Natalia Santos
Entrevistas

Natalia Santos

natalia santos

 

Nasceu a 7 de dezembro em Toronto e é a mais nova de 4 irmãos. Apesar de ter nascido no Canadá, cresceu num ambiente cheio de tradições portuguesa pois o pai, Manuel, é das Caldas da Rainha e a mãe, Uranea, é de São Roque, Pico. A influência cultural portuguesa teve um grande impacto na vida de Natalia que desde muito cedo começou a frequentar a missa, participar nas festas religiosas e a tocar clarinete na Banda do Sagrado Coração de Jesus, na Igreja Sta. Helena, em Toronto.

Natalia é mãe de Victoria de 14 anos, a quem incutiu com o seu marido, Steve Ferreira, os mesmos valores culturais que recebeu dos seus pais, tanto que o Steve e a Victoria “estão envolvidos na nossa comunidade porque dançam no Rancho Folclórico do Arsenal do Minho”.

Foi na Universidade de Toronto que Natalia tirou o curso de Project Management. O gosto e a escolha de uma carreira profissional na área da construção, deve-se ao facto do pai ter sido carpinteiro e os irmãos trabalharem na construção.

Depois de, aproximadamente, 13 anos de experiência em Property Managment e de Condominium Manager tinha chegado a hora de mudar de carreira e Natalia decidiu concorrer para o cargo de diretora geral da Magellan Community Charities onde poderia ajudar com a sua experiência profissional como, também, pessoal pois a sua mãe foi Personal Support Worker: “fui criada numa casa onde na nossa cultura é natural ver os nossos pais a tomarem conta dos seus pais idosos (…). A minha mãe antes de ser PSW, tomou conta do meu avô com os meus tios e a minha avó (…).”

Para começar o ano de 2024, a Revista Amar dá a conhecer à comunidade portuguesa Natalia Santos, o elo de ligação entre a direção e os vários comités e voluntários da Magellan Community Charities.

 

 

Revista Amar: Natalia, para aqueles que não a conhecem, fale-nos um pouco sobre si….
Natalia Santos: Sou casada e o meu marido chama-se Steve Ferreira e temos uma filha, Victoria Ferreira, de 14 anos. Eles estão envolvidos na nossa comunidade através do Rancho Folclórico do Arsenal do Minho onde ambos dançam… e a Victoria adora! Tenho uma cadelinha que se chama Duchess, que amo muito… mas amo mais a minha filha (risos). Gosto de viajar e tenho um grupo de amigas muito chegadas que se apoia muito. Gosto de desportos e assisto a jogos. Os meus pais são benfiquistas, mas eu queria ser diferente… então sou portista (risos). A minha filha pratica Equitação e eu gosto muito de a acompanhar… adoro vê-la todos os fins de semanas a andar de cavalo e como ela ainda joga hóquei, também a acompanho nos jogos… o meu tempo livre é para a Victoria. Tirei o meu curso em Project Management (Gestão de Projetos) na Universidade de Toronto. Gosto muito de Project Management, porque sempre gostei da construção, pois fui criada nesse ambiente. O meu pai era carpinteiro e os meus irmãos trabalham na construção, então é natural que goste muito da construção e interessa-me ver um prédio a ser construído de raiz.

