David Soares: Os Ossos do Arco-Íris
Autor Português

David Soares: Os Ossos do Arco-Íris

 

David Soares e “Os Ossos do Arco-Íris”. Um livro sublime, de uma crueza absolutamente sobranceira. Um livro tornado perdurável.

Sinopse: Uma vila assombrada por um misterioso visitante, vestido de negro, que traz consigo matilhas de cães. Uma alma prisioneira num corpo imprevisto que se transforma em algo que não deveria existir. Uma criatura fantástica que descobre a sua identidade com a ajuda de um inabilitado. Associando fantasia, realismo mágico e horror, David Soares convida-nos para uma viagem que não voltaremos a esquecer.

A obra divide-se em três contos: Cara – em – Obras, Hinos a um Ser Superior, Os Ossos do Arco-Íris. As histórias da vida airada, ortografadas com uma intensidade descritiva fora do comum. O horror arreigado, como facas espetadas no peito. A prosa de David Soares é viciante, fora da pele, que escapa à existência habitual do leitor. A narrativa singular a servir de epígrafe

 

Escrivaninha de livros

 

Revista Amar - David Soares Os Ossos do Arco-Íris

Cara–em–Obras

“Os bebés de gesso encontravam-se recheados com pedaços de pequenos animais que capturara no jardim do instituto e trouxera para casa: ratos ou pássaros. Fervera os corpos e descarnara os ossos que lavara e usara em vez de arame para fazer a estrutura das suas miniaturas. Eram os seus filhos. Os seus meninos tão perfeitos. Sem cabeça.” – David Soares, in “Os Ossos do Arco-Íris”

Hinos a um Ser Superior

“O choque paralisou toda a gente. Rocha apanhou o pêlo do animal e arrancou umas mãos-cheias sem conseguir livrar-se do seu ataque. Caiu e vomitou uma bola de sangue. O esparrinhar do líquido sobre o sobrado foi a deixa para que os outros visitantes gritassem e fugissem. O segurança correu na direção do atacado, mas parou antes de chegar perto do cão. Julia gritava, encostada ao vidro do tanque do tubarão. Crioulo ergueu a cabeça e mostrou um focinho cheio de carne à mulher, antes de mastigar.” – David Soares, in “Os Ossos do Arco-Íris”

Os Ossos do Arco-Íris

“Quando terminou, os restos sangrantes do corpo de Marisa escorreram vagarosos para o plástico que cobria o chão da cozinha. Sobre a pedra, um bolo de vísceras e osso libertava um odor a ferro e matéria fecal. O esqueleto aproximou-se e apanhou-o. Pedaços caíram ao chão no caminho para a banheira e ele ainda demorou muito tempo a apanhar todos os fiapos amachucados de cima da pedra pintada de pompadour – carne – e a deitá-los para o chão.” – David Soares, in “Os Ossos do Arco-Íris”

Histórias perturbadoras – ligadas ou não, normais ou desviadas, do quem se lembra –, descrições doentias, frases maravilhosamente trabalhadas, de bradar aos céus. Conversações embrulhadas em papel de elogios.
A agitação. O medo. O afeto íntimo e profundo. Para os amantes do horror a perder de vista, David Soares é o autor protegido.

André Marques

facebook.com/livrosemrodape

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