cortando relva no verão. Aos quinze anos trabalhava na Canadian Tire, depois da escola. Durante meus primeiros dois anos como aprendiz, trabalhei em tempo integral numa marcenaria e meio período na Canadian Tire (sexta, sábado e domingo), fiz isso ao mesmo tempo que estudava na Ryerson University. Depois de ter tirado a minha licença de marceneiro, aos 22 anos, comecei a trabalhar em casas para mim mesmo e fazia armários na garagem dos meus pais quando precisava. Explicando mais concretamente – quando saí da escola secundária fui aceite na Ryerson University, para estudar sociologia. Mas, naquele verão, comecei a trabalhar já com um amigo da família, a começar a fazer a carpintaria de molduras, instalar molduras, pendurar portas etc. Cheguei a setembro e disse: “eu não sei se este tipo de construção é para mim”, porque eu estive a trabalhar numas situações, que aquilo para aprender foi difícil. Aquilo era sempre a andar para a frente. Não é para parar. E para aprender um bocadinho é preciso mais um bocadinho de tempo e não vais chegar a aprender tudo, de repente, naquelas situações. Assim, aprendi instalar molduras e portas. É uma arte também que precisa muita atenção e é preciso um bocadinho de tempo para começar a fazer e praticar. Mas naquela empresa, não dava. Portanto, naquele verão, não ganhei muita experiência, não é? Às vezes acontece. Mas bom, chegou setembro e estava registado para começar na universidade. Comecei os estudos e eu tive um acidente de carro que me deixou de uma maneira tal, que eu não podia seguir para a frente. Então, naquele momento, eu meti os meus estudos, de certo modo, de lado. Mais tarde recomecei em part-time. Um dia fui dar uma volta de bicicleta e passei numa empresa de Kitchen Home Design e disse a mim mesmo: “Sabes de uma coisa? Eu vou lá dentro ver se eles precisam de alguém para trabalhar”. Entrei e disse: “posso falar com o dono? Queria ver se vocês tinham uma oportunidade para eu aprender a trabalhar com madeiras e carpintaria”. Expliquei que já sabia usar várias máquinas, que já tinha um bocadinho de experiência. E o dono disse: “eu não estou à procura de ninguém, mas como tu vieste cá e eu estou a gostar agora da maneira como estamos a falar, eu vou-te dar uma chance. Quando é que queres começar? Olha, posso começar para a semana?”. Entrei. Comecei a trabalhar durante o dia, mas continuei os estudos à noite e fiz isso dois anos e meio, três anos, a estudar e a trabalhar. A determinada altura tive que falar com a empresa para ver se eles me deixavam continuar os estudos a trabalhar dois ou três dias por semana para poder ir às aulas porque havia certas aulas que eles não davam à noite. E o patrão deixou. Ele disse: “é melhor ter-te aqui do que tu ires embora, porque eu sei que tu queres acabar os estudos”. E ele deixou. E foi assim. Eu acabei os estudos dessa maneira. Assim. A trabalhar dois ou três dias por semana e depois acabar os estudos da universidade.

E quando é que começaste a dar aulas? A ensinar outros? Quando é que isso tudo começou?
Só depois de ter a licença de marceneiro. Tu precisas cinco anos, no mínimo, de trabalho. Portanto, quando eu fiz a aplicação para o Teachers College, eu já tinha as horas que era necessário para fazer a aplicação para o programa. E foi aceite. Naquele momento, eu tive que decidir. Ou eu tenho que seguir a estudar assim, ou para acabar tudo eu vou sair desta empresa. E tive que sair da empresa, porque não dava. Eu saí, mas naquele momento eu já tinha vários biscates ao fim de semana. Porque quando trabalhas numa profissão assim, há sempre alguém que queira qualquer coisa, não é? E quando eu decidi deixar o trabalho, eu disse: “olha, vou abrir a minha empresa e vou trabalhar por minha conta”. E comecei aos 22. Aos 22 anos comecei a trabalhar por minha conta.

E as aulas? Quando é que começaste a dar aulas?
Eu acabei o Teachers College aos 25. E depois para ser aceite no Toronto School Board tive de fazer uma aplicação. Entretanto, comecei na LiUNA Local 183, mas não a dar aulas, foi para ir falar sobre as oportunidades no centro de training que a LiUNA tinha. Só mais tarde dei aulas no Training Cetre da Local 183. Estive lá três anos e meio, quatro anos. Mas quando saí, o Toronto School Board já me tinha aceitado.

Foi então que te dedicaste às aulas, não é?
Tu tens que entrar primeiro como instrutor de contrato. Chama-se ocasional. Tu podes dar aulas fazendo substituições ou assim. Mas eu não tinha interesse naquilo. Para mim só tinham interesse os contratos mais duradouros, em que eu ia para uma escola e ia estar lá meses. Eu não podia planear a minha vida assim, dia a dia. Não tinha vida para isso. Entretanto eu tinha casado e começámos a ter filhos. E o dinheiro tem que entrar e o que eles pagavam naquele regime não chegava para viver. Como tinha trabalhos de renovações, cozinhas para fazer, quartos de banho também… primeiro dava atenção a isso e só depois olhava para a hipótese de dar aulas. Só podia fazer isso quando surgia uma oportunidade de ter um contrato de um ou dois meses. Aí sim, eu aceitava.