RA: O facto da sua mãe ter trabalhado como PSW, Personal Support Worker, – tanto profissionalmente como a tomar conta do seu avô – fez com que olhasse para as necessidades dos idosos com outros olhos?
NS: Sim. Eu fui criada numa casa onde na nossa cultura é natural ver os nossos pais a tomarem conta dos seus pais idosos. A minha mãe antes de ser PSW, tomou conta do meu avô com os meus tios e a minha avó e foi essa fase que a inspiração a ajudar as pessoas idosas. Como eu era a mais nova de 4 irmãos, sempre que a minha mãe ia para Portugal cuidar do meu avô, eu ia também e via o trabalho que ela fazia a tomar conta do seu pai. Mas ela também olhou pela mãe de uns patrões que teve e a senhora também já tinha a sua idade. A minha mãe cuidou dela… levava-a às compras, ia ver um filme com ela ao cinema ou estava com ela ao fim de semana só para ser a companhia dela. O resultado de tudo isto foi ela tornar-se PSW. Como, desde criança estive envolvida e vi aquilo tudo, para mim é natural que nós temos que olhar pelos nossos pais. Quando a oportunidade surgiu de trabalhar na Magellan, eu pensei “vamos construir um lar para as pessoas idosas, as pessoas da terceira idade e isto é muito natural para mim”. E uma coisa é certa, nós temos que perceber que não é qualquer pessoa que pode fazer o trabalho de PSW. Os PSW são pessoas muito especiais! E vejo isso através da minha mãe, mas também através das pessoas que nós vemos nos lares. É um trabalho difícil e tem que ser uma pessoa que tenha compaixão. Lidar com pessoas idosas é diferente de lidar com crianças. Então, vendo a minha mãe com o meu avô ou, por exemplo, com a minha tia que não teve filhos e era a minha mãe que a ia buscar e a levava aos compromissos e consultas… isto é o que acho normal, muito normal! Uma coisa que via no meu avô e na minha tia, foi o facto de estarem muito confortáveis por saberem que a filha ou a sobrinha que estava a tomar conta deles falava a mesma língua, que a comida era portuguesa e da sua cultura e, portanto, acho que isso é uma coisa muito importante e é o que estamos a fazer com a Magellan, uma casa portuguesa, em que estamos a olhar para as pessoas da nossa comunidade e faz uma diferença enorme quando se está bem, em casa.

RA: Na altura que se candidatou à Magellan, o facto de ser um projeto para os seniores da nossa comunidade fez alguma diferença?
NS: Eu estava numa fase da minha vida onde queria mudar de carreira e esta oportunidade veio-me bater à porta (riso) e foi a oportunidade ideal, na altura certa. Trabalhar para a comunidade portuguesa e ter a oportunidade de fazer a diferença, especialmente, sabendo que estou a trabalhar ou a lidar com pessoas da terceira idade e pensei que “isto é uma oportunidade que não é qualquer pessoa que vai ter na vida”… é o que eu acho. Então, era uma oportunidade de participar na construção, em Property Management (Gestão de Propriedades), que tem a ver com habitação; trabalhar com diretores e stakeholders e fazer projetos onde as pessoas vão viver e morar. Com o meu historial profissional em Gestão de Propriedades e experiências que fui adquirindo ao longo da minha vida profissional, eu já tinha esse conjunto de competências e pensei em relação à Magellan que “está aqui uma oportunidade de uma nova edificação para construir um lar e habitação acessível para os seniores”, mas apesar de ser um sector completamente diferente daquele do que estava a fazer eu pensei que “é isto que vou fazer!” e fiquei muito entusiasmada! Outra coisa que me motivou foi a visão da Magellan em construir um lar, não só para cuidados continuados, mas também um centro que as pessoas de todas as gerações podem visitar e desfrutar todos juntos e eu gostei muito do facto de que não era só uma instituição…

RA: … vai ser mais do que uma instituição, vai ser, também, um ponto de encontro para a comunidade.
NS: Exatamente… vai ser uma casa da comunidade portuguesa, uma casa do povo português. Mas ainda sobre o meu conjunto de competências… eu vi que tinha a capacidade e usá-los para ajudar naquilo que fosse preciso para realizar o projeto, a Magellan e é o que estou a fazer. A Magellan é uma necessidade para a nossa comunidade! Como todos sabem, a nossa comunidade não tem um projeto como a Magellan. Para resumir, eu mudei para uma carreira profissional nova, mas ao mesmo tempo estava a fazer uma coisa boa para a nossa comunidade.

