O passado no presente organizacional
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O passado no presente organizacional

Revista Amar - O passado no presente organizacional
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Ao comparar o nosso longínquo passado e o presente, percebe-se notória semelhança entre os comportamentos humanos pré-históricos e contemporâneos, observáveis, curiosamente, na vida organizacional. Tal perspetiva provoca interessante reflexão, pois ela configura uma situação inusitada ao levar em conta a influência do ontem no hoje das pessoas no quotidiano profissional cujo resultado pode fazer diferença na hora de se investir na gestão de pessoas.

Há aproximadamente 35.000 anos, coexistiram os homens de Neandertal e Cro-magnon, que se diferenciavam por algumas características: neandertais viviam em clãs nómades e sua estratégia de caça para a sua vital manutenção resumia-se em cercar um dado animal (normalmente grande e perigoso) e atacá-lo usando o contato direto. Alguns restavam ilesos ou se feriam levemente e o restante morria pela gravidade dos ferimentos – tais factos foram comprovados através da análise de esqueletos neandertais com as evidentes marcas e fraturas. O combate era próximo e letal. O homem de Cro-magnon também perambulava e vivia em clã. Todavia a sua estratégia de caça diferenciava-se significativamente, pois os ataques aos animais contavam com certa lonjura. A luta era distanciada e mais segura. Ambos os modelos estratégicos funcionavam, mas só um usou da salvaguarda lógica planejada para garantir menor dano pessoal e continuidade ante a inevitável luta pela sobrevivência.
Nos dias atuais, ao ponderar sobre as estratégias de se lutar no competitivo mercado, o embate ocorre, basicamente, de duas maneiras: física e intelectualmente. Há aquele que age usando bem mais a força, acordando muito cedo; visitando um número considerável de clientes; persistindo obstinadamente (em alguns casos) aos inevitáveis reveses; executando quase mecanicamente as tarefas diárias, por exemplo. A chance de o negócio vingar existe, é claro, porém o risco de fracassar ganha pontos no gráfico estatístico. (Tal facto é realçado por especialistas que recomendam enfaticamente a ideal preparação e reciclagem por parte dos novos empreendedores e colaboradores.)

Por outro lado, existe aquele que pode madrugar também, contudo ele se focaliza intelectualmente em julgar o mercado por meio da pesquisa, análise, planejamento, execução e avaliação, direcionando os esforços de maneira mais económica, mais precisa e mais segura; pode agir maquinalmente também, em parte que seja, em relação a algumas operações quotidianas, mas lhes dá vida ao combinar ação e sensibilidade, além de se preocupar em melhorar tais movimentos.

Então, vê-se o passado no presente organizacional, revelando similaridade na forma de o homem se comportar em relação à sua sobrevivência, hoje, notadamente profissional (saliente-se a aptidão que disso resulta na seleção natural cuja informação se faz imperativa para as próximas gerações). Entretanto, caminha-se, cada vez mais, a diferentes demandas evolutivas e, portanto, requer-se mais. Bem mais. Cumpre-se adotar nova postura reflexiva através da autoavaliação (o autoengano nos faz crer grandes quando somos inequivocamente pequenos), a fim de aprimorar-se ainda mais. Do contrário, a estagnação causada pela soberba ou acomodação devorará, aos poucos, as oportunidades de progressão. Logo, impõe-se a perguntar: como será o presente no futuro?

Armando Correa de Siqueira Neto

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