 

 

Voltando agora ao momento atual, aquilo que estás a fazer hoje ou que queres fazer hoje. Entretanto, a tua empresa desenvolveu-se na área da construção. Fizeste alguns trabalhos e agora estás num ponto de viragem outra vez, não é?
Eu quando tirei a licença para ser professor e quando eu abri a minha empresa, AzAnArt Woodworking Inc, foi porque eu tenho amor às duas coisas. Eu gosto das obras da construção e fazer coisas, madeiras, carpintaria. Mas também quero deixar aqui uma história para poder olhar para trás e dizer que eu ajudei a fazer qualquer coisa, antes de embarcar para outro mundo. Ter a empresa e depois tirar a licença para ser professor foi sempre com ideia de abrir um centro de treino e uma escola de competências profissionais no mundo da construção (carpintaria e não só). E, portanto, candidatei-me a programas do governo para ter a minha própria escola de formação e o meu projeto foi aceite. Criei o Ontario Construction Training Centre Inc. (OCTC). Assim, no futuro, como é difícil encontrar empregados daqueles que têm gosto pelo trabalho da construção, isto também pode ser uma opção de trazer alunos para cá a ver as habilidades e o gosto que eles têm por este tipo de trabalho. E depois, se tiver obras ao lado para seguir com o meu negócio, posso metê-los a trabalhar na minha empresa de construção.

Portanto acabas por juntar as duas coisas que mais gostas de fazer, não é? Tu disseste há pouco que és casado e tens filhos? Quantos filhos tens?
Uma filha com 3 anos e meio e um rapaz com um ano e meio.

Como pai, o que é que tu gostavas de passar aos teus filhos? Que valores? Que princípios é que tu achas que são importantes passares aos teus filhos?
Primeiro tem que ser: respeito e coragem. Eu acho que não se pode fazer nada sem coragem. Porque há momentos na vida que tu queres deixar tudo. Meter a cabeça para baixo, mas não dá. Tens de seguir para a frente. E para ter sucesso tem que se ter coragem, mas também tem que se ter o poder e o gosto de trabalhar. Gosto de ser o que queres ser na vida? E se não tiveres coragem e deixares de seguir o teu sonho, não aprendes nada nesta vida. Life is more to learn.

Aprende-se mais quando se enfrentam os tormentos da vida, é isso?
Sim, nos tormentos da vida há mais para aprender. Há que estar sempre a seguir para a frente. Eu acho que é triste quando tu vês uma pessoa que se deixa abater em qualquer momento mais difícil na vida dele.

Estou a lembrar-me de teres dito que tiveste um acidente que eu imagino que tenha sido traumatizante, porque a maneira como falaste deu-me essa impressão. Não sei se só em termos físicos, se em termos psicológicos também. Foi aí que tu percebeste que tinhas que ter coragem para avançar?
É… pode ser, pode ser. Naquele momento não sei, mas eu tive sempre na minha vida o exemplo do desporto. Os treinadores metiam na nossa cabeça a ideia de que não se pode desistir. “That is a challenge. I don’t give up”.

Não se pode desistir no momento dos desafios que a vida nos põe à frente.
Exato! Espero poder passar este espírito e esta força aos meus filhos. Quero passar-lhes esta imagem de pessoa corajosa, de pessoa que que enfrenta a vida e aquilo que a vida lhe apresenta, não é? E quando a vida bate assim de uma maneira que tu queres baixar a cabeça, é importante saberes dizer a ti próprio que não podes. Sempre para a frente e sempre seguir o que tu queres na vida. E de uma maneira ou de outra tu vais conseguir. Porque quando tu tens aquele amor ao que tu estás a fazer…

 

 

Tu, aliás, tens no teu website a frase que eu penso que se calhar é aquilo que te orienta na vida – “Quando tu amas o que fazes, nunca trabalhas”. É esse o teu princípio de vida?
Sim, isso é verdade. Tu tens que ter amor ao trabalho. Quem está a fazer o trabalho e não ama o que faz… para mim não vai poder fazer o trabalho assim tão bem feito. Porque quando tu tens amor a alguma coisa, tu metes tudo o que tu tens naquilo que tu estás a fazer. Quando acabo, por exemplo, uma cozinha ou quando faço uma obra para uma pessoa eu tenho aquele gosto de sentir os meus clientes adoraram o meu trabalho e que vão poder desfrutar dele… para mim aquele momento é tudo. Tu começas com uma ideia e quando o trabalho passa pelas tuas mãos e começa a ganhar vida nas mãos de outros. Eu não sei explicar…

Tu construíste recentemente uma casa para a tua família, perto de um lago. Tanto quanto sei aquilo foi uma aventura. Foi das tais paixões que te fizeram andar para a frente?
Foi uma das obras mais difíceis até agora, porque é numa zona que realmente não há pessoas para trabalhar. Tinha que fazer quase tudo sozinho, se encontrava alguém para fazer ou eles não tinham os requisitos para o trabalho ou iam para lá umas horas e depois metiam-se à pesca ou qualquer coisa (risos). Mas também foi num momento da minha vida em que a minha filha nasceu e eu, em lugar de estar perto dela para a ver a dar os primeiros passos, estava lá em cima a trabalhar. Às vezes, ia para lá uma semana de cada vez ou aos fins de semana e perdi muito tempo com os filhos, mas fiz uma obra que agora dá prazer vê-los lá a brincar e a divertirem-se dentro do espaço e da casa. Para mim foi um momento em que disse “hard work pays off”. Se fazes as coisas com amor e paixão, por momentos até podes pensar que não vale a pena, mas no final tudo compensa.
woodazanart.com

Redes Sociais - Comentários

Botão Voltar ao Topo