RA: Quais têm sido as suas funções dentro da Magellan?
NS: São muitas e todos os dias são diferentes… e não estão escritas num papel, pois tem evoluído e vai continuar a evoluir para que eu possa desenvolver o meu trabalho. Eu participo em muitas reuniões, com muitos grupos diferentes: participo nas reuniões mensais da nossa direção, nas reuniões dos nossos comités, nas reuniões mensais com o Ministry of Long Term Care (Ministério dos Cuidados Continuados) e também com o nosso operador, que é o Responsive Group…

 

 

RA: Qual vai ser a função do Responsive Group na Magellan?
NS: Vai ser a companhia que vai olhar pelo lar… pelas enfermeiras, pelos PSW, etc.. São eles que vão, basicamente, ser os gerentes e gerir o lar e também a habitação acessível. Então, tenho reuniões todas as semanas e passo muito do meu tempo em reuniões, mas o que as pessoas têm que entender é que a Magellan é um projeto enorme e que envolve muitas pessoas, muitos departamentos, muitas equipas. Para além das reuniões também faço o trabalho de escritório com o meu colega, o Richard Ramos. Quando recebemos as faturas ele tem que as aprovar e depois eu ajudo com a contabilidade e entrego tudo à contabilista e ela passa os cheques. Depois tenho a responsabilidade de levar os cheques aos signatários para que possam ser assinados a tempo de os pagamentos serem feitos dentro dos prazos. Também sou responsável pelos depósitos no banco, incluindo os depósitos das doações que recebemos.

RA: A Natalia, apesar de ter um vasto currículo, em algum momento sentiu que precisava de acrescentar mais algum curso para que pudesse desempenhar melhor as suas funções?
NS: Sim. Recentemente inscrevi-me num curso com a duração de 1 ano que é o Long Term Care Executive Leadership Certificate program. O que isso quer dizer? Este curso vai ajudar-me a desenvolver competências neste sector dos cuidados continuados que me ajudarão a preparar-me para o papel crítico de liderar um lar de cuidados continuados centrado na pessoa, com atenção à qualidade e à inovação, juntamente com competências de liderança e também a cuidar do bem-estar das nossas equipas a trabalhar na Magellan, então este programa certificado vai preparar-me para tudo isso e, portanto, está em andamento. Além disto, também tive o privilégio de participar em seminários e em conferências com o Responsive Group, que são excelentes pessoas e profissionais com quem trabalhar… eles são absolutamente espetaculares. O presidente do Responsive Group, Bill Dillane e a equipa dele têm feito um trabalho fenomenal, especialmente com apoio deles e têm nos ajudado, porque isto é tudo novo para nós e o que não sabemos, não temos como saber…

RA: … ninguém é obrigado a saber, e tem que se aprender com alguém.
NS: Exatamente… como toda a gente e é isso que tenho vindo a fazer.

RA: E o que tem feito para aprender sobre lares e cuidadados continuados?
NS: Durante o ano passado e recentemente, eu, o Richard e uma das nossas diretoras temos visitado lares de cuidados continuados com a equipa do Responsive Group e o objetivo das nossas visitas é ver como é que um lar funciona, como eles fazem as coisas funcionar com os recursos que têm… porque de um lar para outro as coisas são completamente diferentes e nós queríamos ver como é que eles fazem a nível de serviços, de programas, etc.. Numa das casas que fomos – que são casas -, eles têm um programa que se chama Butterfly Model, que é um programa dedicado a pessoas que têm demência e Alzheimer, que me deixou muito surpreendida e que gostei muito… na parte de fora de cada quarto dos residentes tem um tipo de uma caixinha, com um vidro, com fotos da pessoa que dorme lá e cada caixinha é a história daquela pessoa. Então, quem trabalha lá, ou vai de visita, antes de entrar naquele quarto pode ver as fotos… vamos dizer as fotos do João e vai ficar a saber que ele gosta de carros porque ele tem fotos de carros na tal caixinha. Ou seja, tu já entras naquele quarto a saber uma coisa sobre aquela pessoa e já tens um assunto para conversar com a pessoa e isso é lindo e incrível, porque cada pessoa tem uma história. Também vi uma senhora portuguesa sentada a dobrar os babetes que eles usam quando vão comer e estava toda contente por se sentir útil. Este modelo é muito bom para os seniores, porque entre muitas coisas eles envolvem os seniores e eles sentem-se úteis. Isso foi uma coisa que ficou comigo e como nós estamos a construir um lar novo, a Magellan, nós temos aqui uma oportunidade de implementar estas coisas no nosso.

