Há duas maneiras de saber se o intestino está bem ou mal
Saúde & Bem-Estar

Há duas maneiras de saber se o intestino está bem ou mal

Metade da população desconhece os sintomas do cancro do intestino e, a cada dia que passa, morrem 11 portugueses por causa da doença. O rastreio é feito com uma colonoscopia ou através da pesquisa de sangue oculto nas fezes.

Perda de sangue nas fezes, alteração persistente dos hábitos de funcionamento do intestino com prisão de ventre ou então diarreia, dores abdominais frequentes, sensação de que o intestino não esvazia, perda de peso e cansaço sem razão aparente. Qualquer um destes sintomas é motivo para marcar consulta com o médico de família. É necessário despistar causas e perceber se há algum problema de saúde.

Há duas formas de rastreio do cancro do intestino. “Uma através de colonoscopia total, a ideal, porque o médico consegue visualizar, em tempo real, todo o intestino da pessoa e até se houver algum pólipo poderá ser, eventualmente, extraído no ato”, adianta à NM Vítor Neves, presidente da Europacolon Portugal – Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo.

A pesquisa de sangue oculto nas fezes também é uma maneira de verificar se está tudo bem. “Através de um teste imunoquímico é feita de forma fácil, adequada e higiénica, a colheita de fezes para um pequeno kit, que será enviado ao laboratório. E se a resposta for positiva, portanto, se indicar que há resíduos de sangue nas fezes, o utente deve efetuar uma colonoscopia total ao intestino no prazo máximo de três semanas.” Este teste, pesquisa de sangue oculto nas fezes, deve ser repetido de dois em dois anos.

O Norte e o Centro do país registam a maior incidência de cancro do intestino. Lisboa e Alentejo têm a maior taxa de mortalidade.

Todas as pessoas com mais de 50 e menos de 74 anos devem efetuar o rastreio do cancro do intestino, exceto se tiverem indicações em contrário. E todas as pessoas com familiares diretos que tenham tido cancro do intestino devem efetuar também o diagnostico precoce, através de colonoscopia total para despistar a eventual origem genética da doença.

“Em Portugal continuam a morrer 11 pessoas por dia com essa doença. Não aconteceria se houvesse um rastreio de base populacional à população-alvo. É fácil, de custos reduzidos e já provada em toda a Europa a sua eficácia”, refere Vítor Neves que lembra que a 16 de dezembro de 2016 foi publicamente anunciado o início do rastreio. “Mas, infelizmente, até à data, e por várias razões, ainda não está implementado de forma sistemática e populacional em todas as administrações regionais de saúde do nosso país. Vive de atitudes voluntariosas e brio profissional de alguns médicos e gestores do SNS. Tarda a que seja uma realidade que contribua para a diminuição dos oito mil casos novos por ano, que é um caso de saúde pública.”

“A realização das colonoscopias, de acordo com as recomendações internacionais, não está a ser cumprida. A falta de gastrenterologistas, a fraca resposta do SNS e as assimetrias regionais traduzem-se no flagelo nacional que é esta doença.” Lisboa e Alentejo são as regiões com a taxa mais elevada de mortalidade, o Norte e o Centro registam a maior incidência de cancro do intestino.

A Europacolon está a promover um rastreio, em março e abril, nas farmácias portuguesas através da pesquisa de sangue oculto nas fezes para pessoas com mais de 50 anos. Para prevenir e para diminuir a mortalidade em cerca de 16%.

Todas as formas de educação para a saúde são um elemento de prevenção da doença. Nesta parte, recomenda-se uma alimentação rica em fibra, com pouco ou nenhum sal, redução de açúcar e refrigerantes, menos ingestão de carnes vermelhas e abstenção do tabaco. Tudo isto e mais alguma atividade física e estão reunidas as condições para contribuir para uma diminuição da probabilidade de desenvolver um cancro no intestino.

A Europacolon existe há 12 anos e tem um conjunto de serviços gratuitos para a população e uma linha de apoio (808 200 199). Nos últimos anos, tem tentado que os vários governos entendam que a saúde tem de ser uma prioridade na política nacional. “Se assim fosse poupar-se-iam milhares de vidas, evitar-se-ia sofrimento aos pacientes e familiares e pouparíamos milhões de euros em tratamento de doenças avançadas. E assim iremos continuar incomodando em algumas situações, mas é a nossa missão”, defende.

Sara Dias Oliveira

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