Estói, no barrocal algarvio
PortugalTurismo

Estói, no barrocal algarvio

estói - barrocal algarvio - revista amar (3)ói

 

 

O Algarve atrai pelas praias de areia fina, águas calmas e temperaturas amenas. Ainda fico surpreendida quando alguém me diz que costuma ir passar férias ao Algarve, já percorreu todas as lindas praias – de Monte Gordo a Sagres – mas nada conhece do barrocal algarvio.

O barrocal, isto é, toda a região compreendida entre o litoral e a serra, é caracterizado pela presença de elevações irregulares de cor esbranquiçada – os barrocos – que nunca atingem mais de 400 metros e são de origem calcária.

Quem conduz pelas estradas no interior do Algarve, depara-se por vezes com pequenas aldeias com nomes de origem árabe a lembrar a forte presença e o impacto civilizacional dos mouros que, durante oito séculos, se fixaram no país. A presença de noras em muitas quintas revela-nos o sistema de irrigação mourisca usado em toda a região, hoje quase em desuso.

O barrocal é muito atraente na primavera pela paisagem singular das amendoeiras em flor. Outras árvores, no entanto, são parte da vegetação endémica: azinheiras, figueiras e alfarrobeiras. Nos vales, são as laranjeiras e os limoeiros que se destacam. Abundam arbustos de pequeno porte como o medronheiro e, nas últimas décadas, os algarvios têm-se dedicado igualmente à cultura da vinha.

 

estói - barrocal algarvio - revista amar (1)

 

A cidade de Loulé e a aldeia de Alte, considerada a mais típica de toda a região, são exemplos do melhor que se pode encontrar no barrocal algarvio; todavia, escolhi para esta crónica um passeio muito bonito que se pode fazer no município de Faro, percorridos cerca de 20 km para o interior, na pequena aldeia de Estói.

Sugiro uma visita ao Palácio de Estói, um complexo de grandes dimensões constituído por uma casa senhorial e extensos jardins dentro duma propriedade rural. A quinta pertenceu ao marechal Francisco de Pereira Coutinho, ligado à alta nobreza do século XVIII. A construção do Palácio passou por várias fases e foi inaugurado em 1909, com grande pompa. Ao proprietário dessa época, José Francisco da Silva, o Rei Dom Carlos concedeu o título de Visconde de Estói. Foi posteriormente classificado como Imóvel de Interesse Público e o seu restauro feito na década de 1980, após ser adquirido pelo município de Faro.

Parte do Palácio foi adaptado a pousada de luxo, no ano de 2009. Em 2015, o grupo Pestana anunciou a aquisição dessa unidade hoteleira que foi integrada no conjunto “Small Luxury Hotels of the World”. Todavia, a Pousada do Palácio de Estói reabriu apenas em 2020 após notáveis obras de restauração.

Uma parte do palacete integra atualmente um pequeno museu para onde voltaram peças relevantes preservadas no Museu de Faro. O palacete pode ser visitado e ali se testemunha uma combinação dos estilos neo-clássico, romântico, barroco e rococó. No seu interior tem uma capela sineira e salas magníficas no estilo Luís XV, com azulejos antigos e tetos pintados onde figuram deuses e outros símbolos religiosos.

 

estói - barrocal algarvio - revista amar (2)

 

Os jardins estão escalonados em três níveis e combinam áreas com fontanários, escadarias, azulejos decorativos, mosaicos romanos e esculturas de figuras históricas. Diversas áreas para produção agrícola continuam a integrar o conjunto. Muitas árvores exóticas centenárias e pomares de citrinos atraem a atenção.

As altas varandas do Palácio de Estói, permitem-nos apreciar a paisagem do barrocal a perder de vista. Delas também se vislumbram as Ruínas de Milreu, as mais famosas ruínas romanas do Algarve, localizadas na vizinhança.

Pouco divulgado entre os portugueses, o interior do Algarve é mais conhecido pelos estrangeiros que desde há muitos anos ali constroem vivendas, compram quintas e palacetes. Restaurantes de comida tradicional com produtos da região atraem, cada vez mais,m visitantes nacionais, apreciadores de comida de qualidade.
O Algarve não se limita à sua costa de praias encantadoras. O barrocal é merecedor de visitas demoradas que nos permitem conhecer a história do país.

Manuela Marujo

Redes Sociais - Comentários

Botão Voltar ao Topo