RA: No fundo as visitas servem não só para aprender como funciona, mas também para selecionar as coisas boas que podem vir implementadas na Magellan.
NS: Exatamente, retirar aquilo que nós queremos no nosso e nós só queremos o que é bom para a nossa comunidade. É exatamente isso. Agora, em janeiro, vamos a London ver uma casa que, acho, abriu no ano passado. Em dezembro fomos a uma casa culturalmente dedicada aos residentes e uma coisa que me sobressaiu e adorei foi ver o diretor executivo – que foi quem nos deu a visita guiada – a cumprimentar toda a gente… fosse uma visita, um funcionário da casa ou um residente. Fosse quem fosse que passava por ele, ela dizia “bom dia” ou perguntava “tudo bem?” e as pessoas, especialmente as PSW e as enfermeiras andavam sempre com um sorriso… para quem conhece, sabe que o trabalho destas pessoas não é fácil, mas estavam todos contentes. E o que achei muito engraçado foi uma senhora, que está numa cadeira de rodas e que mora lá, que nos acompanhou durante a nossa visita, como quem estava a dizer “eu estou a mostrar-vos a minha casa”… aquilo foi mesmo emocional… às vezes sinto que os nossos seniores não têm o que merecem e que ainda há tanta coisa por fazer e nós podemos fazer mais por eles porque ainda somos novos!

 

 

RA: A nossa geração foi educada a sentir responsabilidade pelos pais e avós , mas sem ser uma obrigação… e não nos incutiram essa responsabilidade por palavras, mas pelo exemplo. Nós vimos as nossas avós a tomar conta das nossas bisavós, as nossas mães a tomar conta das nossas avós, é um ciclo. Os nossos filhos já não vão ter essa responsabilidade.
NS: É verdade… mas espero que a minha filha tenha, porque ela viu e vê o que faço pela a minha mãe. A minha mãe também já tem uma certa idade, ainda tem a sua independência, mas já há certas coisas em que ela precisa de mim, como por exemplo, levá-la às consultas por causa da situação da saúde dela e, além disso, ajudo naquilo que ela precisa. A minha filha como me vê a ajudar a minha mãe, eu acho, que a estou a incentivar e a dar valores como recebi em criança da minha mãe quando a via a ajudar os meus avós e tios. É a ver-me a fazer o que faço que ela vai perceber que é tudo muito normal. Alias, houve um tempo em que a minha mãe fez muito voluntariado no Abrigo e quando a Victoria tinha férias da escola, a minha mãe levava-a sempre com ela para o Abrigo e a Victoria convivia com as pessoas idosas e participava nos jogos e também almoçava com eles. Por isso é que acho que ela já tem valores, pois já está habituada a esse ambiente de ajudar as pessoas.

RA: Os meus filhos também viram o que fiz pela minha mãe e o que faço pelo meu pai, mas a vida hoje é diferente e cabe a nós fazer o melhor que podermos e depois nem todos os seniores querem ir para lares…
NS: … concordo e uma das coisas que nós aprendemos a participar nas conferências é o resultado de estudos que fazem sobre diversos temas e num desses estudos chegou-se à conclusão que a maioria dos Baby Boomers não querem sair de casa, mas se não querem sair de casa, tem que se ter um plano.

RA: Que progressos houve desde que falámos pela primeira fez, em 2022?
NS: Como é do conhecimento público, no dia 16 de setembro de 2023 tivemos o lançamento da primeira pedra na 640 Lansdowne Avenue. Nós estávamos muito entusiasmados pelo o dia ter finalmente chegado, mas também por vermos o nível de interesse da nossa comunidade e pelo prazer de ter a participação do nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; da Presidente da câmara de Toronto, Olivia Chow e outros dignitários.

RA: Representatividade dos 2 governos: português e canadiano…
NS: … exatamente, representação dos 2 países. Entretanto, a construção já está em curso, contudo a obra vai avançando consoante vamos recebendo as aprovações da câmara de Toronto. Estamos quase a finalizar o processo chamado Site Plan Approval, que assim que nos for entregue a câmara dá-nos o Building Permit para construir.

RA: Mas a escavação já começou…
NS: … primeiro limparam o terreno e só depois é que começaram a escavação e outras coisas que já se podiam fazer porque tínhamos autorização para o fazer, como preparar o terreno para depois darmos início à construção, que acho que vai começar brevemente, talvez na primavera porque agora ainda estamos no inverno e a terra está congelada, então temos que esperar. Por outro lado, o Comité da Construção ainda está a rever as propostas das companhias que se candidataram ao concurso público, mas já recebemos 75% de candidaturas para as várias áreas da obra. No final, o comité vai apresentar as 3 melhores propostas e fazer uma recomendação à direção da Magellan e só depois é que os diretores vão tomar a decisão final.

RA: O comité tem um processo ou diretrizes que vão ajudar a selecionar as propostas?
NS: Sim, o comité está a seguir um processo que foi designado. Quando esta parte estiver finalizada, vamos ter uma ideia melhor do orçamento da obra e só nessa altura é que vamos poder finalizar a parte financeira. Só depois de termos o orçamento final é que vamos perceber qual é o custo real da obra e então podemos prosseguir à parte final do financiamento do projeto.

RA: Depois de se iniciar a construção, quanto tempo vai durar?
NS: A duração da construção é de, aproximadamente, 36 meses… mais ou menos, porque todos sabemos que, às vezes, pode haver atrasos… atrasos acontecem e é normal, mas os 36 meses é o que prevemos.

RA: O Board of Directors, ou seja, a direção, também tem estado em constante evolução.
NS: É muito normal que uma direção esteja em evolução. Quem trabalha numa organização que tem uma direção, sabe que é normal. Porém, uma das coisas que eu queria mencionar aqui hoje, é que acho muito importante reconhecer os fundadores da Magellan, os diretores e os voluntários que já trabalharam pelo sucesso da Magellan. Eles todos fizeram um bom trabalho e nós estamos a continuar com esse bom trabalho. Acho que é muito importante deixar aqui o nosso apreço. Agora, o Board of Directors tem muitas pessoas novas e muito competentes.

RA: Mais trabalho, mais pessoas.
NS: Exatamente… muitas pessoas, competentes e profissionais que se completam mutuamente, incluindo ao próprio projeto.

 

Albano Martins Photography

 

RA: Quem são os novos diretores e quais são os seus respetivos comités?
NS: Nós temos o Comité de Governação que está a trabalhar em estatutos, regulamentos e muito recentemente fizeram os estatutos para o Conflito de Interesses para os diretores. Também organizaram para os diretores uma formação em Governação, que será feita brevemente. O Comité de Angariação de Fundos e o Comité de Marketing antes eram separados, mas agora estão a trabalhar lado a lado e estão a trabalhar arduamente para garantir que a comunidade esteja informada sobre o projeto e, também, a tentar angariar os 7 milhões de dólares que ainda faltam dos 15,2 milhões de dólares. O Comité Operacional está a trabalhar com o Responsive Group, no sentido de negociar com os contratos de gestão para o lar e também os contratos de gestão para a habitação acessível. Os novos diretores são: o John da Costa, que está no Comité de Angariação de Fundos; a Túlia Ferreira, que tem muita experiência em cuidados continuados, está no Comité Operacional, no Comité de Governação e no Comité de Angariação de Fundos; a Ofelia Isabel está frente do Comité de Angariação de Fundos e também está no Comité de Governação e ajuda no Comité de Marketing; o Gil Nicolau, está no Comité da Construção e o Vitor Silva está à frente do Comité de Marketing.

RA: Dos últimos meses, que mudanças destacaria?
NS: A maior mudança que houve veio do Ministry of Long Term Care que aprovou a Construction Funding Subsidy (Subsídio de Financiamento da Construção) e a regulamentação de zonamento foi resolvidos pela câmara de Toronto em outubro. Tivemos o nosso evento de inauguração no dia 16 de setembro e estamos a desenvolver uma estratégia de Marketing e Angariação de Fundos e estes comités lançaram a campanha das “Casinhas” em novembro.

RA: Durante o ano passado, 2023, comemoram-se os 70 Anos da emigração portuguesa no Canadá com alguns eventos a angariar fundos para a Magellan. Desses eventos, qual foi o montante angariado?
NS: Do concerto da Mariza, da festa no Nathan Phillips Square e outros eventos que foram organizados por pessoas como o Matthew Correia, foram angariados, aproximadamente, 63 mil dólares.

RA: A ajuda financeira é importante, mas a divulgação é igualmente importante. Acha que esses eventos ajudaram a dar conhecimento da Magellan à comunidade?
NS: A realidade é que há muitas pessoas, dentro e até fora da comunidade, que ainda não sabem do nosso projeto e acho que estes eventos ajudaram a chamar a atenção das pessoas para a Magellan. Nós vamos continuar a fazer muito marketing e campanhas que tragam consciencialização. Também vamos fazer séries educacionais onde todos os meses vamos falar de um tópico diferente como, por exemplo, o porquê da Magellan ser diferente dos outros lares. Um dos outros tópicos vai ser como escolher um lar para a pessoa de família ou amigo e como é o processo de inscrição. Todos os meses vamos escolher um tópico e falar sobre isso e vamos distribuir isso pelos nossos parceiros dos meios da comunicação social, como o Milénio Stadium, Correio da Manhã e outros para publicarem nos jornais, porque uma coisa que nós reconhecemos é que há um certo grupo etário que ainda lê o jornal. Como os mais jovens preferem o telemóvel e não lê jornais, vamos fazer essa comunicação através das redes sociais, partilhando os nossos artigos e séries educacionais. O nosso objetivo é conseguir alcançar mais pessoas através das nossas redes sociais, porque, mais tarde ou mais cedo vamos conhecer alguém que vai precisar de ajuda com um familiar e não vai saber como deve fazer ou qual é o processo ou como é que se faz a inscrição para a Magellan… e com estas séries educacionais vamos explicar isso tudo. A verdade é que este projeto é muito importante para a nossa comunidade.

RA: Como já falámos, em setembro tivemos a visita do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa que, com a sua comitiva, esteve presente no lançamento da primeira pedra da Magellan. Considera que a presença do Presidente da República Portuguesa ajudou a Magellan?
NS: Eu acho que ter a presença do Presidente da República e da comitiva dele naquele evento monumental foi muito importante e foi uma grande honra, mas não só para a Magellan, mas também para a comunidade portuguesa e para as pessoas que lá estiveram. Nós vimos o orgulho nas caras das pessoas, sobretudo dos imigrantes… eu sou luso-canadiana, mas para a minha mãe, que também esteve lá, foi especial. Nós vimos “aquele” orgulho nas caras das pessoas de ter o seu Presidente em terras canadianas.

RA: Pessoalmente, foi a demonstração clara que o Governo português reconhece os feitos e os esforços que a comunidade portuguesa está a fazer neste país, no estrangeiro e que, também, apoia este projeto!
NS: E eu posso dizer que, agora, estão a haver conversações entre certos diretores da Magellan e o Governo português para ver se há alguma maneira do Governo de Portugal ajudar a Magellan financeiramente… mas não está nada confirmado e, por agora, é a única coisa que posso dizer.

RA: Mas o que interessa é que estejam a haver essas conversas.
NS: Exatamente e o facto do Presidente da República Portuguesa ter vindo cá, resultou que o projeto Magellan fosse falado em Portugal na RTP, SIC, TVI… e agora até os portugueses em Portugal conhecem o projeto.

 

 

RA: Foi amplamente divulgado no mundo todo.
NS: Foi um momento grande e, como todos sabemos, o Presidente da República é uma pessoa acessível e do povo mas, especialmente, das pessoas idosas e nós vemos isso na televisão, quando ele vai a certos sítios em Portugal… ele tem compaixão genuína. É um individuo humilde e está à vista de qualquer um.

RA: É por isso que é conhecido pelo “Presidente dos Afetos”…
NS: E eu realmente admire-o por isso.

RA: Agora vamos falar das “Casinhas”, campanha de marketing que foi lançada no passado novembro no Consulado Geral de Portugal em Toronto. Como surgiu a ideia?
NS: A ideia foi do Vitor Silva. Ele apresentou a ideia à direção e os diretores gostaram muito da ideia e lançámo-la. Agora a nossa equipa de voluntários, como tu, estão a ajudar na distribuição das “Casinhas” pela comunidade portuguesa.

RA: E qual é o objetivo desta campanha.
NS: O objetivo é consciencializar as pessoas e a divulgação. Nós precisamos espalhar a palavra, para que as pessoas falem mais da Magellan e que divulguem também a outras pessoas que ainda não conhecem o projeto. Nós esperamos que os donos das empresas e dos estabelecimentos comerciais nos ajudem com isso e basta dar-nos permissão ou deixar-nos colocar uma “Casinha” no balcão.

RA: Para quem quiser deixar um donativo, como ou o que tem que fazer?
NS: A “Casinha” tem um QR Code e basta pegar no telemóvel, ligar a câmara que aparece o link onde se pode fazer uma doação online.

 

 

RA: Entretanto para 2024, qual ou quais são os objetivos que direção da Magellan pretende atingir?
NS: Angariar os fundos que ainda nos faltam. Já foi amplamente falado e anunciado que temos que angariar 15,2 milhões de dólares. Desse montante já angariamos aproximadamente 8 milhões, mas ainda faltam 7 milhões… e temos que angariar esse montante, o mais brevemente possível, o que vai dar muito trabalho. Além disto, estamos com os comités e os voluntários a trabalhar na organização de eventos. Não posso falar muito sobre isto porque ainda não temos datas, mas temos ideias. Também queremos fazer ligações com organizações e empresas fora da comunidade portuguesa. É importante falar com outras comunidades como, por exemplo, comunidade canadiana, que não sabem da existência deste projeto. Temos a oportunidade de ir além da comunidade portuguesa e estabelecer novas relações com as pessoas e é algo que precisamos de fazer.

RA: O projeto Magellan, já não é mais só um projeto… desde do dia 16 de setembro de 2023 que é uma realidade e a Magellan vai ser uma casa comunitária para a comunidade. Por outro lado, a nossa comunidade tem muitas associações e clubes comunitários… como é que pretendem fazer a ponte entre a Magellan e as associações e clubes?
NS: Para já, nós temos algumas associações que já ajudaram a Magellan com doações, ou seja, fizeram angariação de fundos nas suas festas, torneio, etc.. Um dos nossos objetivos para 2024 é ir a todas as associações e todos os clubes portugueses e falar sobre a Magellan aos seus sócios, porque nós sabemos que ainda há pessoas que participam nesses eventos, mas que não conhecem o projeto ou nem sequer nunca ouviram falar dele.

RA: As pessoas que frequentam as festas, nem sempre frequentam as associações e os clubes e vice-versa.
NS: Exatamente. Então, temos aqui uma oportunidade de ir a essas associações, a esses clubes, a essas festas, etc. e falar sobre o projeto e pedir às pessoas da nossa comunidade para nos ajudarem, particularmente agora em que precisamos mais do que nunca de angariar fundos! Esta é a realidade e estamos a trabalhar nesse sentido.

RA: Que novidades podemos esperar para este ano de 2024.
NS: A novidade é que nós vamos continuar ativamente gerir a componente de construção do projeto, ou seja, garantir que temos os profissionais certos na obra para que a construção se mantenha dentro do prazo e, sobretudo, dentro do orçamento… é igualmente importante sensibilizar e procurar mais apoio para o projeto dentro da nossa comunidade e é muito importante conseguirmos angariar os 7 milhões de dólares que faltam. Recentemente o Governo Federal anunciou que vai dar à câmara de Toronto 471 milhões de dólares para a construção de novas habitações na cidade e nós vamos candidatar-nos a esse subsídio, ou seja, pelo menos tentar receber algum montante para ajudar-nos com a parte da construção da habitação acessível.

RA: Para finalizar, convido a Natalia a deixar uma mensagem para a comunidade portuguesa.
NS: Existe um ditado em inglês que diz “it takes a village to raise a child”… but it also takes a village to care for seniors, que quer dizer “é preciso uma aldeia para criar uma criança”… mas também é preciso uma aldeia para cuidar dos idosos.

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